domingo, 5 de julho de 2009

Erros seus

.
PARA O FUTURO DA UNIÃO e para as políticas europeias, as últimas eleições não tiveram qualquer importância. Presumia-se, justamente, que também não teriam para Portugal. Engano! Foram decisivas! Desde esse dia, tal como foi dito logo na noite eleitoral, passou a ser oficial que Sócrates não era invencível. O facto parece simples, mas não é. A partir dessa noite, tudo começou a mudar. Fidelidades foram postas em causa. A serenidade desapareceu. O nervosismo cresceu. Em duas semanas, foi o que se viu. Tudo correu mal, até um debate dito do Estado da Nação. Não há nada como os votos! Já muito vinha de trás, caso contrário os resultados eleitorais não teriam sido aqueles. Mas não era visível, nem oficial. Não havia provas. Passou a haver. A comparação é excessiva, mas podemos pensar nas primeiras eleições constituintes de 1975: de um dia para o outro, percebeu-se que os socialistas podiam ganhar, que os partidos democráticos eram largamente maioritários e que os revolucionários eram frágeis e minoritários!

Um pouco mais de distância temporal permitir-nos-á estudar melhor este processo de elevação e queda de José Sócrates. Para a primeira, recordem-se alguns feitos. A rápida ascensão a dirigente nacional. A obtenção de uma inédita maioria absoluta. A criação de uma expectativa nacional com receptividade popular. E a aparência de uma determinação rara. Tudo com ajuda a providencial, como sempre nestes casos, de circunstâncias: a deserção de Guterres, a fuga de Barroso e as trapalhadas de Santana.

O inventário da queda ainda está por fazer. Mas já é possível enumerar alguns erros fatais.
O primeiro, de carácter estratégico, foi o de declarar guerra a vários inimigos antes de ter planos preparados e tropas prontas. Foram os casos dos juízes, dos professores e dos médicos, entre outros. No dia de tomada de posse, com alarido e surpresa, atacou os magistrados. Todos. Culpados e preguiçosos. Depois, evidentemente, não conseguiu nem soube fazer a reforma da justiça. Nos dias seguintes, os professores levaram a sua conta. Mandriões e incompetentes. No fim do mandato, era a guerra civil e tudo está por fazer.

O segundo foi a ausência de um plano B. A intenção primordial era simples: por em ordem, durante três anos, as finanças públicas. Arranjar uma reserva, uma “folga”, como lhe chamou mais tarde, para gastar no quarto ano e vencer eleições. A crise financeira espatifou tudo. A “folga” serviu para colar cacos, comprar pensos, reparar avarias e apagar fogos. Depressa ficou demonstrado que uns mereceram mais atenção do que outros e que a reserva não chegou para tudo, nem para toda a gente, muito pelo contrário. Esta ausência de plano B ficou a dever-se também à ausência de um plano sério. Sócrates é amigo do pragmatismo, que louva sem medida. Há um problema? Nem vale a pena pensar, resolve-se o problema. Um a um. Aquilo a que alguns chamam “uma visão”, ou “uma ideia”, e que muitos desprezam como inutilidade intelectual e bem pensante, faz falta. Que ninguém duvide!

O terceiro foi acreditar nos mitos por si criados e na propaganda por si encomendada. Pensou sinceramente que a Europa fazia líderes nacionais. Por outras palavras, que o êxito do Tratado de Lisboa faria dele um Primeiro-ministro português inamovível e invulnerável. Por uns anos, pelo menos. A essa ilusão, acrescentou-se um erro de paralaxe: a certeza de que o êxito do Tratado de Lisboa era seu. A mitologia das obras públicas, da tecnologia e da “sociedade de informação” são outros exemplos destas crenças adolescentes, segundo as quais as grandes obras criam emprego, a tecnologia faz empresários e os computadores geram cultura e capacidades profissionais. Esta mitologia foi servida pela mais poderosa máquina de propaganda jamais criada em Portugal ao serviço de um governo. Assessores, consultores, agências, jornalistas, escribas, empresas especializadas e regras de comportamento e protocolo regularam a vida pública com uma minúcia inédita. Algures a meio do mandato, os governantes começaram a acreditar no que mandavam dizer de si e no que os seus servidores inventavam para os bajular. O resultado era previsível: desligaram do país que não se resumia à criação dos especialistas. Foi este clima que explicou, em parte, a maneira desastrada como o Primeiro-ministro se defendeu mal nos processos que o atingiram mais directamente, incluindo o do Freeport.

