terça-feira, 9 de outubro de 2012

Apresentação de Fernando Henrique Cardoso

Senhoras e senhores,
 
A HONRA é minha! E nossa, da Fundação Francisco Manuel dos Santos. É um privilégio apresentar a todos os convidados e participantes deste Encontro um dos mais ilustres homens do século.
Fernando Henrique Cardoso é sobretudo um grande intelectual e um académico. Também foi um grande político. E um grande homem de Estado. Sendo tão difícil ser bem tudo isto, ele conseguiu. Mas fica predominante a sua estatura e a sua vocação de intelectual e académico. Em tempos de políticos profissionais de plástico e de pronto-a-vestir, só um intelectual é capaz de dizer “Falo sempre do jeito que falo, como um professor”! Só um académico tem o atrevimento de, depois de trinta anos de vida política intensa, intitular as suas memórias de “The accidental President”! Só um homem de cultura é capaz de evitar lugares comuns pomposos e dizer que uma das qualidades essenciais do político consiste em “ter os pés no chão e os olhos abertos”!
Quando jovem resistente e adversário da ditadura, Fernando Henrique Cardoso dedicou-se ao pensamento, à teoria e à ciência social. Devem-se-lhe alguns dos escritos mais interessantes sobre o desenvolvimento, o subdesenvolvimento e a dependência. E já então também sobre a liberdade e a democracia. Nunca Fernando Henrique subestimou a liberdade, em nome, por exemplo, do crescimento económico, da independência nacional ou até da revolução social. Num mundo dominado ainda por várias formas de imperialismo, a sua voz brasileira tinha eco longe, na Europa e nos Estados Unidos, incluindo nas Nações Unidas que o reconheceram como um dos mais interessantes e criativos estudiosos do desenvolvimento.
Afastado das universidades pela ditadura brasileira, Fernando Henrique Cardoso estudou e ensinou no Brasil e na América Latina, mas também nos EUA e na Europa, a começar pela Grã-Bretanha e por França. Era reconhecido como um dos mais importantes cientistas sociais da América Latina, das Américas e, se querem mesmo saber, do mundo.
Numa altura em que a direita, na América Latina e em muitos mais sítios, se preocupava sobretudo com o crescimento económico e a esquerda com as desigualdades e a revolução social, poucas foram as vozes que tentaram sempre manter as duas prioridades no horizonte do pensamento e da acção: a liberdade e o desenvolvimento: a democracia e o crescimento; a igualdade e a eficiência. Fernando Henrique tentou. E, em grande parte, conseguiu.
Quando a democracia regressou ao Brasil, Fernando Henrique Cardoso iniciou um percurso político notável. Foi Senador, Ministro dos negócios estrangeiros e sobretudo Ministro das finanças (da Fazenda, diz-se no Brasil). Este último cargo, não o queria! Foi nomeado de madrugada, enquanto dormia. Mas exerceu-o depois de modo inesquecível. Mais tarde, foi presidente do Brasil. À sua acção, como Ministro e como Presidente, ficou ligada a política monetária e financeira, o famoso Plano Real, que trouxe ao Brasil estabilidade, baixa inflação, mais igualdade, mais investimento e nova energia para o desenvolvimento! E além de tudo e sobretudo a consolidação e a estabilidade da democracia. O extraordinário percurso político deste grande país que é o Brasil fica em boa parte a dever-se a este homem e à sua acção firme. Ajudou à abertura do país ao exterior, abriu a economia pela destruição de monopólios e pela privatização de alguns grupos e teve acção efectiva nos sectores da educação e da saúde das regiões e das classes mais pobres.

