domingo, 28 de dezembro de 2014

Luz - Terreiro do Paço, Lisboa

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Depois de anos e anos de abandono e desordem,
o Terreiro do Paço foi finalmente limpo, reorganizado e pavimentado. Retiraram-se os carros, quase todos, da maior parte da praça. Ficou uma rua para todo o tráfego e uma nesga infame, ao lado do torreão poente, para uma dúzia de automóveis dos senhores ministros e dos senhores secretários de Estado. À volta de toda a praça (seguramente uma das mais belas do mundo), apareceram restaurantes e cafés, uns discretos, outros com publicidade e ruído infectos. Enfim, paciência. O pavimento da praça ficou certamente claro de mais, a luz reflectida quase fere os olhos. Aliás, pode ver-se: quando chegam à praça, a primeira coisa que fazem as pessoas desprevenidas é pôr óculos escuros. Se os têm. A praça quase se prolonga agora até ao Cais do Sodré. Nesse percurso, há hoje relva, princípios de árvores, escadarias até ao rio, bancos e degraus… O Cais das Colunas foi reaberto e está acessível, menos quando há obras, o que parece ainda hoje, Outubro de 2014, acontecer quase todos os dias. No Terreiro do Paço e áreas adjacentes, vêem-se agora milhares de turistas, parte de um fenómeno realmente novo e que toca directamente a Lisboa e Porto. Por várias razões (Mediterrâneo em guerra, crise económica, custo de vida, voos “low cost”, beleza das cidades, interesse pelas cidades antigas, clima e mesa, etc.), aquelas duas cidades são hoje, desde há uma década, centros de atracção de turistas como nunca se tinha visto antes. Estes autocarros vermelhos fazem parte dos relativamente novos equipamentos de turismo. (2014)

domingo, 21 de dezembro de 2014

Luz - Cabine telefónica com estranhos ocupantes, Genebra, Suíça

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Que poderá dizer-se ou pensar-se desta imagem? O lenço vermelho no exterior e o cão dentro da cabine deixam lugar a hipóteses atrevidas e interpretações selvagens. O senhor não está sequer a falar, como se pode ver pelo auscultador pendurado no seu descanso. Que fará ele? Lê a lista telefónica? Olha para coisas suas? (Ca. 1970)

domingo, 14 de dezembro de 2014

Luz - Alhambra, Andaluzia, Espanha

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Localizado à margem da parte mais conhecida e original do Alhambra, este é um edifício imponente e pesado, talvez sem graça exterior aparente. Mas o trabalho da pedra é impressionante. Não conheço o nome ou o termo técnico para estas paredes e para este género de “almofadas”, mas este é um estilo de obra em pedra frequente em países de origens e tradições hispânicas. É curioso que também em móveis de madeira se possa encontrar uma estética parecida com esta. (2008)

domingo, 7 de dezembro de 2014

Luz - Muralhas de Sacsayhuamán (ou Sacsahuamán), Cuzco, Peru

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Estas muralhas são maravilhosas. Infelizmente, representam apenas uma muito pequena parte do original mandado construir nos séculos XIV e XV para defender a capital do Império Inca. Quando os espanhóis chegaram e conquistaram, retiraram a maior parte da pedra a fim de construir edifícios e desenvolver a cidade. O que fizeram. Na verdade, um número importante das construções, a começar pelos edifícios públicos, monumentos e Igrejas ainda hoje a uso, é feito com pedra saída daqui para as fundações e os muros até ao primeiro andar. Ainda hoje não se conhece tudo destas muralhas. Eram militares, mas também de armazenamento de alimentos e outros bens. As pedras gigantescas foram cortadas e juntas com uma absoluta precisão: em muitos sítios não cabe uma faca ou uma folha de papel entre dois pedregulhos. Não se sabe como foram talhadas as pedras, nem como foram transportadas até aqui. Estas muralhas ficam a um ou dois quilómetros a Norte de Cuzco. Apesar da subida, chega-se lá facilmente a pé. Foi o que fiz, mal aterrei na cidade. Estava de tal maneira eufórico com a minha primeira estadia em Cuzco (antes, Iquitos e Lima, uns dias depois, Machu Pichu e o lago Titicaca, lugares que me encantavam desde a adolescência…), que nem tomei as precauções indispensáveis. Dada a altitude, era necessário começar a andar devagar, prever um dia para me habituar, não beber cerveja, tomar uns comprimidos de Coramina glicose, comer pouco, dormir… Ora, mal desci do avião, fui ver as muralhas, passei lá quase um dia, andei a correr atrás dos lamas, bebi o que encontrei, incluindo uma aguardente inca horrorosa… Nessa noite, fui para a cama com uma dor horrenda em todo o corpo, um estouro na cabeça e as articulações a gemer… O médico das urgências sorriu, disse entre dentes qualquer coisa como “estes parvos destes turistas…”, deu-me os medicamentos habituais e mandou-me descansar um dia. Foi o que fiz e não voltei a repetir a graça. (1971)