domingo, 30 de setembro de 2012

Luz - Vale do Douro, 2006

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Mais uma vista do Vale deste maravilhoso rio. Fotografia tirada de dentro do rio, a bordo de barco de turismo. A localização é no chamado “Douro superior”. Na margem esquerda, à direita nesta imagem, consegue ver-se uma inscrição numa pequena casa branca: “Quinta do Vesúvio”. Não é o edifício principal da quinta, quase monumental, é apenas uma inscrição de identificação. A Quinta do Vesúvio, mais uma da “Ferreirinha”, a Dona Antónia, era uma das mais famosas daquela senhora e daquele grupo ou família. Há poucos anos, foi vendida ao mais importante grupo de vinho do Porto, o dos Symington. À esquerda da imagem, na que é a margem direita do rio, as escarpas mostram paredes de granito, presente em certos troços de uma região com bem mais xisto. Na rocha, umas estranhas “pinturas” amarelas: são pólenes de árvores e arbustos que dão um curioso colorido a certas partes do vale. (2006).

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Encontro “O Presente no Futuro – Os Portugueses em 2030” (Sessão de Abertura)


Senhoras e Senhores,
  
EM NOME da Fundação Francisco Manuel dos Santos, saúdo todos os presentes, convidados, oradores, relatores, voluntários, parceiros, agências e empresas organizadoras. Dou-vos as boas vindas e exprimo os meus votos de uma excelente jornada de debates e convívio.
Saúdo o mais velho convidado deste Encontro, com 88 anos. Saúdo a família que inscreveu três gerações, pais, avós e filhos ou netos. Saúdo o mais novo convidado, que, com um mês de vida, ainda não me pode perceber!
Após três anos e meio de existência, esta Fundação tem hoje uma iniciativa de grandes dimensões. Esta é a nossa primeira grande conferência. Pretendemos criar uma tradição ou um hábito. Gostaríamos de realizar um Encontro deste tipo todos os anos.
Este Encontro foi organizado sob a orientação científica de Maria João Valente Rosa, com a ajuda de um Conselho Científico e a colaboração de muita gente liderada pela comissão executiva de José Soares dos Santos e Pedro Castro.
O “Presente no Futuro – Os Portugueses em 2030” foi o tema escolhido. Aproveitámos a publicação pelo Instituo Nacional de Estatística dos resultados finais do Censo 2011. Assim como os trabalhos da PORDATA. E as previsões e projecções da população para 2030 e 2050 preparadas por Maria Filomena Mendes e Maria João Valente Rosa. É uma boa altura para olharmos para nós e para tentarmos descortinar o que podemos ou queremos ser dentro de duas ou três décadas. Com as projecções que serão analisadas ao pormenor durante estes dias, vemos que a população portuguesa se encontra numa fase de extraordinária importância. Alguns cenários sugerem que Portugal pode perder entre dez a trinta por cento da sua população em vinte a trinta anos!
A missão desta Fundação tem, à cabeça, o estudo, a divulgação, a informação, o conhecimento e o debate. Com esta Conferência, cremos estar a cumprir essa missão. Tanto mais que consideramos que o povo português não está devida e suficientemente informado, nem tem oportunidades bastantes para debater os seus problemas e as suas opiniões. Talvez seja esta uma tradição ou um antigo fardo, mas não nos conformamos. Se a nossa primeira preocupação, o nosso objectivo central e o nosso desígnio fundamental é a liberdade, também sabemos que a informação, a opinião independente e o debate público são condições e instrumentos de liberdade. É para isso que queremos colaborar. Porque não acreditamos que as autoridades e as forças políticas sejam suficientes para proteger a liberdade. E parece até que as instituições políticas não estão à altura da gravidade dos problemas, das carências dos Portugueses e da procura de soluções. Por isso temos a certeza de que todos devemos contribuir.
Parece haver algo de estranho. Enquanto, lá fora, no país e na sociedade, se vivem momentos particularmente difíceis, aflitivos mesmo, nós estamos aqui a discutir o que será dos Portugueses dentro de vinte a trinta anos! Enquanto o mundo, lá fora, sofre e luta pela sobrevivência, nós, no conforto deste Encontro, estudamos e discutimos os cenários para 2030! Parece absurdo, mas não é.
Foi uma decisão nossa: prever, projectar e antecipar... Para melhor decidir hoje. Para tudo saber hoje. Para formar opinião hoje. Isto, porque queremos preparar as próximas décadas. E porque pretendemos cuidar de um bem valioso: a liberdade de escolha.
Não me ocorre discutir aqui a política nacional, nem, por exemplo, as recentes medidas oficiais decorrentes dos acordos de assistência internacional. Não é para isso que aqui estamos. Mas sei, sabemos que os Portugueses estão preocupados. Inquietos. Por vezes até aflitos. Vivem um dos momentos mais difíceis da nossa história recente, uma das mais sérias crises sociais e económicas. Muitos não sabem como vão viver amanhã, em 2013 ou 2014, e nós estamos aqui a discutir 2050! Parece irónico, mas não é. Partimos do princípio que as melhores soluções, mesmo para os problemas do dia, são as que forem pensadas com profundidade, com participação e com conhecimento ou informação.
Mais ainda, as decisões tomadas hoje vão moldar o país que teremos em 2030. Nas migrações, por exemplo. Na habitação e no urbanismo. Na organização da educação e da formação profissional. O que fizermos hoje, como o fizermos e quando o fizermos, não terá apenas efeitos nos défices, nos rendimentos ou na segurança de amanhã ou depois. Será o princípio do que seremos dentro de duas décadas.
Se não soubermos cuidar hoje da informação, do debate, da opinião livre e da coesão social, então perderemos mais tarde o bem mais precioso: a liberdade de escolha.
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Fundação Francisco Manuel dos Santos
Lisboa, Centro Cultural de Belém, 14 e 15 de Setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

