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Só
quando fui visitar o cemitério, há muitos anos, soube que o Padre François La
Chaise tinha sido o confessor do rei Luís XIV. As suas propriedades ficavam no
local onde hoje se situa este cemitério que, com quase 50 Hectares, é o maior
de Paris. Fundado em 1804, transformou-se num local de peregrinação. Muita
gente se passeia por ali a fim de visitar os seus ídolos. São mais de dois
milhões de turistas por ano! E os que querem ir para este sítio depois de
mortos, suprema honra para tantos, têm que se inscrever e ficar em lista de
espera! Desde Oscar Wilde ao Jim Morrison (ao que dizem, os túmulos mais
visitados de todos…), passando por marechais de Napoleão, combatentes das
guerras mundiais, heróis e mortos da Resistência, da Comuna de Paris e do
Holocausto! Não deve haver no mundo cemitério com tanta gente famosa e ilustre!
Quando por lá passeei, notei, no meu caderno: Molière, Balzac, Marcel Proust,
Paul Éluard, Collette, Benjamin Constant, Auguste Comte, Fernand Braudel,
Modigliani, Delacroix, Ingres, Rossini, Chopin, Yves Montand, Gilbert Bécaud,
Edith Piaf, Sarah Bernhardt, Maria Callas e Nadar, além de memoriais em
homenagem a Judeus, Muçulmanos, Cristãos, Protestantes, Anarquistas e
Comunistas, sem esquecer os famosos “Fédérés” (combatentes da Comuna de Paris
fuzilados em 1871), nem a filha de Karl Marx.