domingo, 3 de maio de 2009

A tão frágil liberdade...

PRIMEIRO, CONTARAM. Não acreditei. Pensei logo que se tratava de exagero. De mais um rumor urbano contra a política e os políticos. Depois, vi uma fotografia nos jornais. Rendi-me. Era mesmo verdade. O dia 25 de Abril é dia de festa. Dia de liberdade também. Em princípio. A Assembleia da República reuniu para uma gala. Como habitualmente, pela Primavera, realiza-se a cerimónia oficial de comemoração. Tudo parece ter corrido bem. A oposição malhou no governo. O governo elogiou-se. Os partidos da direita disseram que o 25 de Abril não era de ninguém ou que era de todos. Os de esquerda garantiram que era só deles. Os da direita demonstraram que o socialismo estava acabado. Os de esquerda mostraram, argumentando com a crise, que o capitalismo estrebuchava. O governo prometeu ser o herdeiro de Abril. O Presidente da República e o Presidente da Assembleia fizeram os melhores discursos do dia e distanciaram-se da trapalhada. Do Presidente Cavaco Silva esperava-se faca e recado, não veio nada parecido com isso. Tudo correu bem. Os que usam cravo na lapela estimam que essa flor é o uniforme da liberdade. Os que não usam entendem que o adorno é dos revolucionários e candidatos a déspotas. Metade daquela casa considera a outra metade intrusa e ilegítima. Isto não é evidentemente saudável. Mas é uma velha história. Na verdade, esquecendo estes diferendos sempre perigosos, tudo correu bem.
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NO FIM dos discursos, em aperitivo para o beija-mão e os cumprimentos de função, cantou-se o hino nacional. De pé, os nossos representantes tentaram recordar e trautear aquelas heróicas e obsoletas palavras. Sobretudo, esforçaram-se por não desafinar. Pois bem, nesse momento solene, algo de extraordinário aconteceu. Ao mesmo tempo que soavam as últimas estrofes da canção nacional, nos enormes ecrãs de plasma, pendurados nas paredes do hemiciclo, começam a ser projectadas fotografias. Em particular, a que se viu depois reproduzida nos jornais: algures, na sede da PIDE ou da Censura, em Abril de 1974, um soldado retira das paredes uma fotografia de Salazar. Inesquecível! Absurdo!
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PODE pensar-se que o episódio não tem importância. Que foi uma brincadeira. Um devaneio. Que ninguém, além dos deputados e das altas individualidades, vê o que se passa no Parlamento. Qualquer coisa. Mas a verdade é que tem importância. Trinta e cinco anos depois de Abril, a democracia continua a viver à custa de Salazar e da sua queda. Parece que o regime democrático e a liberdade nada têm a oferecer ao povo para além do derrube do ditador. Que, aliás, não foi do próprio mas do sucessor. Aqueles partidos e aquela instituição vivem obcecados. Sentir-se-ão culpados? De quê? De não terem sabido governar o país com mais êxito e menos demagogia? De perceberem que a população está cada vez mais cansada da política e indiferente aos políticos? Preocupante é haver alguém que pense que aquelas imagens produzem algum efeito! A política contemporânea é de tal modo medíocre que o derrube do anterior regime é ainda mais importante do que o novo regime democrático. Essa é a mágoa! Trinta e cinco anos depois, a liberdade e tudo quanto se vive não são já mais importantes do que aquele dia de derrube. Será que os espanhóis fazem o mesmo? Os gregos? Os russos? Os franceses também eram assim em 1980? Que Parlamento no mundo, em dia solene ou simplesmente em dia de trabalho normal, se dispõe a exibir fotografias dos inimigos da democracia? Será assim tão frágil a nossa liberdade que necessitamos de a legitimar sempre com o derrube de um ditador? Por quantos mais anos vamos assistir a isto? Nenhum dos argumentos previsíveis é satisfatório. Dizem que é preciso recordar. Reler a história recente para que a ditadura não volte. Gritar “nunca mais”, para que nunca mais seja. É exactamente o contrário. A falta de capacidade de respirar livremente, sem recordar os fantasmas, é a vontade de viver amarrado ao passado. Este regime é débil, porque não encontra em si próprio, nos seus méritos, razão suficiente para se legitimar e justificar. Para se assumir sem inventar ou ressuscitar inimigos. Esta insegurança revelada pelos dirigentes políticos contrasta com a certeza de muitos cidadãos. Inquéritos recentes mostram os sentimentos dos portugueses. Querem a liberdade. Não necessitam de fantasmas para se sentirem livres. Ponto final.
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ESTA história tem mais que se lhe diga. O Parlamento parece transformado num recreio. As renovações recentes só vieram confirmar essa tendência. Os computadores distribuídos pelos 230 lugares são inexplicáveis. Ou antes: só se compreendem se fizerem parte de um plano de fornecimento aos representantes da população de equipamentos de divertimento e passatempo. Computadores e plasmas para os deputados têm exactamente as mesmas funções que os “Magalhães” para as escolas. Os ecrãs monumentais nas paredes esperam imagens, gráficos, programas de “power point” e “clips” de propaganda. Quem julgue que o Parlamento serve para pensar, ouvir, falar, aprender, argumentar, discutir, esclarecer e fiscalizar está enganado. Ali, passa-se o tempo. E como a ausência ao hemiciclo é constante e elevada, alguém congeminou esta inovação: vamos trazer-lhes divertimentos, vamos atrair os deputados com imagens e filmes. Vamos permitir-lhes que tenham acesso rápido ao “twitter”, ao “messenger”, ao “face book” e ao “you tube”. Vamos dar-lhes imagens, que valem milhares de palavras. Vamos dar-lhes qualquer coisa que lhes interesse, que os seduza. E já agora que os impeça de se interessarem pela política e pelo debate.
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VALHAM-NOS os jacarandás. Apesar da crise e mau grado uma Primavera esquisita, o primeiro, lá para os lados de Belém, floriu esta semana. Timidamente. Ainda sem brilho aparente. Mas já cá está.
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«Retrato da Semana» - «Público» de 3 de Maio de 2009

