Calçada de Carriche,
em Lisboa – Foi a 28 de Setembro de 1974, há quarenta e dois anos. Dia
previsto para uma manifestação da “Maioria silenciosa”, convocada por grupos de
direita para apoiar os projectos do General Spínola (então Presidente da
República) e contrariar as intenções dos revolucionários do MFA (Movimento das
Forças Armadas) e dos partidos de esquerda, em particular do PCP. Barricadas
organizadas pelos militares e por civis dos sindicatos e dos partidos impediam,
nas entradas na cidade, a chegada de pessoas e de carros. Todos eram
revistados. Procuravam-se reaccionários, armas e bombas. Encontravam-se “mocas”
e garrafas! Os civis, alguns com braçadeiras de “piquete”, ajudavam e davam
instruções aos soldados. As esquerdas venceram, não houve manifestação. Dezenas
de pessoas foram presas sem mandato nem acusação. Spínola demitiu-se. Muitos
militares foram saneados. Como na Alemanha nazi, na Itália fascista, na Rússia
comunista, no Egipto de Nasser e agora na Turquia de Erdogan, foi o processo
clássico: golpe chama contra-golpe. E os novos golpistas fazem, a quente, o que
não ousavam fazer a frio.
DN, 2 de Outubro de 2016
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