Luz em Serralves, Porto – Dominar e guiar a luz devem ser antigas ambições dos humanos. Organizar o espaço e os edifícios de modo a que seja possível orientar a luz é uma das artes da arquitectura. Em alguns casos excepcionais, como em Alcobaça, por exemplo, tem-se a impressão de que a luz é trazida por força invisível. Com Siza Vieira, na Igreja do Marco de Canavezes ou em Serralves, tem-se uma sensação forte e mais estranha: chega a pensar-se que o arquitecto leva a luz, à mão, pelos corredores e pelas salas, até a colocar onde ele quer. Pode mesmo imaginar-se que, com este Mestre, a luz não se desloca em linha recta, mas escorre, cai e contorna os objectos e as paredes em ondas curvas. Ou fica imóvel, suspensa. Esta imagem foi feita no Museu de Serralves, construção recente (1999), acrescentada ao conjunto da Casa de Serralves (que data dos anos 1940). É um momento de luz especial. Como quase sempre com Siza Vieira, Mestre da luz.
DN, 26 de Fevereiro de 2017
domingo, 26 de fevereiro de 2017
Sem emenda - Todos iguais
Já se percebeu: cada vez que um escândalo, processo, aldrabice ou caso de favoritismo estar a ser investigado, logo outro surge, equivalente, com visados de outros grupos económicos, partidos ou governos… Às vezes há pontos de contacto. Outras não. Agora, são os “offshore” que retiram casos das primeiras páginas. Mas, previsivelmente, vão bater às mesmas portas de sempre… Caixa, PT, BES…
Um processo aqui, um caso de corrupção ali, uns empréstimos sem retorno, uns favores a amigos, uns assaltos a empresas, algumas manipulações do mercado, umas transferências para “offshore”, muita mentira e uma prodigiosa incompetência fizeram da “jóia da coroa” o que ela parece hoje e que faz com que os políticos tenham receio do pântano. Fica-se cada vez mais com a impressão de que o caso da Caixa é o caso do regime: tudo anda ligado, da política à banca, da PT aos telemóveis, das águas aos petróleos, da electricidade à celulose, do BES ao BANIF, do BPN ao BCP… Podem fazer-se todos os inquéritos imagináveis, ficará sempre algo de fora, aparecerá sempre, à última hora, novo facto inesperado que permita negociação futura e ocultação passada. Debaixo de cada pedra, há lacrau ou veneno. E muitos parecem interessados em esconder e esquecer. Mas acrescentam sempre qualquer coisa.
A algazarra com a Caixa não deixa ninguém tranquilo. O esteio, o alicerce do sistema bancário português não é mais do que uma organização de mistérios e trapalhadas, sob influência directa dos governos, dos ministros e dos partidos. Serviu para obras públicas, parcerias duvidosas, empréstimos especulativos, favores aos amigos, negócios estranhos, demagogia política e empregos de conforto. Há alarido porque todos têm medo, de um partido, do outro e de outro ainda. Muitos receiam que se fale ou que se descubra. A barafunda actual é tanta, que se pode imaginar que nunca se saberá o que se deve saber, nunca se castigará quem o deve ser. Dirigentes do PS, do PSD e do CDS tiveram responsabilidades na necessidade de quatro ou cinco mil milhões, a recapitalização. Os governos de Sócrates, Passos Coelho e Costa têm todos responsabilidades no desastre e nas imparidades (eufemismo para designar, entre outras habilidades, trafulhices e favores).
“Eles são todos iguais!”, é uma das mais detestáveis e inúteis frases que se ouve frequentemente por aí. Geralmente sobre a política. Frase e pensamento, ou falta dele, sem seriedade nem inteligência. Ideia sem verdade. Ideia errada e enganadora. Mas não se resiste. Não só se ouve cada vez mais, hoje, em tempos de crise, como já quase não há argumentos para contrariar.