25 comentários:

joshua disse...

Servem-se alienações por grosso, cultua-se o resíduo. Nada se faz por Portugal e pelos Portugueses de nobre e entendível, entre a superficialidade e a fulanização politiqueira cansativa.

Esta classe política não se apercebeu que o País implode por falta de verdade e de amor a um serviço público abnegado, uma vez que o Parlamento é apenas mais uma plataforma política para outros negócios e outros tantos embustes morais e desrespeitos legais debaixo do nariz do cidadão, como a recente lei do financiamento partidário.

Um Grande Abraço ao AB.

lusitânea disse...

Sinto-me responsável pelo que isto veio a dar depois do golpe.A irresponsabilidade, o extremismo,o internacionalismo,a ignorância,o desamor ao passado obra dos nossos antepassados, o servilismo a interesses estrangeiros que variam conforme o vento, a corrupção legal e ilegal,a falta de plano para o país de quem passa o tempo a criticar o que os do outro regime fizeram, o exagerado número de eleitos em todas as áreas, a traição genética latente, a africanização de Portugal, a constante chantagem, o iniciar de actuações iguais ás que condenavam ao anterior regime.
Se houver necessidade de tornar a fazer outro golpe, por mim não haverá só cravos...

Sílvia disse...

Actualmente, as comemorações do 25 de Abril vivem de simbolismo e há imagens/documentos históricas que valem por mil discursos, tal como essas do ecrã a que AB se referiu que, aliás, nunca será demais revê-las e lembrá-las. Mas há uma outra, de natureza diferente é certo, que AB se esqueceu de referir, vai-se lá saber porquê, o perturbadíssimo discurso do representante da bancada do PSD. Esse sim, foi a imagem da intolerância e da deselegância em dia de festa, que acabou por manchar o espírito da comemoração da revolução do 25 de Abril na sua própria casa. Coube ao sábio Jaime Gama fazer a diferença nas honras ao espírito de Abril, ali comemorado em sessão solene. (ah!, como me agradaria ver Jaime Gama a candidatar-se à Presidência da República já na próxima eleição..., assim,sempre me livraria de Cavaco e de Alegre...)

