Senhoras conversam e esperam ao lado de uma betoneira, Nazaré – Poderia esconder-se o nome da terra e perguntar “Onde fica?”. As respostas seriam diversas. Alguém diria Nazaré, mas a maior parte diz Irão, Argélia ou Marrocos. Quanto à data, os palpites oscilariam muito, começando nos anos quarenta, sendo que as épocas mais modernas eram sugeridas por causa da betoneira que, apesar de rudimentar, já supõe uma fase média de industrialização. Poucas pessoas se aventurariam a dizer 1983, data real da fotografia. Na praia, em frente, ainda havia carapau e sardinha, aos milhares, a secar ao sol e não apenas a meia dúzia destinada a consumo caseiro e para turista ver, como se observa hoje. As discussões sobre a modernidade em Portugal nunca deveriam esquecer estas imagens. Também as alusões feitas às senhoras das “burcas”, dos “niqab” e dos “chador” deveriam ter em mente a Nazaré. E também, já agora, todo o país, do Soajo a Montesinho, dos Candeeiros ao Caldeirão.
DN, 19 de Março de 2017
domingo, 19 de março de 2017
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1 comentário:
Pois, nem tudo que parece é!
Comparar o traje de uma mulher portuguesa presa ainda ao luto e à pobreza com o traje de uma mulher islamita que, por imposição religiosa, ostenta burca, niqab ou chador tanto nos chiques Harrods de Londres como nas aldeias entre o Tigre e o Eufrates, parece não fazer sentido algum.
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