“Eles” são diferentes. Defendem políticas diferentes. Estão ao serviço de interesses e ideias diferentes. Pertencem a classes sociais e a grupos diferentes. Têm programas e doutrinas diferentes. Há os honestos e os bandidos. Os sérios e os aldrabões. Os rigorosos e os demagogos. Os honrados e os corruptos. Os íntegros e os oportunistas. Os democratas e os déspotas. Mas deve reconhecer-se que “eles” fazem um esforço por se parecer cada vez mais. O que tem péssimos resultados: não nos ajuda a perceber. Sabemos ainda que há bandidos à esquerda e à direita. Honestos também. O que também não ajuda a compreender.
É fina a fronteira entre um caso de politica e um caso de polícia. É curta a distância que vai da incompetência à corrupção. Da demagogia à venalidade, o tempo e o espaço são reduzidos. Se a democracia portuguesa não consegue apurar responsabilidades, julgar culpados, castigar “nepotes” e afilhados e refazer um banco seguro e honesto, se a democracia portuguesa tal não conseguir, condena-se a si própria. O processo da Caixa corre o risco de vir a ser o processo do regime.
DN, 26 de Fevereiro de 2017
domingo, 19 de fevereiro de 2017
Sem emenda - Fora da Caixa
Com, provavelmente, mais
revelações inesperadas e, certamente, mais uma comissão de inquérito, teremos
folhetim por muito tempo. Até que algo importante e perigoso aconteça e o
governo tenha medo, as oposições esperança e os aliados dúvidas, altura em que
todos esquecerão a Caixa e navegarão para novos mares. Como é costume,
deixarão, então, armários cheios de esqueletos incólumes, ilesos e inocentes. Até
lá, ainda teremos réplicas ad nauseam…
Tentando pensar out of the box, como se diz. É
preocupante saber que haja quem entenda, nas esferas poderosas, que se pode não
respeitar a lei ou fazer uma lei que se aplica para trás ou aprovar uma lei
para contemplar um caso. É inquietante ver como a algazarra sobre este assunto
passa por cima de princípios fundamentais e se aceitam dogmas horríveis mas
comummente aceites. Por exemplo, a ideia de que o poder político está acima de
tudo, do poder económico, da moral, da religião e do direito. Para não dizer da
palavra dada e da honra. Outra, a ideia de que os direitos individuais estão
abaixo dos direitos colectivos. Dito de outra maneira, o interesse da
comunidade está acima dos direitos individuais. Estas ideias não nasceram lá,
mas foram alimentadas pelas “luzes”, pela revolução francesa, pelo jacobinismo
e pelo comunismo. E parecem hoje reinar, sem obstáculos, na política
contemporânea, sendo esta uma mistura de nobres ideias (a democracia por
exemplo) com nefastos valores (a cupidez e o poder absoluto da decisão
política).
Tem-se tratado do governo, isto
é, dos últimos governos, incluindo o actual, como se tivessem toda a
legitimidade para intervir na banca e nas finanças, como se tivessem a
obrigação de intervir, como se fosse necessário tomar conta, proteger, esbulhar,
nacionalizar… Fizeram o que quiseram com o BES, a Caixa, o BPN e outros bancos
e deixaram fazer o que lhes convinha. Deixaram correr o marfim em casos excepcionalmente
graves, até ao afundamento de algumas das melhores empresas portuguesas. Compraram
e venderam, deixaram comprar e vender, conforme lhes interessava politicamente
(e talvez pessoalmente, nunca saberemos…).
De modo semelhante, pede-se ao
governo e às autoridades constitucionais que tenham uma intervenção nas
empresas e na vida das pessoas. Que se exija a declaração de rendimentos em
cargos eleitos parece uma regra razoável, embora já intrusiva. Que essa
exigência se estenda aos gestores é já problemático. O governo solicita a
colaboração de pessoas, fica-lhes a dever um contributo valioso (caso contrário
não teria pedido…) e depois põe condições que ultrapassam os quadros e o tempo
dessa colaboração? E por que não aos 700.000 funcionários públicos? E por que
não a todos os cidadãos e empresas que têm relações com o Estado?