O quarto foi ter povoado o conselho de ministros de gente menorizada. Ou transformada em menor. Mesmo os bons ministros se sentiam constrangidos, diminuídos e serventes, o que previsivelmente negam em público, mas reconhecem em privado. Um gabinete destes concentra todos os méritos no “chefe”, faz dele a fonte de inspiração. Torna-o quase um herói. Mas também o contrário: faz dele a origem de todos os males. Transforma-o no único culpado dos erros, no responsável pelos fiascos. Tentar, em democracia aberta, ocupar todos os espaços, revela desconfiança e insegurança. Até porque, mais tarde ou mais cedo, os ministros começam a derrapar.

O quinto foi a confusão entre autoridade e rispidez. A primeira, quando serena, permite a flexibilidade e a correcção. É irmã da segurança. Se abrasiva, é sinal de insuficiência e de falta de experiência. Provoca irritação em todos, incluindo no próprio. Cria um clima de zanga colectiva. Substitui o pensamento pelos berros. Mantém fiéis pelo medo, não pela fidelidade.

O sexto foi a convicção de que se pode escolher pessoalmente os capitalistas e os empresários. A ideia de que o mercado se garante e desenvolve graças a intervenções pessoais. A esperança em que relações pessoais e circunstanciais com investidores são duráveis. A confiança depositada nos que vivem encostados ao governo. A certeza de que uma convergência de interesses e de favores, entre empresários e políticos, pode ser a base de um sistema. Nos últimos meses tem estado à vista o carácter efémero desta crença.

O sétimo foi a cedência às “reformas fracturantes”. As reformas, por via legal, dos costumes, da sexualidade e dos modos de vida, passaram a ser, na fantasia do Primeiro-ministro e dos cortesãos, o seu passaporte à esquerda, a compensação das suas políticas económicas e laborais. Como era de esperar, foi o PS que saiu fracturado.

Será ainda possível corrigir estes erros? Como diz a “Traviata”, quando Alfredo quer reparar os erros: “É tarde”!

«Retrato da Semana» — «Público» de 5 de Julho de 2009

26 comentários:

Manuel Brás disse...

I Parte

Com a queda angelical
do regime socialista,
a mudança será radical
contra gente irrealista.

O líquido saturado
de uma substância fedorenta,
deixa o país irado
contra esta política bolorenta.

A violência retórica
durante esta legislatura,
é a verdade histórica
de uma república imatura.

II Parte

Os valores de deferência,
agora desprezados,
são feitos de referência
a princípios arrevesados.

Mentidos e desmentidos,
pão nosso de cada jornada,
estes políticos incontidos
são de natureza esganada.

A verdade trapaceira
já está institucionalizada,
com gentalha arruaceira
e totalmente descredibilizada.

Manuel Brás disse...

III Parte

Os erros capitais
de uma legislatura falhada,
são tantos e fatais,
ficando a nação esfrangalhada.

As crenças adolescentes
e a propaganda encomendada,
originaram caos efervescentes
numa política trucidada.

A exacerbada autoridade
criou uma zanga colectiva,
aliada à falta de verdade
de uma política subjectiva.

Epílogo

A espessa mediocridade
que campeia na política,
acultura a mendicidade
de ideologia monolítica.

Em seco vai engolindo
a derrota recente,
o poder vai impelindo
uma atitude indecente.

