domingo, 25 de outubro de 2015

As Praxes universitárias

Com o fim de Outubro, terminam as actividades que dão pelo nome de praxe e que consistem num catálogo de actos gratuitos de violência, de assédio sexual, de bebedeira, de escatologia barata, de expressão animalesca de autoridade e de deficiência moral profunda. Alguns, autores ou vítimas, alegam que se trata de actividades iniciáticas e de integração dos jovens caloiros. O que não ponho em dúvida: estas actividades revelam bem a qualidade dos comportamentos que se esperam para os integrados e veteranos. Como sou liberal, não me ocorre tentar proibir ou castigar quem praxa ou é praxado. Cada um come o que gosta. Mas não me conformo com o facto de essa gentinha andar por aí à solta em território comum. Nem me parece aceitável que essas actividades sadomasoquistas se realizem diante de nós. Sei bem que os imbecis têm direito à vida. Também sei que há estudantes que gostam de praxar e outros de ser praxados. Como sei que há professores que aceitam as praxes. É sabido que muitos estudantes que não aceitam ou não querem a praxe, têm dificuldades em escapar, dadas as pressões psicológicas e outras exercidas sobre eles. Dito isto, os idiotas que querem divertir-se na praxe podem fazê-lo. Em privado, de preferência. Já me surpreende que o Estado, as leis da comunidade, os deputados do Parlamento, os professores, os dirigentes das escolas e algumas polícias não façam o que têm de fazer: proibir as praxes dentro das escolas, das instalações públicas, nos recreios e recintos das universidades e nos territórios ou espaços públicos sujeitos à autoridade, entre os quais os jardins e os parques. As universidades deveriam também deixar de subsidiar as associações que se dedicam à praxe. Enquanto se sentirem tolerados, os idiotas da praxe continuarão. Quando se sentirem pestíferos, talvez comecem a pensar…

Livro de reclamações - DN, 25 de Outubro de 2015

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