A verdade é que reconhecemos ao
Estado cada vez mais poderes, competências intrusivas e capacidades de
condicionamento da vida dos cidadãos. Como lhe conferimos o direito de taxar o
que, como e quando os governantes entenderem, para tanto basta precisar de
dinheiro! Como ainda lhe atribuímos faculdades para interferir na vida
económica dos cidadãos, das famílias e das empresas, sob o signo de princípios
tão doces como o de “ir buscar o dinheiro onde ele está” ou “ir tirar o
dinheiro a quem o tem”. Como aceitamos, em nome do interesse geral, que os
governantes possam preferir capitalistas, seleccionar bancos, chegar-se a
predadores e liquidar empresas outrora poderosas.
Abusar dos indivíduos, a título
do interesse comum. Condicionar a vida privada dos cidadãos, em nome do bem de
todos. Pôr em risco poupanças pessoais, como se fossem fortunas ilegítimas. Desrespeitar
os bens de cada um, como se tudo fosse de todos. Retorcer o Estado de direito,
a benefício da política. Eis algumas regras de vida, insuportáveis, que estão a
forjar um mundo detestável.
DN, 19 de Fevereiro de
2017
Sem Emenda - As Minhas Fotografias
Uma ocupação de herdade, perto de Sousel, a caminho de Portalegre, em 1975 – Foi há 42 anos! A maioria dos Portugueses vivos nasceu depois dessa data! Já quase ninguém se lembra do que foram aquelas ocupações. No Alentejo, no prazo de um ano, foram ocupadas cerca de 3.700 herdades num total de mais de 1,2 milhões de hectares! Assalariados rurais, trabalhadores da construção e operários fabris da cidade, apoiados por dirigentes sindicais e por unidades das forças armadas, levaram a cabo esse processo único na história de Portugal e da Europa. Nesta imagem, além de civis e militares, um lavrador ou feitor ferido na cara segue dentro do carro. Nos casos mais simples, eram algumas camionetas, umas dezenas ou centenas de trabalhadores, uns funcionários do ministério e uns civis. Na maioria, tratava-se de dispositivo mais complexo, sendo necessário acrescentar soldados armados, civis com caçadeiras, jeeps militares e até um carro blindado. Às vezes, os proprietários tentavam reagir. Na maior parte, resignavam-se. Se é que já não tinham abandonado. Não foi uma reforma agrária. Foi uma revolução. Acabou mal.
DN, 19 de Fevereiro de 2017
domingo, 12 de fevereiro de 2017
Sem emenda - A Grande Reforma
Os dados estão lançados. O
Governo vai propor, dentro de dias, um grande programa de descentralização da
Administração Pública. Será talvez a mais importante, quem sabe se a única
reforma significativa a iniciar por este governo. Ainda bem! Portugal necessita
de descentralização, de subsidiariedade e de eficácia. Pode também acontecer
que outros grandes males, como os projectos megalómanos e a grande corrupção,
sejam assim contrariados. Pequenos projectos mal pensados e pequena corrupção
não podem ser mais nefastos.
Bem sabemos que é ano de eleições
autárquicas e que o governo não resiste a ir buscar louros para se apresentar
de folha limpa ao eleitorado. Nenhum governo resiste. Mas esta solução é melhor
do que uma virtuosa inércia pré-eleitoral. Como se trata de eleições
autárquicas, quem vai ficar a ganhar é a autarquia. Especialmente os partidos
que têm força autárquica. As eleições e a democracia servem também para isso,
fazer comércio com os eleitores: dou-te obra, subsídio, escolas, piscinas e
cheques e tu dás-me os votos!
O ministro Eduardo Cabrita,
talvez o mais brilhante e autoritário tecnocrata deste governo, tem já o seu
projecto negociado em múltiplas instâncias e várias instituições, mas também em
encontros discretos entre partidos e nas reuniões paralelas dos grupos de
trabalho do Governo com o Bloco e o PCP. É provável que tenhamos lei dentro de
poucas semanas. Há décadas que este ministro é um defensor obstinado da
regionalização. Noutra oportunidade, perdeu. Agora, aprendeu a lição: irá
devagar, furtivamente, a par e passo, fugindo às maiorias qualificadas e aos
referendos. E chamando-lhe, para já, descentralização.
Esta é a grande reforma possível.