Com falsos sentimentos
e dura consciência,
são estes os refinamentos
da nossa existência.

joshua disse...

António Barreto, meu caríssimo e admiradíssimo amigo. BRILHANTE! BRILHANTE! BRILHANTE!

leao disse...

Não sei o que se está a passar na cabeça do José Sócrates, mas para um homem sem ideias e conversa mole, já foi longe de mais. Não por mérito mas por peso das circunstâncias.
Agora que os ventos começam a mudar, parece que o timoneiro é pouco seguro, vai guinando em todas as direcções: todas lhe parecem boas tal é a desorientação. O constante inventar da roda também já não convence.

Anónimo disse...

Erro seu, em tomar o desejo por realidade.

António Viriato disse...

Prezado António Barreto,

Excelente balanço da estrepitosa «Ascensão e Queda» deste pequeno mito lusitano, putativamente socialista, José Sócrates de nome, o animal feroz, por sua própria cognominação.

Para os mais atentos, a sua aura começou a desvanecer-se logo no início de 2007, quando rebentou a história da sua fantasmática licenciatura, a sua ligação com o famigerado Professor Morais, os exames por faxe, etc., etc.

Para os mais distraídos ou assaz renitentes, só após o malogro eleitoral de Junho passado se deram conta da fragilidade socrática.

Para os que, no interior do PS, ainda alimentem pergaminhos ideológicos, culturais, intelectuais ou éticos, este período do protagonismo socrático ficará como uma das mais desonrosas presenças socialistas nos Governos da Nação.

De todo o espavento socrático sobra propaganda e escasseia obra séria.

E o desnorte final corre o risco de se revelar delirante.

Onde estão aqueles socialistas que juravam a pés juntos, em 2005, que iríamos ter um Governo de Esquerda, cortando com o Economicismo, contra o neoliberalismo, com uma política inovadora, atenta aos problemas sociais e da saúde, em especial, apostada em valorizar a Cultura e a Educação, dinamizadora da Economia Nacional, etc., etc.?

Deveriam agora observar um período de nojo antes de voltar a falar de Política, se acaso lhes assistisse uma reserva de consciência moral ou simplesmente de pudor.

Em vez disso, preferem iludir a realidade, persistir na demagogia, redobrar na manipulação da opinião pública.

Julgo que o farão debalde, pois dificilmente colherão mais frutos desta terra desperdiçada, inevitavelmente esgotada para novos simulacros políticas governativas.

Que, por uma vez, lhes sirva de exemplo, para que não voltem a entregar-se ao primeiro figurino palavroso que lhes surja pela frente.

O Guterres era pusilânime, mas intelectualmente bem preparado, aluno brilhante no Técnico, numa Licenciatura marcada sempre com altas e credíveis classificações e, no plano da ética política muito mais confiável. Com Sócrates, o PS andou para trás em tudo, excepto na Propaganda. Fraco consolo, convenhamos. Mais cuidado na próxima escolha de líder, recomenda-se.

Bom início de semana ao resistente auditório que por aqui se reúne.

leao disse...

Cuidado que o PS, de José Sócrates, ainda é governo e é até o favorito para vencer o próximo escrutínio. Não se desvalorize por isso a sua a capacidade de resistência.
Insistir-se ainda na licenciatura obtida com nítido favorecimento, é desviar o interesse nacional, a governação do país, para um problema que cabe noutro âmbito: os títulos académicos em Portugal perderam importância e qualidade. O problema da actual governação, não está nas qualificações do seu primeiro ministro - académicas ou outras, tem que chegue - está antes no estilo da governação. Como também já foi dito, qualquer insignificância serve para se fazer anúncios solenes de grandes actos governativos. Chamo a isto propaganda. O essencial, aquilo que devemos valorizar para poder-mos subsistir numa economia global, não está sequer identificado. Não é com "Magalhães", "Novas Oportunidades" e sucedâneos que vamos ter um país melhor. O choque tecnológico, pensando bem, é vazio de sentido. O Simplex, simplifica pouco ou nada, em muitos casos nem sequer representa verdadeiras alterações. A fúria legislativa do governo, traduziu-se muito em pequenas mexidas em legislação recente. Este até podia ser um bom governo, fossem outras a circunstâncias.

