A HONRA é minha! E nossa, da Fundação Francisco
Manuel dos Santos. É um privilégio apresentar a todos os
convidados e participantes deste Encontro um dos mais ilustres homens do
século.
Fernando Henrique Cardoso é sobretudo um grande intelectual e um
académico. Também foi um grande político. E um grande homem de Estado. Sendo
tão difícil ser bem tudo isto, ele conseguiu. Mas fica predominante a sua
estatura e a sua vocação de intelectual e académico. Em tempos de políticos
profissionais de plástico e de pronto-a-vestir, só um intelectual é capaz de
dizer “Falo sempre do jeito que falo,
como um professor”! Só um académico tem o atrevimento de, depois de trinta
anos de vida política intensa, intitular as suas memórias de “The accidental
President”! Só um homem de cultura é capaz de evitar lugares comuns pomposos e
dizer que uma das qualidades essenciais do político consiste em “ter os pés no
chão e os olhos abertos”!
Quando jovem resistente e adversário da ditadura, Fernando Henrique
Cardoso dedicou-se ao pensamento, à teoria e à ciência social. Devem-se-lhe
alguns dos escritos mais interessantes sobre o desenvolvimento, o
subdesenvolvimento e a dependência. E já então também sobre a liberdade e a
democracia. Nunca Fernando Henrique subestimou a liberdade, em nome, por
exemplo, do crescimento económico, da independência nacional ou até da
revolução social. Num mundo dominado ainda por várias formas de imperialismo, a
sua voz brasileira tinha eco longe, na Europa e nos Estados Unidos, incluindo
nas Nações Unidas que o reconheceram como um dos mais interessantes e criativos
estudiosos do desenvolvimento.
Afastado das universidades pela ditadura brasileira, Fernando
Henrique Cardoso estudou e ensinou no Brasil e na América Latina, mas também
nos EUA e na Europa, a começar pela Grã-Bretanha e por França. Era reconhecido
como um dos mais importantes cientistas sociais da América Latina, das Américas
e, se querem mesmo saber, do mundo.
Numa altura em que a direita, na América Latina e em muitos mais
sítios, se preocupava sobretudo com o crescimento económico e a esquerda com as
desigualdades e a revolução social, poucas foram as vozes que tentaram sempre
manter as duas prioridades no horizonte do pensamento e da acção: a liberdade e
o desenvolvimento: a democracia e o crescimento; a igualdade e a eficiência.
Fernando Henrique tentou. E, em grande parte, conseguiu.
Quando a democracia regressou ao Brasil, Fernando Henrique Cardoso
iniciou um percurso político notável. Foi Senador, Ministro dos negócios
estrangeiros e sobretudo Ministro das finanças (da Fazenda, diz-se no Brasil).
Este último cargo, não o queria! Foi nomeado de madrugada, enquanto dormia. Mas
exerceu-o depois de modo inesquecível. Mais tarde, foi presidente do Brasil. À
sua acção, como Ministro e como Presidente, ficou ligada a política monetária e
financeira, o famoso Plano Real, que trouxe ao Brasil estabilidade, baixa
inflação, mais igualdade, mais investimento e nova energia para o
desenvolvimento! E além de tudo e sobretudo a consolidação e a estabilidade da
democracia. O extraordinário percurso político deste grande país que é o Brasil
fica em boa parte a dever-se a este homem e à sua acção firme. Ajudou à
abertura do país ao exterior, abriu a economia pela destruição de monopólios e
pela privatização de alguns grupos e teve acção efectiva nos sectores da
educação e da saúde das regiões e das classes mais pobres.
Pelo que sabemos, do Brasil ou de Portugal, da Europa ou da América
Latina, a associação entre liberdade e estabilidade, ou entre desenvolvimento e
democracia, é uma das grandes dificuldades dos tempos presentes. Fernando
Henrique nunca marginalizou a democracia, nunca subestimou a liberdade, nunca
se alheou da população e do povo em nome da estabilidade política. E
desempenhou um papel decisivo na reconciliação nacional entre adversários
políticos dos tempos da ditadura. Isto, apesar de terem sido tempos de morte,
de assassinato, de guerrilha e de tortura. Foi preciso pedir perdão, em nome do
Estado, e perdoar, em nome dos cidadãos. Foi preciso reparar, mas também evitar
a vingança a fim de preparar o futuro com mais coesão. Em tudo isso, Fernando
Henrique Cardoso revelou uma extraordinária perícia e um humanismo a toda a
prova.