Não há dinheiro, não há grande consenso, nem sequer maioria estável. Por isso,
é a reforma que se pode fazer. Ainda bem. Esperemos que se consiga autoridade
suficiente. E consenso alargado, pelos menos para umas disposições. Não é
obrigatório o acordo total, completo e com toda a gente. Mas é indispensável
que, para tão importante reforma, haja legitimidade reforçada e autoridade
política. A descentralização é importante. E Portugal precisa dela!
Por isso, com consenso pouco
alargado e uma maioria muito disputada, não teremos, infelizmente, uma reforma audaz.
Professores já protestaram. Médicos também. Numerosos funcionários e serviços
centrais recusam passar para a periferia, o local e o regional. Muito vai
continuar na Administração Central. Passam umas competências, umas faculdades,
algum dinheiro, mas não muitos serviços centrais nem estes funcionários
especiais (o maior número) que são os médicos, os enfermeiros e os professores.
A verdade é que os sindicatos não querem e não deixam. Um sindicato que se preze
quer ter diante de si um só patrão, o Ministro. Assim continuará a ser. A
respectiva tutela fica com o Governo central. É descentralização de gato
escondido.
É um princípio de regionalização.
A eleição dos presidentes é exemplo calhado. Os presidentes das áreas
metropolitanas serão desde já eleitos directamente pelo povo, ao mesmo tempo
que as autarquias. É claramente um princípio de soberania e de uma sólida
legitimidade. A partir daí, não será possível voltar atrás. É um princípio
irrevogável de regionalização, vai ser e será fonte de problemas e quezílias. Ainda
por cima, esta eleição vai criar conflitos muito sérios com os futuros
presidentes das CCDR, isto é, das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento
Regional. Também eles serão eleitos, mas agora de modo indirecto: ficarão na
dependência eleitoral dos autarcas. Não é preciso fazer um desenho: os
potenciais conflitos, as perturbações, a sobreposição de competências e a
dualidade de legitimidades serão efectivas. Será um pequeno passo em frente.
Esperemos que não dois atrás.
DN, 12 de Fevereiro de
2017
Sem Emenda - As Minhas Fotografias
Lenine em São Petersburgo, em 2010 – Na periferia desta maravilhosa cidade, tão surpreendentemente europeia, em bairros residenciais datando dos anos cinquenta e sessenta, uma estátua de Lenine ainda adorna o espaço público. Desaparecido Estaline (o número de estátuas é hoje diminuto…), ficou Lenine para décadas de purgas e de afastamentos. Mas ainda sobram. A nova Rússia não perde tudo da velha, nunca! Soljenitsine ficava zangado quando alguém lhe dizia que o comunismo soviético era só mais uma maneira de ser russo! Dizia que não! Que o comunismo era uma aberração e que a “mãe Rússia” haveria um dia de se vingar e varrer os usurpadores da sua história. Com o tempo se vai vendo que naquele estranho país o jogo da continuidade e da mudança é complexo e interessante! Até o nome da cidade traduz esta realidade: Petersburgo, primeiro, logo seguido de São Petersburgo. Depois, em 1914, Petrogrado. A seguir, em 1924, Leninegrado. Finalmente, de novo São Petersburgo. Ou Peter, para os íntimos.
DN, 12 de Fevereiro de 2017
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Sem emenda - O Grande Embuste
Dentro de dias, começa um curioso
ano de comemoração: os cem anos da Revolução Russa. Será um desfilar de
colóquios, filmes, livros e programas de televisão. Teremos de tudo e não
faltará o elogio beato.
De Fevereiro (que, na Rússia de
1917, era em Março) a Outubro (já em Novembro), será quase um ano em que
teremos a oportunidade de recordar e estudar aquele que foi o “maior embuste da
história do Século XX”, na expressão de Mário Soares. Após aquele ano de
“revolução”, houve outros cinco, ditos de “guerra civil”, revolução para todos
os efeitos. Depois, mais vinte de depuração, deportação, limpeza étnica, colectivização
e trabalhos forçados aos milhões. Sem esquecer milhares de julgamentos e execuções
de políticos, generais, médicos, sindicalistas e escritores! Lenine morre em
1924 e Estaline em 1953. Até à derrota final, em 1989, entre lutas intestinas e
saneamentos, sucedem-lhes vários como Kruthchev, Brejnev, Andropov, Chernenko e
Gorbachev.