Quint disse...

A análise aos erros sucessivos do Governo está correcta, mas não daria nem tomaria por certa que seja já tarde demais para dar o golpe de rins!

Admito que seja, mas também vejo que a cada dia que passa aumenta a altivez e a sobranceria de um PSD que já se imagina dono e senhor do País.

E tenho para mim que quanto mais isso sucede, mais Sócrates se pode safar!

Assim aprenda ele a dar corda a Manuela Ferreira Leite e a calar-se e mandar calar os seus.

sem-se-ver disse...

Professor,

brilhante.


obrigada.

sem-se-ver disse...

(com sua licença, levo - extractos - para o meu, com o devido link para toda a crónica, naturalmente)

António Viriato disse...

Permitam-me ainda que, numa adenda, tente esclarecer o seguinte : a questão da Licenciatura de Sócrates tornou-se crucial, não tanto pela sua pouca ou nenhuma valia técnica, dadas as circunstâncias e a Entidade em que ela foi obtida, como sobretudo pelo que revela do comportamento ético do protagonista.

Teria já alguma importância, na pessoa de um qualquer cidadão. Primeiro, porque se trata de uma área técnica que confere certa credibilidade formal ao detentor desse grau académico, habilitando-o, p.ex., a assinar Projectos de Engenharia, no caso, com autoridade reforçada, visto o grau de Bacharel já o permitir.

Depois, porque não se trata de um cidadão vulgar, mas de alguém que, já nessa data, pertencia a um elenco governativo e que viria, mais tarde, a apresentar-se como possível candidato à função de Primeiro-Ministro, chefe de um Governo da Nação, instância elevadíssima de poder, com altíssimas responsabilidades na administração do País, a quem incumbe cumprir e fazer cumprir todas as exigências legais e normativas em vigor na sociedade que para tal lhe delega a competente autoridade.

É assim no plano ético que a questão da Licenciatura de Sócrates assume toda a gravidade.

No plano técnico, ela é muito menos relevante. De resto, há pessoas com apenas a Instrução Primária que seriam perfeitamente capazes de assumir a responsabilidade do cargo de Primeiro-Ministro, porque teriam capacidade de gestão, de administração e autoridade natural para exercer essa função, sobretudo pela sua capacidade natural de comando e pela autoridade moral de que se achem dotadas, qualidades essas muitas vezes inatas, apenas aperfeiçoáveis com a acumulação de instrução, mas raramente por ela supríveis, se naturalmente essas pessoas as não possuem.

Foi no plano ético que primeiro Sócrates se afundou, perdendo credibilidade e a correspondente autoridade para Governar o País.

Só depois disso se começou a evidenciar a sua impreparação técnica, bem como a sua tendência obsessiva para a Propaganda, actividade em que, por esse facto, transforma toda a sua acção governativa.

Toda a fragilidade de Sócrates dimana do seu altamente criticável comportamento ético. Tudo o resto que de censurável lhe possa ser assacado, sobretudo enquanto governante, daí advém.

Estou em crer que muitos socialistas, de pensamento e comportamento sãos, disto mesmo se terão apercebido ao longo dos últimos quatro anos.

leao disse...

Sinto-me obrigado a dar os parabéns ao António Viriato pela sua síntese, sobretudo na distinção entre qualificação técnica e ética.

Anónimo disse...

O António Viriato poderá aqui apresentar os factos que o levam a sentenciar sobre os princípios, valores morais e éticos e, já agora, técnicos do cidadão José Sócrates e do Primeiro Ministro de Portugal?

Manolo Heredia disse...