Luz – Tourada, Terceira, Açores, 2011

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Não gosto de touradas, muito menos quando os bichos estão presos com cordas puxadas por uns tantos rapazolas, bem protegidos atrás dos muros, das árvores ou dos candeeiros. Mas também reconheço que esta modalidade, sem sangue nem farpas ou bandarilhas com arpões, tem muito menos violência do que as outras touradas, a pé ou a cavalo. Já aqui publiquei uma ou duas fotos relativas a uma destas corridas em São Mateus, perto de Angra do Heroísmo. São festas sociais ou romarias onde se come, bebe, intriga, namora e faz negócios. (2011)

domingo, 16 de setembro de 2012

Luz - Tonéis, RCV, Gaia 2007

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Armazém antigo da Real Companhia Velha, em Gaia. Enormes tonéis de vinho do Porto à direita e pipas empilhadas à esquerda. Estas últimas contêm “Colheitas” de 1981 e de 1982. A “Colheita” é uma das especialidades de vinho do Porto. Pertencem a um só ano, uma só vindima, tal como os “vintages”. Mas, ao contrário destes, fazem longos estágios em madeira, isto é, em pipas e tonéis. (2007).

domingo, 9 de setembro de 2012

Luz - Terceira, Açores 2011

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Num intervalo de uma tourada à corda ou corrida de touros á corda, em São Mateus, a poucos quilómetros de Angra do Heroísmo. Há duas centenas ou mais destas corridas ao longo do ano. Realizam-se nas aldeias, nas vilas ou nos bairros das cidades. Parece mesmo que existe uma “coordenação” a fim de evitar que haja muitas corridas ao mesmo tempo. É tradição própria da Ilha Terceira, mesmo se noutras ilhas se pode esporadicamente organizar uma tourada parecida. As primeiras destas touradas de que há registo datam do século XVII. Há verdadeiros fanáticos que percorrem a ilha de tourada em tourada. E de cerveja em cerveja, acrescente-se... Os touros são largados nas ruas, durante pequenos percursos, de quinhentos a mil metros, amarrados a uma corda que se vai esticando até certo limite. As pessoas aproximam-se e fogem quando o touro chega. Não consta que haja feridos graves. Não se maltratam os touros de modo excessivo. Terminada a tourada, os animais voltam para as pastagens e ainda podem ser utilizados mais umas tantas vezes. É cerimónia social e romaria, mais do que arte tauromáquica. Dentro de casa, em cima dos muros ou atrás das grades, os visitantes e os turistas não correm grandes perigos. A maior parte, aliás, está atarefada e consumir enormes piqueniques e imensas grades de garrafas de cerveja. Uns rapazolas mais destemidos lá vão tentando impressionar as moças... Só uma vez vi um levar umas “marradas” sérias. (2011).

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Carta endereçada à Directora do "Público" (*)

Senhora Directora, 
POR VÁRIAS vezes, no decurso das últimas semanas, fui surpreendido por escritos alusivos à “História de Portugal” da autoria de Rui Ramos (coordenador), Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, publicada em 2009. A maior parte desses textos apareceram no Público e o seu principal autor é Manuel Loff. Sei bem que a liberdade de expressão não pode ser limitada de ânimo leve, nem sequer pela qualidade. Mas é sempre triste ver que a inteligência, o rigor e a decência têm por vezes de ceder perante essa liberdade última que é a de publicar o que se pensa. 
 Quando tive a honra de apresentar o livro, na Sociedade de Geografia, anunciei o que para mim era um momento histórico. Com efeito, esta “História de Portugal” quebrava finalmente o duopólio fanático estabelecido há muito entre as Histórias ditas “da esquerda” e da “direita”. 
As várias formas de “nacionalismo” e de “marxismo” e respectivas variantes tinham dominado a disciplina durante décadas. Apesar de algumas contribuições magistrais (e a de José Mattoso é das principais), ainda não se tinha escrito uma História global, compacta e homogénea que rompesse com a alternativa dogmática, que viesse até aos nossos dias e que, especialmente para o século XX, “normalizasse” a interpretação da 1ª República e do Estado Novo. Ambos estavam, mais do que qualquer outro período, submetidos à tenaz de ferro das crenças religiosas e ideológicas e ao ferrete das tribos. 
Com esta História, estamos longe daquela tradição que cultiva e identifica inimigos na história. Agora, deixa de haver intrusos e parêntesis. Os regimes políticos modernos e contemporâneos, de Pombal à Democracia, passando pelos Liberais, pelos Miguelistas, pela República e pelo Salazarismo, eram finalmente tratados com igual serenidade académica, sem ajustes de contas. 
Um dos feitos desta “História” consiste na “normalização” do século XX, marcado por rupturas e exibindo feridas profundas. Por isso me curvava diante dos seus autores, homenageando a obra que ajuda os Portugueses a libertarem-se de fantasmas. Mas, sinceramente, já não esperava que ainda houvesse demónios capazes de despertar o pior da cultura portuguesa.
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(*) Enviada no dia 1 de Setembro de 2012 e publicada no dia 3.

domingo, 2 de setembro de 2012

Luz - Stand de rua, Moscovo 2010


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Os curiosos que procurem os seus heróis preferidos. Procurem-se heróis. Estão lá todos... Lenine, Estaline, Mao Tsé Tung, a Gorda do circo, Buda, um Marine, todos os bichos imagináveis incluindo um T-Rex, “La République”, o Tio Sam, Ghandi e o Papa... Do outro lado da estrada, fica a Universidade de Moscovo, o mais acabado e imponente edifício de puro “gótico estalinista”. (2010)