domingo, 25 de janeiro de 2015

Luz - Exposição de fotografias de rua, Barcelona.

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Nas ruas e avenidas que levam à Praça da Catalunha, assim como às Ramblas, estava uma curiosa exposição de fotografias. Estas eram de boa qualidade, bem impressas, de grande formato e colocadas em “outdoors” (Creio que é assim que se lhes chama hoje… Há uns anos, pelo menos em Lisboa, chamávamos-lhes “bombocas”, por causa de um dos primeiros produtos que tinha recorrido a este truque publicitário…). A exposição tinha um fio condutor, ou um traço comum a todas as imagens: sendo provocatórias, as fotografias tinham como objectos pessoas, ângulos e formas pouco ou nada fotogénicos. Como é o caso desta senhora idosa, com rugas e celulite. A ideia era simples: destruir os conceitos datados, mercantis e convencionais que estabelecem os critérios do belo, da moda e do que é esteticamente valorizado. Não era inédito, nem excepcionalmente interessante. Mas era curioso, até pelo dispositivo: imagens misturadas com as pessoas e a publicidade, nas ruas, entre os transeuntes, obrigando-nos a parar um segundo para pensar. (2012)

domingo, 18 de janeiro de 2015

Luz - A capital mundial do livro antigo, Hay-on-Wye, Inglaterra

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Já aqui trouxe, à “Luz” do Sorumbático e do Jacarandá, várias fotografias feitas em Hay-on-Wye. Nunca será demais recordar esta maravilhosa aldeia situada na fronteira entre o Norte de Inglaterra e o País de Gales. Fica de tal maneira a cavalo entre os dois países, que os habitantes se arrogam com facilidade a ideia de não pertencerem a nenhum dos dois ou mesmo de serem independentes. Há três ou quatro décadas que o senhor Booth (o mesmo que deu o nome a esta livraria, ou antiquário ou alfarrabista) deu início a uma espécie de movimento. Comprou casas, um castelo e o cinema, acabou por os transformar em alfarrabistas. A seguir a ele, dezenas de comerciantes, residentes, forasteiros, alfarrabistas das redondezas e toda a variedade de gente fizeram o mesmo: criaram livrarias, abriram as portas ao público e começaram a negociar em livros antigos. Depois dos livros vieram as gravuras, os mapas, as fotografias e uma infindável “memorabilia” relacionada com a edição, o livro e a gravura. Naquela aldeia, com escassas centenas de edifícios, há literalmente milhões de livros. Quase tudo que se procura pode encontrar-se lá. Ali adquiri livros raríssimos sobre a história de Portugal. Os seus livreiros compram em qualquer parte do mundo, para onde enviam encomendas com cuidado e prontidão. Colocaram a Internet do seu lado, fornecem a Amazon e outros vendedores “modernos” virtuais. A aldeia organiza o mais importante festival anual de literatura da Grã-Bretanha, assim como um dos mais importantes festivais de jazz. Nos “pubs” locais come-se e bebe-se deliciosamente. Quem lá for, nunca mais esquece. E volta. (1988)

domingo, 11 de janeiro de 2015

Luz - Manifestação esquerdista, Genebra, Suíça.

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Já não recordo o tema em disputa, ou antes, contra quem se dirigiam os manifestantes. O estilo destes, assim como as bandeiras vermelhas, não deixam muitas dúvidas. Por outro lado, a alinhada protecção policial ao Chase Manhattan Bank confirma seguramente que os Estados Unidos e o capitalismo devem ser os alvos. Um dia destes, com um pouco de investigação nos meus arquivos fotográficos, ainda encontrarei mais pormenores que permitam melhor identificar a imagem. É também provável que se trate de uma manifestação de solidariedade com várias lutas e vários países ao mesmo tempo, neste caso Portugal, Espanha, Chile (o golpe de Estado contra a Unidade Popular de Salvador Allende tinha ocorrido pouco antes) e as colónias portuguesas. Estive nessa manifestação, só que não sei se esta fotografia foi feita nesse dia… (Ca. 1973)

domingo, 4 de janeiro de 2015

Luz - Conferência Campesina, com Salvador Allende, Santiago do Chile, Chile, 1971.

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Manifestação de organizações camponesas e de sindicatos agrícolas de apoio ao governo de “Unidad Popular” de Salvador Allende (Socialistas, Comunistas, Radicais, Católicos de esquerda, outros de extrema esquerda…) para as políticas de Reforma Agrária. Nesta fotografia, vê-se o palco recheado de dirigentes políticos e de associações camponesas. Salvador Allende é o sexto, na primeira fila, a contar da esquerda. É a sessão de encerramento de uma grande conferência a favor da reforma agrária, seguida de manifestação na rua. Tratava-se de governo minoritário, tendo S. Allende sido eleito com cerca de 35% dos votos populares. Uma velha tradição democrática chilena fazia com que o candidato que tivesse mais votos populares tinha grandes possibilidades de vencer a “segunda volta” que se realizava no Parlamento. Depois de iniciado o governo unitário, a pressão dos comunistas, dos outros grupos de extrema-esquerda e mesmo dos socialistas mais radicais, assim como dos grupos católicos de esquerda, crescia todos os dias. Queriam mais revolução, mais reforma agrária, mais nacionalizações (entre as quais dos principais recursos naturais, os fosfatos e o cobre), mais intervenção do Estado e mais mobilização contra os capitalistas, a direita e os americanos. Assim se viveu durante um ou dois anos. Os Estados Unidos conspiraram e ajudaram a conspirar o mais que se imagina e sabe. A esquerda não mediu a sua fragilidade inicial. A direita não hesitou diante de nenhum meio, da greve à sabotagem, do assassinato ao golpe militar. O resto é conhecido. (1971)