Portugal está hipotecado a entidades estrangeiras. As casas, os carros, as estradas e os hospitais não nos pertencem. Quando isto acontece, os credores sentem-se no direito de nomear alguém para o governo da Nação que lhes garanta que esses créditos não se transformam em mal-parados. Foram eles, os credores, que puseram cá o Sócras e sua equipa. Não batam mais no coitado! A seguir dele virá outro Capataz que será igual ou pior, que continuará a fazer aquilo que for necessário ao pagamento do Capital em dívida. O PSD actual, nem para ser Capataz tem competência. No tempo de M. Soares era o FMI quem mandava. Nesse tampo tornou-se muito claro que a única solução era apertar o cinto. Infelizmente hoje estamos na mesma, mas ninguém ousa dizê-lo.

Anónimo disse...

"O primeiro, de carácter estratégico,"...
Quem não está comigo é contra mim. Esta máxima foi passada a ministros e aos nomeados políticos para os departamentos espalhados por todo o País.
O direito e dever da opinião, puramente, técnica levou à perseguição de funcionários, ao bullying ou assédio laboral como actualmente se diz porque estamos num sistema democrático.

“O segundo foi a ausência de um plano B”.
Nada se planifica muito menos com visão de futuro. Pode-se mas não se quer porque têm a consciência que é efémero o lugar que ocupam. As demagogas campanhas eleitorais, com promessas não cumpridas, levam a que se via o momento e mine-se o campo para os vindouros. Os próprios não acreditam nas suas reformas. Só planeiam o lugar que irão ocupar quando abandonarem o barco esburacado.

"O terceiro foi acreditar nos mitos por si criados e na propaganda por si encomendada."
Narcisismo e autismo puro.
A sociedade de informação é mesmo uma crença de adolescente esquecendo que a maioria da sociedade que pode dar esta informação não é da era tecnológica. Como tal não sabe. Quem sabe, quem é nato dessa era, está vedada a sua entrada em departamentos estatais. Então insulta-se, desvaloriza-se outra forma de trabalho de funcionários que há anos vinham a exercer a sua actividade para que as instituições não se imobilizassem.
Dão-se avaliações num sistema viciado e repleto de subjectividade. Basta olhar para as cotas dos Muito Bons ou, agora, Relevantes.

"O quarto foi ter povoado o conselho de ministros de gente menorizada."
E estes terem povoado direcções regionais de gente menor que limitam a sua gestão à imitação da arrogância do “chefe” como “fonte de inspiração”.

“O quinto foi a confusão entre autoridade e rispidez."
O que espelhou nos dirigentes, quase incógnitos deste País mas fundamentais como motores do mesmo, um permanente abuso de poder.

"O sexto foi a convicção de que se pode escolher pessoalmente os capitalistas e os empresários." Nas direcções escolhe-se, igualmente, empresários e funcionários à medida de interesses meramente pessoais.

"O sétimo foi a cedência às “reformas fracturantes”.
O que foi óptimo para a governação “regional” totalitária onde nem um laivo de democracia se vislumbra.

Vive-se na falsa ilusão de uma democracia. A realidade é bem diferente. O medo de se ser perseguido, humilhado, gozado, difamado, intimidado e, por ultimo, despedido (mobilidade voluntária ou quebra do intitulado contrato por tempo indeterminado) é a constante no dia a dia dos funcionários públicos.
Estes são os danos colaterais da vigência socratiana. A crise psíquica da inutilidade instalou-se nos portugueses. Sócrates e os seus acólitos conseguiram que os cidadãos deste País, ficassem tão inertes que quem ganhou as ultimas eleições foi a abstenção.
O descrédito reina o País. O descrédito em todas as instituições que outrora eram a base da sua protecção.

Bea disse...

Acabei de citá-lo e tenho de lhe deixar aqui o meu obrigado por ser uma voz da consciência.
Parabéns pelo artigo.