Nos seus livros, na sua obra à frente do Instituto Fernando
Henrique Cardoso, nas suas conferências e na acção muito variada de carácter
humanitário e de defesa da cidadania, Fernando Henrique mostra-se sempre fiel a
um estilo inconfundível, claro, directo, sem elipses barrocas, sem clichés e
com uma fortíssima dimensão cultural. Consegue mesmo coisa extraordinária que é
a de ter uma noção de política como decência, sem nunca cair no moralismo
vizinho da hipocrisia. Nas suas “Cartas a um Jovem político”, consegue traçar
as qualidades e os defeitos do político, sem ilusões, com marcado sentido do
serviço público e do bem geral. Com a ternura do professor e o saber da
experiência, Fernando Henrique diz-lhe que a política só vale a pena se for
para melhorar o país e o povo! Se eu fosse jovem, deixar-me-ia tentar!
Senhoras e Senhores: o Presidente Fernando Henrique Cardoso.
-
Fundação Francisco Manuel dos Santos
Encontro “O
Presente no Futuro – Os Portugueses em 2030”
Lisboa, Centro Cultural de Belém, 14 e 15 de
Setembro de 2012
5 comentários:
A HONRA em maiúsculas é VOSSA...
a perda de empatia com o poviléu idem...
é normal principalmente em pessoas tão idosos que esperemos não cheguem a 2030
a monomania é geriatricamente dominante
en rique car dosão...que comprou o porta avião no dizer de millôr
já deve ter a idade de mao-tsé-tung
precisaram de cuidados especiais?
ou tudo na maior?
o Portugal no futuro tem fraldário?
com aquela plateia dava um jeitão
e enfermeira com liga preta de bataclan e teta de vaca cornélia tá o desemprego cheio...
Faltou botar no discurso homem de bons costumes, republicano, laico e como antes se dizia mação? maçon?
mas son? mas con nã que é lunar né...
como diz brasileiro ladrão que é do povão:
Porque a Maçonaria é Lotada de Politicos Corruptos ?(Parte 2)?
Porque as pessoas pensam que na Maçonaria só tem pessoas " Santas " !!
Engraçado a opinião de muitos Maçons só tem homens de bens e etc....
Olhem os Homens de Bens:
Antonio Carlos Magalhães
José Sarney
Fernando Henrique Cardoso
Michel Temer
Orestes Quércia
Geraldo Alckmin
Alvaro Dias
José Dirceu
Antonio Palocci
Bispo Edir Macedo
99% do PSDB faz parte da Maçonaria , Fizeram as Privatizações muito " DUVIDOSAS " !!
E os caras ficam Doando Meia Duzias de Sextas Básicas e depois falam que fizeram uma grande Ação Social e Pior essa Burguesia fala que representa o Povo !!
A Lista é grande pessoal se você procurar tem uma Porrada de Corruptos opa " Homens de Bens " !!
Brasileiro é mesmo lerdo né?
chamar nomes a gente tão diz tinta
e é burro né
E os caras ficam Doando Meia Duzias de Sextas Básicas
escrever cesta com sexta....
só dá mensalão pô....
vota in batmão mermão....sô...
e Pior essa Burguesia fala que representa o Povão !!
brasileiro é lerdo mesmo..
Viva FêAgáCê
Infelizmente os brasileiros condenaram um político, do PT mas mesmo assim, é um retrocesso civilizacional.
A sorte dele, ou o azar, isso depende, era não pertencer a uma loja, senão era certamente um caso de perseguição policial e tal...
Mas a gente conforma-se, o senhor presidente da CML não deu uns 50 mil euritos para Fundação vossa?
Não?
Bolas eu queixava-me a um tribunal qualquer
Isso viola o princípio da desigualdade ou o de arquimedes, enfim um princípio desses que num dá en pobre...
Excelente livro. Uma lição para aprender, sobretudo os mais novos que vão para as jotinhas
Enviar um comentário