Todos nós sabemos que a revolução de Abril fez a ruptura com o regime ditatorial, em todas as suas dimensões, e, por isso, não nos podemos desresponsabilizar dos nossos actos de então nem das suas consequências. Há, felizmente,imagens que são, na verdade, documentos de todo o processo revolucionário, que devem permanecer na nossa memória, sem complexos e pruridos extemporâneos.

Abril, sempre, digo eu. Dizemos nós. Há 35 anos que andamos nisto, na procura da perfeição, no desenvolvimento e aprofundamento da democracia, sempre atolados nas nossas circunstâncias pequeninas e agora terrivelmente globais. Em Portugal, como em qualquer país ocidental, as eventuais pedras no caminho da democracia não põem em perigo, necessariamente, o seu próprio regime, antes pelo contrário, fortalecem-no, caso tenhamos sempre presente as metas para as quais caminhamos.
Parafraseando o poeta,todos somos poucos, se, na verdade, soubermos quem somos, donde vimos e para onde vamos.
Mas, com a política não partidária do "bota-baixismo", AB não aponta caminhos, não ajuda a solucionar os problemas, antes pelo contrário, contribui para a descrença, o cinismo e o fado triste. AB, em relação ao Parlamento como ao actual governo, é assim; só vê aquilo que lhe interessa para dissecar e maldizer e só ouve quem lhe agrada. O resto,em si,é mortório para azeitona.
Mas, daqui a algumas semanas, pelo "10 de Junho",também ele irá "recordar e trautear aquelas heróicas e obsoletas palavras", de pé e voz afinada pela batuta do PR, qual actor no seu melhor papel.

Desde já,palmas para AB!...

Anónimo disse...

Finalmente, depois de tantas vezes ter lido as idiotices que a comentadora Sílvia, verdadeira socretina, aqui tem o desplante de aqui deixar, creio que chegou a hora de dizer «Oh mulher, cala-te. Finge que vais a um local onde diz WC, e não voltes». Quase tenho a certeza que a comentadora é, utilizando as palavras do actual déspota, o Santos Silva travestido de Sílvia, tal o modo como destila ódio e gosta de bater no António Barreto.

Quanto ao artigo em si, e isso é que importa, concordo inteiramente com AB. De facto, nos tempos em que hoje vivemos, a escrita do AB não é mais do que um oásis no meio do deserto que estes atrasados mentais, ao abrigo do cartão de socialistas (alguns, que outros nem isso têm, são independentes) transformaram este pobre país, onde se praticam as maiores barbáries contra este povo que somos todos nós.

Manuel Brás disse...

I Parte

A falta de capacidade
de respirar livremente,
denota a opacidade
do actual regime demente!

Vivendo amarrado ao passado
em discursos e imagens,
o país tem sido trespassado
por falsas miragens!

O mexilhão ao estudar a realidade
de uma forma verdadeira,
conclui da nossa civilidade
que é uma tremenda bandalheira!

II Parte

Têm sido anos de empobrecimento
bem evidentes e reais,
o nosso desenvolvimento
ganhou contornos surreais.

A venda de futuros risonhos
carregados de pura fantasia,
através de argumentos bisonhos
e de uma eloquente hipocrisia!

O mexilhão diligente
estudando a economia,
denuncia a pobre gente
que padece de pouca autonomia!

Epílogo

Enganando a sociedade
com espectáculos deprimentes,
consome-se até à saciedade
infames ilusões dementes!

Com a aldrabice pegada
instalada na nossa sociedade,
a democracia é fustigada
trucidando a nossa seriedade.

O mexilhão realista
e sem medo de falar,
considera miserabilista
esta forma de governar!

Anónimo disse...

Este post do AB é cómico. Ele está a ficar gagá, não vai tardar muito a tecer loas ao Salazar. Os apoiantes dele parecem skinheads, em pior. O que é que o AB queria que se projectasse no ecran na festa do 25 de Abril? A Manela em fato de banho na praia com o Aníbal?

António Viriato disse...

Caro António Barreto,

Os jacobinistas nativos já pouco mais têm para exibir do que esses troféus de um momento de descompressão colectiva, exaltada pela perspectiva do fim próximo da Guerra em África.

