Uma família de dois filhos gastou,
em Setembro deste ano, 685,68€ em livros obrigatórios e material. O do 5º ano,
473,68€. O do 3º ano, 212,00€.
Outra mãe de dois filhos deu-me
informação pormenorizada sobre alguns manuais dos 7º e 10º anos. O mais barato
custa 23,28€ e o mais caro 39,79€. No total, uma verba acima dos 600,00€.
Pensando no rendimento das
famílias portuguesas, na necessidade de desenvolver a educação e no custo real
da produção de livros, estes são preços absurdos.
Ao fim de trinta ou quarenta anos
de leis, umas de direita, favoráveis à liberdade, outras de esquerda,
orientados pela igualdade, temos preços de manuais obscenos. Mais caros do que livros
de autores famosos com direitos de autor elevados…
Vejamos o que nos diz a teoria. Com
a direita, a liberdade de escolha preside à nossa vida. A concorrência beneficia
o consumidor. A mão invisível faz com que as distorções do mercado não
desempenhem um pérfido papel. Na sua impiedade, o mercado eliminará a corrupção
e a especulação. Com a liberdade, sei quais são os melhores manuais escolares
para os meus filhos.
Com a esquerda, o Estado protector
preside à nossa vida. O Estado regula o mercado e a minha escolha é informada. A
autoridade democrática impõe preços razoáveis, zela pela igualdade, proíbe a
corrupção e fomenta a qualidade técnica. Com o Estado, sei quais são os
melhores manuais escolares para os meus filhos.
O que temos, num e noutro caso,
são os manuais mais caros da Europa, pesados, luxuosos e efémeros. Não transitam
de irmão para irmão, são impressos em papel muito caro e têm páginas inúteis em
papel couché. Abundam em exercícios
fúteis e fotografias ridículas. Muitos são de medíocre qualidade técnica e
científica.
A produção de manuais escolares
está nas mãos de um racket com mais
poder que o Estado e as famílias. Com mais força que a esquerda e a direita.
Livro de reclamações - DN, de 8
de Novembro de 2015
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