O Dr. Carlos Costa é um homem
decente e um profissional experimentado. Já deu suficientes provas da sua
dedicação à causa pública. Exerce as funções de Governador num dos piores
momentos da história do Banco de Portugal, da economia nacional e do sistema
bancário. Para esse cargo, foi designado pelo Primeiro-ministro de um partido e
confirmado pelo Primeiro-ministro de outro. Tanto quanto se sabe e é público,
esteve isolado durante os períodos mais difíceis, como a bancarrota de 2011 e o
acordo com a Troika. Os governantes e outras entidades refugiaram-se então atrás
da independência do Banco e da sua verdadeira tutela, o Banco Central Europeu.
Além disso, o Banco de Portugal teve de enfrentar sozinho os casos do BES, do
BANIF, do NOVO BANCO e os restos do BPN. As autoridades portuguesas evitaram
contactos com o Banco. Este colocou-se na difícil posição de charneira,
entalado entre o governo nacional e o banco europeu. Ambos preferiram
desaparecer do palco. Ambos deixaram que “o outro” ficasse com as
responsabilidades, sobretudo se houvesse desastres, o que era praticamente
inevitável.
Não tenho competência para
avaliar a actuação técnica do Governador Carlos Costa. Não sei se cometeu
erros. Como não sei se as suas responsabilidades são superiores às do Governo e
às do BCE. Mas nada justifica o comportamento do Primeiro-ministro, que acaba
de o maltratar. Em público e covardemente, pois sabe que não haverá
contra-ataque. O Primeiro-ministro abriu uma desconfiança e uma quezília entre
instituições, o que é inédito e grave. Portugal ficou a perder. O sistema
bancário também. Não se percebe se o Primeiro-ministro agiu assim porque quer
nomear um camarada, porque quer agradar aos seus aliados mais desbocados ou
simplesmente porque é imaturo. Mas lá que é infame, é! E a moda pode pegar. O
Dr. João Soares, Ministro da Cultura, teve atitude semelhante com o Presidente
do CCB.
DN, 28 de Fevereiro de 2016
2 comentários:
Reconheço não estar suficientemente documentada para falar dos dois casos. Não saber nem muito me interessar a banca nacional e internacional, mas entendo o primeiro ministro e falta-me paciência para Carlos Costa a quem calhou um período mau da economia portuguesa. Mas será que a forma como ele agiu nos vários casos é boa? O período mau não é desculpa.
Quanto a João Soares e à demissão que levou a efeito...espero que tenha sido bem demitido e não um capricho. Uma coisa revoltante é a dança das cadeiras quando a oposição passa a governo. Mas as pessoas não serão mais que membros de um partido? Não haverá ainda quem ajuíze os desempenhos, reconheça os bons e não os dispense? Talvez não haja.
Não tenho competência para avaliar a actuação técnica do Governador Carlos Costa. Não sei se cometeu erros. Como não sei se as suas responsabilidades são superiores às do Governo e às do BCE. Mas nada justifica o comportamento do Primeiro-ministro, que acaba de o maltratar.
SÓ MOSTRAS ALGUMA INTELIGÊNCIA QUE O EMPREGO NÃO É DURADOIRO.
QUANTO A JS CORRE O BOY
Enviar um comentário