De então para cá, quase todas as ilusões têm vindo a cair : o desenvolvimento económico, a educação, a cultura, o civismo, a justiça, a probidade dos governantes, etc., etc., tudo isso tem vindo a ser desmentido pela realidade rebelde à demagogia e à mentira, apesar da intensa propaganda, apesar da permanente manipulação.

Um dia também os novos sátrapas, os novos autarcas ensandecidos, mas ufanos hão-de prestar contas a outras multidões, outros tribunais.

No da Razão, próprio e alheio, já há muito foram condenados.

Só os seus cadáveres adiados teimam ainda em procriar, como lamentava o nosso grande Pessoa.

Bom artigo, lúcido e corajoso, como se exige de um intelectual capaz de pensar pela sua própria cabeça, que não aguarda na bicha, de mão estendida, a benesse ou a sinecura aviltante do Poder, agora socrático, para alguns, socialista. Triste de quem com tal se contenta.

Boa semana para todos os que aqui se reúnem.

Tenente Proveta disse...

Portugal é um país diminuído pela indigência e obscurecido pela opacidade.

Zé Preto disse...

"Mário Soares, Presidente da República, foi impulsionador, subscritor e accionista de fundações e sociedades anónimas que receberam «donativos» e «contribuições» de empresários (...). Que esse dinheiro foi dado em circunstâncias tais que os dadores se acharam no direito de alimentar expectativas de «contrapartidas», «uso de contactos» e «abertura de portas» para negócios particulares (...). "Na mais conhecida dessas sociedades anónimas, a Emaudio, fundada já com Mário Soares em Presidente da República, este detinha a maioria do capital, 60%, através de um testa de Ferro, Rui Mateus".
Rui Mateus

A Procuradoria-Geral da República manteve sempre um silêncio sobre estas actividades criminosas.

Sepúlveda disse...

É espantoso como desde há uns anos, sempre que me lembro do 25ABR, sinto qualquer coisa. É um sentimento estranho, uma pedra no sapato. Percebi agora o que era e é: é o que AB descreve.

Só valemos a negação de outrém? O valor da nossa democracia é só ter-se derrubado uma não democracia?

Se for só isso, a verdade é que esse valor é perecível e vai deixar de ser importante a curto prazo, nem que seja pelo surgimento de muita gente que nem sequer assistiu a esse super triunfo que parece ser razão para que se diga muitos disparates acerca de liberdade e democracia.
Salazar lá ganhou um tal concurso da RTP...

josé ricardo disse...

não podia estar mais de acordo, principalmente no que diz respeito à recente remodelação do parlamento. uma completo e vergonhosa desvirtuação.

Sílvia disse...

"O valor da nossa democracia é só ter-se derrubado uma não democracia?"

Acha?!...

Como sabe, o derrube da ditadura permitiu ao povo português escolher a liberdade e a democracia, não apenas no dia 25 Abril/74 mas em todos os dias que lhe seguiram, até hoje. Ou será que já se esqueceu da voz firme de Mário Soares na Alameda, da Constituição da 3ª República, das lei(s) Barreto(s), só para nomear algumas das primeiras acções de conquista em direcção à Democracia? Ninguém nos ofereceu a Democracia, mas sim as condições para a podermos construir e desenvolver, com a colaboração de todos, nem sempre de forma pacífica, como deverá recordar-se.
Ao fim destes 35 anos, a democracia está consolidada neste país (ou terá dúvidas?), o que não quer dizer que deixemos de ser exigentes, não só connosco, enquanto cidadãos, mas também com os nossos representantes eleitos e detentores de cargos(as) nos órgãos do Estado. Aliás, se formos tão exigentes connosco no nosso quotidiano, na actividade cívica, moral e ética, como somos, às vezes, em relação Estado Português, não tenho dúvidas nenhumas de que em pouco tempo ultrapassaremos, em grande escala, os 300 e tal anos de democracia e civilidade da Inglaterra, muitas vezes referidas nos seus valores por AB, no seu discurso snob a que já nos habituou.

joshua disse...

Por que motivo a Sílvia não confessa que se agasta com a nossa exigência cívica, moral e ética, em relação Estado Português?!

Como ultrapassaremos, em grande escala, os trezentos e tal anos de democracia e civilidade da Inglaterra, se o bom exemplo não vem de cima, pelo contrário, vem a sanha e os tiques sul-americanos?!

