Senhora Directora,
POR VÁRIAS vezes, no decurso das últimas semanas, fui surpreendido por escritos alusivos à “História de Portugal” da autoria de Rui Ramos (coordenador), Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, publicada em 2009. A maior parte desses textos apareceram no Público e o seu principal autor é Manuel Loff. Sei bem que a liberdade de expressão não pode ser limitada de ânimo leve, nem sequer pela qualidade. Mas é sempre triste ver que a inteligência, o rigor e a decência têm por vezes de ceder perante essa liberdade última que é a de publicar o que se pensa.
Quando tive a honra de apresentar o livro, na Sociedade de Geografia, anunciei o que para mim era um momento histórico. Com efeito, esta “História de Portugal” quebrava finalmente o duopólio fanático estabelecido há muito entre as Histórias ditas “da esquerda” e da “direita”.
As várias formas de “nacionalismo” e de “marxismo” e respectivas variantes tinham dominado a disciplina durante décadas. Apesar de algumas contribuições magistrais (e a de José Mattoso é das principais), ainda não se tinha escrito uma História global, compacta e homogénea que rompesse com a alternativa dogmática, que viesse até aos nossos dias e que, especialmente para o século XX, “normalizasse” a interpretação da 1ª República e do Estado Novo. Ambos estavam, mais do que qualquer outro período, submetidos à tenaz de ferro das crenças religiosas e ideológicas e ao ferrete das tribos.
Com esta História, estamos longe daquela tradição que cultiva e identifica inimigos na história. Agora, deixa de haver intrusos e parêntesis. Os regimes políticos modernos e contemporâneos, de Pombal à Democracia, passando pelos Liberais, pelos Miguelistas, pela República e pelo Salazarismo, eram finalmente tratados com igual serenidade académica, sem ajustes de contas.
Um dos feitos desta “História” consiste na “normalização” do século XX, marcado por rupturas e exibindo feridas profundas. Por isso me curvava diante dos seus autores, homenageando a obra que ajuda os Portugueses a libertarem-se de fantasmas. Mas, sinceramente, já não esperava que ainda houvesse demónios capazes de despertar o pior da cultura portuguesa.
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(*) Enviada no dia 1 de Setembro de 2012 e publicada no dia 3.
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5 comentários:
Estamos, então, em presença de uma História "centrista", é isso? Uma História neutral, do actual mainstream da intelectualidade investigadora, agora aconchegada a um poder do qual se fará estória mais tarde.
ps: há muito tempo que não via apelos, directos e indirectos, à censura em jornais, escrito por personagens que tinha como tolerantes.
só por curiosidade há séculos sem roturas ou rupturas ou sem turras monumentaes?
o século 6.000 a.c?
esse deve ter sido por causa da explosão do super vulcão de yellowstone
bem bou ber o quéqué um jo manne
há história neutra?
iste é um blof in férias?
ou o pocalipso maia já chegou?
vendem afundações com estudos inté 2030
e acabam com o mundo 3 meses antes do prazo
3 meses e 18 dias
histérias da histoira
a histoira é viva...mesmo a da terceira edad
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