O centenário vai servir para
muitas tentativas de branqueamento. Com certeza. Mas também para novos
balanços, seja porque a distância ajuda, seja porque os Estados-maiores
comunistas já não têm muito poder nem controlam o pensamento, seja porque,
finalmente, de Moscovo a Praga, os arquivos se vão abrindo e revelando todos os
dias factos novos, por vezes surpreendentes.
Que nos deixou o comunismo como
legado de liberdade? Praticamente nada! Como luta de resistência dos
comunistas, para bem dos seus direitos, muito! É mesmo do domínio do heroísmo.
Mas, para bem da liberdade dos outros, de todos, praticamente nada. Pelo
contrário: deixa um dos piores legados modernos de supressão das liberdades, de
repressão exercida sobre os cidadãos, de negação radical do Estado democrático,
de violação permanente dos direitos humanos e dos mais desumanos métodos de
manutenção da ordem, com tortura, assassinato, deportação, rapto e prisão em
números que se elevam a muitos milhões. Em todos os países em que um partido
comunista dominou o poder, o resultado foi sempre o mesmo: nem liberdade nem
Estado de direito.
Que nos deixou o comunismo como
legado de independência e autonomia dos povos, outra das suas bandeiras? Por um
lado, apoio aos movimentos subversivos e revolucionários do mundo inteiro, desde
que em luta contra as metrópoles coloniais, contra as democracias e contra os
países do mundo ocidental. Por outro lado, a mais feroz submissão dos Estados,
países, nacionalidades, minorias e regiões vizinhas, com o resultado visível da
constituição de um dos maiores impérios da história, feito e regulado à força,
por intermédio dos métodos mais bárbaros, incluindo deportações massivas, fomes
programadas, genocídio e pura opressão. A implosão da União, após a queda do
comunismo, é o mais rigoroso certificado de existência do imperialismo
soviético. E da sua bondade.
Que nos deixou o comunismo como
legado social e económico, tecnológico e cientifico? Uma enorme ficção daquele
que poderia ser, com os seus colossais recursos, um dos mais ricos países na
Terra e que acabou por só ser poderoso militarmente, mas incapaz de progredir
economicamente e de permitir a prosperidade dos seus cidadãos, impotente para o
desenvolvimento tecnológico e cientifico, áreas em que esteve sempre atrás dos
países ocidentais e com atrasos crescentes até ao desmoronamento final.
É um dos mais seguros sinais do
atraso de Portugal: a persistência do Partido Comunista, das suas ideias e do
seu programa. Os principais partidos comunistas do mundo democrático
desapareceram por entre fumarolas! Parece que apenas dois Estados têm qualquer
coisa de parecido com o comunismo soviético: Cuba e Coreia do Norte! Que bela
companhia para os Comunistas portugueses!
DN, 5 de Fevereiro de
2017
Sem Emenda - As Minhas Fotografias
O porta-aviões
americano USS Saratoga em frente ao Terreiro do Paço, em Lisboa – Fevereiro
de 1975. Há 42 anos. Era o princípio daquele que ficou na história como PREC
(Processo Revolucionário em Curso) ou “Verão quente”. O mundo vivia uma crise
difícil. Os americanos estavam a perder o Vietname. Nixon portara-se mal e o processo
de “impeachment” tinha-o obrigado a afastar-se. Os soviéticos estavam a ganhar
em vários sítios de África e Ásia. Em Portugal, uma revolução democrática
descambava. Havia comunistas no governo e à cabeça das Forças Armadas. A NATO
organizava manobras (Locked Gate – 75) de grande envergadura no Atlântico
ocidental, incluindo Lisboa. Aqui chegaram o porta-aviões Saratoga e vasos de
guerra americanos, ingleses e franceses. O Saratoga colocou-se diante do
Terreiro do Paço e do Cais das Colunas. Para que não houvesse dúvidas. A imprensa
informou pouco. Mas os comunistas fizeram manifestações que rezavam: "Fora
a NATO! Fora a CIA! Independência nacional"! Uns Portugueses sentiram-se
ameaçados. Outros protegidos. Eram assim aqueles tempos!
DN, 5 de Fevereiro de 2017
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