Se o Estado, mesmo em tempo de crise, não frugaliza os seus gastos com clientelas e gestores públicos, cujos ganhos aliás nem se atreve a dar conta ao povo português, tal é o escândalo, como encontraremos ânimo para nos deixar crucificar em Fisco e em Desemprego, tão mal geridos, defendidos diplomaticamente nos negócios?!

Que sarna, Sílvia! O médico analista não tem de ser o terapêuta. A AB o que é de AB e ao Poder Político o que lhe imcumbe obrigatória e não facultativamente.

O bom rumo do Estado Português também se deve a sábios conselheiros como AB, se lhe derem ouvidos. Escutar. Ouvir muito. Não presumir tudo, eis o Futuro (aparentemente um dos grandes exemplos carismáticos de Obama).

Meta isso na sua cabeça impenitente de um cio irredutível.

www.angeloochoa.net disse...

«Desamor ao passado...»
Diz Lusitânea no Bairro Latino..
Manuel Braz
poetisa a pé-quebrado.
Senhor Anónimo
i-ne-xiste!
Senhor José Ricardo é
mui ESPECIOSO!
Senhor Proveta
sentencia douto.
Senhor Zé Preto
põe preto no branco nas soarinhas negociatas.
O Senhor Sepúlveda
é mesmo muito antigo.
(Friso de comentários lindo, e
lindo texto de AB queestásempreprà'ívirado.
Uma Senhora de Sílvia valha-me Deus porque raia a frenética idiotia!
Senhor Viriato nada trágico dá um bom literato.
Senhor Jeochua de Stº Sudário atinge mouches e acerta..
ANTE ISTO O QUE ME MAIS CUSTA A ENTENDER A MIM E A TODOS OS SRS POLITICOS E PARA-POLITICOS É O MANDAMENTO DO AMOR, ANTIGO DE MAIS DE 2000 ANOS:
«amai vossos inimigos, porque se amais amigos nada fazeis de especial só retribuis, amardes inimigos é amardes sem esperar troca é amardes excelentemente e sem limites...»
Cristo, anda ver isto!
(QUE NÃO SE TRATA DE PROVOCAÇÃO A TANTOS GRAÇAS A DEUS ATEUS QUE ATÉ CONHEÇO!)
«RIRÁ MELHOR QUEM RIR POR FIM» (José Afonso, A Morte Saiu à Rua)

www.angeloochoa.net disse...

Corrigindo, após cantarolar, o do Zeca verso:
«Que um dia rirá milhor quem rirá por fim!...»

Anónimo disse...

Eu não vivi o 25 de abril. Nasci e vivi sempre em democracia. As 2 gerações antes da minha, ainda vivas, e que viveram o 25 de abril e o 15 de Novembro, não me deixam, a mim, e à minha geração, e àquelas a seguir à minha, ser livres o suficiente para poder participar no desenvolvimento da Democracia.

Essa geração mantém-me e aos meus, reféns de uma página (importante) da história. As imagens deveriam ser as imagens daquilo que ainda é preciso fazer. Deveriam ser imagens daquilo que queremos para Portugal agora e no futuro.

Ninguém, no seu perfeito juízo, celebra uma marca histórica da sua vida remoendo os fantasmas do passado. E um estado/sociedade igual.

Cumprimentos

DSC

Guidinha Pinto disse...

Não faço um comentário.
Lê-lo é aprender. Isso basta-me.
Obrigada António Barreto.

B.A. disse...

Aprendo, sempre que leio AB.
Não pertenço ao grupo dos que se julgam tão saciados que nunca mais precisarão de fontes. Eu preciso e a do AB é de água límpida.
Ao contrário da Silva ou Silvia, não chafurdo nas águas lamacentas daqueles que envergonham este País e que, a serem genuínos os seus pensamentos aqui expressos, são os seus heróis.

Silvia disse...

Caros "cães de guarda" de AB:
Ao contrário do que pode parecer, eu sobrestimo AB, daí a minha indignação e mesmo irritação com o seu modo desastrado e rancoroso de fazer oposição política ao actual governo e ao status quo, colocando ele, assim, em causa o meu ideal de intelectual e credibilidade.

Tenham um bom fim de semana.

joshua disse...

