Televisão, redes sociais e de
telecomunicação, telemóveis e empresas de comunicação: eis um universo de
possibilidades fascinante! De desenvolvimento cultural, de informação e
democracia. De divertimento, estudo e conhecimento. Mas também de despotismo,
de abuso de poder, de manipulação, de tirania e corrupção.
Estão em curso grandes manobras
que envolvem as televisões, os canais privados e a produção de conteúdos. Com
as televisões, vão as rádios, provavelmente jornais e agências noticiosas. Sem
falar da Net, dos grandes portais e das redes. As nossas liberdades, o
pluralismo da sociedade e a decência da nossa democracia estão em causa. A PT
que, com este ou outro nome, já se viu envolvida em várias histórias de
assombrar, está outra vez a tentar comprar, integrar e talvez vender! Observou
a RTP, olhou para a SIC e fixou-se na TVI.
Esta é a grande operação: a aquisição
da MEDIA CAPITAL e da TVI, a principal estação de televisão (em audiências), pela
PT (ou ALTICE ou Pharol ou MEO ou outra coisa). Fica tudo junto: televisão,
rádio, telefone, telemóvel, redes de distribuição e de transporte, produção e
distribuição de programas. Seria criado o maior grupo de comunicação com uma
força quase absoluta para orientar o mercado, criar regras e influenciar
governos. Os perigos são evidentes. Este grupo poderá no futuro determinar
preços e taxas, integrar ou expulsar do mercado, arruinar competidores,
condicionar a publicidade, impor regras, estabelecer padrões e tornar
obrigatórios os seus interesses. Assim como orientar a informação. O menor dos
riscos é o de abuso de posição dominante.
Perante isto, tal como tinha
acontecido com a aquisição da PT pela ALTICE, no seguimento da sua destruição
pelo governo de Sócrates e das trapalhadas sem fim com os brasileiros e o BES,
o governo tem receio de se exprimir, tem medo de defender os interesses públicos,
não sabe como zelar pelas liberdades, não consegue encontrar maneira de
explicitar a sua opinião e de por em prática uma política.
O PCP e o Bloco querem nacionalizar.
Estão convencidos de que o poder nunca é excessivo se for político, do Estado e
deles. Já se for de empresas privadas, muitas ou poucas, é sempre abusivo e
perigoso. Com estas opiniões não se vai muito longe. O PSD e o CDS querem que
esses sectores sejam privados e fonte de negócio. Assim, adianta-se pouco. O PS
é mais complexo. Ou antes, mais complicado. Porque já quis tudo e as suas
variedades, todas as hipóteses e os seus contrários. Favoreceu e combateu a
privatização, desejou e contrariou o monopólio de Estado, impediu e ajudou à
concentração vertical e horizontal. Tudo depende do dia, do ano, do chefe e
para onde está virado.
Prudentemente, a ANACOM chama a
atenção para os perigos, diz que não mas que também, não inviabiliza o negócio,
nem o aprova, sugere que os termos do negócio sejam alterados. O parecer da
ANACOM é facultativo.
A Autoridade da concorrência, que
vai ter de aprovar ou proibir, foge como pode, espera pela ERC, mesmo sendo já
evidente que a concorrência fica seriamente diminuída. O parecer desta
Autoridade é vinculativo.
A ERC é a mais patética. Dos
cinco membros, já só tem três, fora de prazo há mais de um ano, com mandatos
esticados por impotência parlamentar e covardia partidária. Dois votaram no
sentido dos pareceres técnicos dos seus serviços, enquanto o presidente se
absteve, o que finalmente foi uma decisão, que não sendo a favor favorece e não
sendo aprovação aprova! O parecer da ERC é vinculativo.
O Parlamento empurra. A aliança
do governo não tem pressa, pois os seus membros já perceberam que haverá
divergências entre os três.
O Governo foge e esconde-se, tapa
os ouvidos, vira os olhos, esconde a boca, fecha o nariz, abre os bolsos e
espera que passe. Mas lá que há perigos para a liberdade…
DN, 5 de Novembro de
2017
1 comentário:
Mas como é que num país de marinheiros, que correram Ceca e Meca e vales de Santarém, há tanta falta de coragem e domina a indecisão?! Até já penso que só navegámos por fome e chicote. Ou que, entretanto, perdemos os adereços principais como a inteireza e a coragem.
E lá vamos nós, povo que nada manda, com grande probabilidade, perder de novo. Abençoado país.
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