Alcobaça – Gótico em toda a sua plenitude, deslumbrante de equilíbrio e beleza, depurado, de uma impressionante sobriedade, começado a construir no século XII para os monges de Cister, por doação de D. Afonso Henriques, é monumento nacional desde 1910 e Património da Humanidade desde 1989. É certamente uma das mais belas obras de arte edificadas ou existentes em Portugal. O mosteiro já esteve abandonado, já foi descuidado, já foi devassado… Resistiu a tudo, aos bandidos, aos revolucionários, aos franceses e aos vendilhões. Esperemos que agora resista também à austeridade, à demagogia política, ao turismo, ao mercado e ao inevitável hotel de charme que se anuncia. Eu sei que a nave central, o cruzeiro, os túmulos de Pedro e Inês, a cozinha, o refeitório, os claustros, o deambulatório e a estátua de Santa Maria de Alcobaça com o Menino têm enorme capacidade de atracção. Mas não deixo de acrescentar a luz de Alcobaça. Que só existe ali. Por entre aquelas pedras.
DN, 12 de Março de 2017
domingo, 12 de março de 2017
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3 comentários:
Em Portugal e no resto da Europa, o “gótico em toda a sua plenitude” aconteceu mais tarde, no denominado gótico radiante. Aqui, em Alcobaça, na estrutura primeira e medieval, temos o gótico inicial que, apesar da novidade da verticalidade e elegância permitida pela abóbada em ogiva, não deixa de estar ainda dependente da sobriedade românica.
Sílvia
Concordo com a questão da luz velada dentro do mosteiro onde domina um sobriedade que pede para ser vista e convida à reflexão. E isto não é ambiente comum. Embora haja outros mosteiros, cada um tem sua aura. E espero que nunca, jamais, em tempo algum, se torne um hotel. Pensá-lo já é herético.
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