Sílvia, isso de nos apodar de "cães de guarda" de AB e de ler nele rancor colocando em causa o seu ideal de intelectual e credibilidade não lembrava ao diabo.

As suas prioridades estão trocadas e o sentido de rectidão e probidade também. AB encarna a liberdade e a lucidez. O cio cego da Sílvia incensam a imoralidade presente e remetem para a desgraça que ronda o País graças a ausência de escrúpulos e lisura nos seus representantes.

Isto é cristalino para um coração de boa fé.

Arrependa-se e converta-se. É sempre possível desenvenenar o sangue do fanatismo clubístico do Poder por ser Poder.

Florêncio Cardoso disse...

Se eu entrar numa discussão qualquer onde o teor do que lá é dito não me agrada, só tenho de debitar duas ou três patacoadas, de preferência em tom agressivo e, se necessário, completamente fora do assunto que se está a discutir.

Não falha, mesmo quando as vítimas têm uma lucidez acima da média:

Toda a gente se virará contra mim, discutirá até a minha sanidade mental... mas não me importarei, pois a ideia é mesmo essa: desviar as atenções do assunto em debate.

Elementar, meus caros...

Anónimo disse...

Concordo com o Florêncio. De facto, esta Sílvia ou Santos Silva, como lhe queiramos chamar, tem uma finalidade específica, é derrotar pela preserverança aqueles que não alinham na ideologia ditatorial do mui amado e iluminado lider que, para nossa desgraça e dos vindouros, nos calhou na rifa.

Realmente, a cadela «Sílvia», com o cio que demonstra ter em relação ao Zézito, pensa que todos somos da mesma família.

Alguns dos que aqui vêm, nomeadamente a minha pessoa, sentem por AB uma enorme admiração e respeito pelo intelectual e livre pensador que de facto é o AB.


Se fosse apologista da fidelidade canina, não estaria aqui a ler com gosto as crónicas do AB, faria sim o mesmo que o Santos Silva faz, i.é., assumir-me-ia como um profundo admirador de AB, mas de seguida daria uma valente ferroada nas suas crónicas, correndo depois a abrir o «corporações», verdadeira latrina da blogosfera, entoando na sua caixa de comentários cânticos e louvores ao nosso querido Zézito. Claro que gradeceria também as santos ter uma terra, bem portuguesa, dado à luz um estadista que só encontra igual em Santa Comba Dão, aldeia que por certo se irá geminar, pelos motivos óbvios, com Vale de Maçada.

Deixe que lhe diga, as Sílvias uivam e a caravana passa . . .

Asa Negra

um bife mal passado disse...

Fascinante. Foi um pormenor que me escapou apesar do facto que eu era uma das individualidades presentes. Até escrevi um post no meu blogue sobre a semiotica de 25 de Abril, que suscitou alguns comentários (lição para Embaixadores estrangeiros - não mexe com o 25 de Abril). O pormenor da retirada da fotografia poe em relevo uma questão; o 25 de Abril e a celebração dum momento do passado ou uma transição até o presente?

António Barreto disse...

Caro Bife mal passado,
Curioso! Cheguei a perguntar-me qual teria sido a reacção dos Embaixadores presentes, assim como de outros estrangeiros e observadores menos familiarizados com os costumes locais! O ritual de que você fala parece ser de auto-afirmação. Ou de legitimação. É uma espécie de apelo ao “retrato do Comendador”. Não de um Justiceiro, como na ópera, mas do carrasco de que os libertinos se livraram.
AB

Unknown disse...

Bem, como é que se comemora o 25A sem falar do 24A, é que eu não sei, sinceramente, seja no parlamento, seja na rua... e olhem que eu sou também todo pelo futuro. Notem, no entanto, que o tal futuro, a tal consolidação da democracia e tal, só foi possivel pelo facto incómodo e pouco protocolar de ter caido um anterior regime, regime esse que tinha rostos, imagine-se. E note-se que o episódio relatado pelo António Barreto é um pequeno momento de um determinado dia do ano. Os senhores embaixadores compreenderão, certamente, não? E se não compreenderem, que se há-de fazer? Paciência, isto é uma terra de bárbaros e estranhos costumes, não é?

Pedro