Pelo que sabemos, do Brasil ou de Portugal, da Europa ou da América Latina, a associação entre liberdade e estabilidade, ou entre desenvolvimento e democracia, é uma das grandes dificuldades dos tempos presentes. Fernando Henrique nunca marginalizou a democracia, nunca subestimou a liberdade, nunca se alheou da população e do povo em nome da estabilidade política. E desempenhou um papel decisivo na reconciliação nacional entre adversários políticos dos tempos da ditadura. Isto, apesar de terem sido tempos de morte, de assassinato, de guerrilha e de tortura. Foi preciso pedir perdão, em nome do Estado, e perdoar, em nome dos cidadãos. Foi preciso reparar, mas também evitar a vingança a fim de preparar o futuro com mais coesão. Em tudo isso, Fernando Henrique Cardoso revelou uma extraordinária perícia e um humanismo a toda a prova.
Nos seus livros, na sua obra à frente do Instituto Fernando Henrique Cardoso, nas suas conferências e na acção muito variada de carácter humanitário e de defesa da cidadania, Fernando Henrique mostra-se sempre fiel a um estilo inconfundível, claro, directo, sem elipses barrocas, sem clichés e com uma fortíssima dimensão cultural. Consegue mesmo coisa extraordinária que é a de ter uma noção de política como decência, sem nunca cair no moralismo vizinho da hipocrisia. Nas suas “Cartas a um Jovem político”, consegue traçar as qualidades e os defeitos do político, sem ilusões, com marcado sentido do serviço público e do bem geral. Com a ternura do professor e o saber da experiência, Fernando Henrique diz-lhe que a política só vale a pena se for para melhorar o país e o povo! Se eu fosse jovem, deixar-me-ia tentar!

Senhoras e Senhores: o Presidente Fernando Henrique Cardoso.
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Fundação Francisco Manuel dos Santos
Encontro “O Presente no Futuro – Os Portugueses em 2030”
Lisboa, Centro Cultural de Belém, 14 e 15 de Setembro de 2012

5 comentários:

tempus fugit à pressa disse...

A HONRA em maiúsculas é VOSSA...
a perda de empatia com o poviléu idem...

é normal principalmente em pessoas tão idosos que esperemos não cheguem a 2030

a monomania é geriatricamente dominante

en rique car dosão...que comprou o porta avião no dizer de millôr

já deve ter a idade de mao-tsé-tung
precisaram de cuidados especiais?

ou tudo na maior?

o Portugal no futuro tem fraldário?
com aquela plateia dava um jeitão

e enfermeira com liga preta de bataclan e teta de vaca cornélia tá o desemprego cheio...

O TEU FLUVIÁRIO METE ÁGUA CAMARADA disse...

Faltou botar no discurso homem de bons costumes, republicano, laico e como antes se dizia mação? maçon?

mas son? mas con nã que é lunar né...

como diz brasileiro ladrão que é do povão:

Porque a Maçonaria é Lotada de Politicos Corruptos ?(Parte 2)?
Porque as pessoas pensam que na Maçonaria só tem pessoas " Santas " !!

Engraçado a opinião de muitos Maçons só tem homens de bens e etc....

Olhem os Homens de Bens:

Antonio Carlos Magalhães
José Sarney
Fernando Henrique Cardoso
Michel Temer
Orestes Quércia
Geraldo Alckmin
Alvaro Dias
José Dirceu
Antonio Palocci
Bispo Edir Macedo

99% do PSDB faz parte da Maçonaria , Fizeram as Privatizações muito " DUVIDOSAS " !!

E os caras ficam Doando Meia Duzias de Sextas Básicas e depois falam que fizeram uma grande Ação Social e Pior essa Burguesia fala que representa o Povo !!

A Lista é grande pessoal se você procurar tem uma Porrada de Corruptos opa " Homens de Bens " !!


Brasileiro é mesmo lerdo né?

chamar nomes a gente tão diz tinta

O TEU FLUVIÁRIO METE ÁGUA CAMARADA disse...

e é burro né
E os caras ficam Doando Meia Duzias de Sextas Básicas
escrever cesta com sexta....

só dá mensalão pô....

vota in batmão mermão....sô...
e Pior essa Burguesia fala que representa o Povão !!

brasileiro é lerdo mesmo..
Viva FêAgáCê

tempus fugit à pressa disse...

Infelizmente os brasileiros condenaram um político, do PT mas mesmo assim, é um retrocesso civilizacional.

A sorte dele, ou o azar, isso depende, era não pertencer a uma loja, senão era certamente um caso de perseguição policial e tal...

Mas a gente conforma-se, o senhor presidente da CML não deu uns 50 mil euritos para Fundação vossa?

Não?
Bolas eu queixava-me a um tribunal qualquer

Isso viola o princípio da desigualdade ou o de arquimedes, enfim um princípio desses que num dá en pobre...

Francisco Castelo Branco disse...

Excelente livro. Uma lição para aprender, sobretudo os mais novos que vão para as jotinhas