Anónimo disse...

Erro seu,António Barreto, em tomar o desejo por realidade. Que fique bem sublinhado.
Um dia também se há-de fazer um inventário dos seus erros.

joshua disse...

A César o que é de César e a Deus e que é de Deus. Esta Sílvia é patética! Também fica registado o seu elevado grau de artrose espiritual.

analima disse...

Sim, a análise é certeira!
De todos os erros fatais enumerados, só em relação ao segundo o controle seria mais complexo, uma vez que a crise, pelas dimensões que tomou, era, de facto, difícil de prever. Mas em relação a esse erro muitos o desculpariam (Bernard Madoff tem as costas muito largas).
Os outros são erros que poderiam ter sido detectados mais cedo, à medida que as consequências das decisões se iam tornando visíveis. Mas o maior erro foi, com efeito, à força de querer manter uma consistência de princípios, definidos num determinado tempo, persistir em medidas que se revelavam cada vez mais afastadas de todos.
Mas não se deverá personalizar, na figura de Sócrates, todas as culpas dos erros cometidos. Todos os que o rodeavam, que se deixaram seduzir inicialmente e se mantiveram fiéis (apesar do seu dever, perante a figura do PM, incluir a obrigação de o alertar para a necessidade de arrepiar caminho, quando fosse caso disso) têm também a sua quota parte de responsabilidade e não devem agora agir e falar como se não tivessem nada a ver com o assunto.
Claro que, apesar das vozes discordantes em relação à actuação do governo serem a grande maioria, não nos podemos esquecer que algumas das medidas foram positivas, mesmo que muitos as apelidem de propaganda. No âmbito da fiscalidade; no acesso a serviços do Estado, que, em muitas situações, foi simplificado; a aprovação da lei do aborto e até o polémico Magalhães que, apesar dos pesares, permitiu o acesso, não só de crianças, mas de famílias inteiras ao mundo da comunicação alargada a todo o mundo, são alguns exemplos.
Concordo, no entanto, que nada fará apagar a sensação de que, a par dos ainda mal esclarecidos casos relacionados com a sua vida de estudante ou enquanto membro dos governos de Guterres, aquelas características que eventualmente contribuíram para a eleição de Sócrates como PM, ao terem sido tão exacerbadas, foram a sua perdição.
Mas se a alternância política, que é uma situação comum quando o descontentamento se generaliza, se vier a verificar, quem é que, da actual oposição, poderá assumir a governação de maneira a alterar a forma como encaramos o nosso futuro? Quem é que nos irá apresentar “uma visão ou uma ideia”? Sinceramente, não vejo, em nenhum líder do partido que está melhor posicionado para suceder ao PS, essa capacidade! Não correremos nós o risco de, daqui a algum tempo, termos uma análise sua com o título “Erros nossos”?

Anónimo disse...

Joshua, o insulto é sempre de mau gosto. Deixa-te disso.

É estranho AB ficar indiferente aos insultos que me têm sido dirigidos neste blogue, sempre que eu uso o acinte e a ironia na radical discordância a alguns dos seus textos. Lá fora, AB deixou de me cumprimentar. Lamentável.

leao disse...

Atribuir o que de mal vai no país ao primeiro ministro é um exagero. Ele é só o representante, e porta voz, de uma estratégia de desenvolvimento ruinosa para os nossos escassos recursos. O país não está bem, nem no bom caminho que ainda será pior. Mas ouçamos o primeiro ministro, e algumas das pessoas que aqui se expressam. Continuam a oferecer à opinião pública ideias vazias de sentido, convencidos, ou procurando convencer, de que se trata de importantes avanços no nosso progresso. Nada disso. Moro em Vila Real, assisti ao rasgar do Marão pelo IP4, vi depois morrem pessoas amigas, numa estrada que se veio a revelar perigosa. O que fez este governo já todos sabemos; deu início à construção de um oneroso túnel que supostamente vai corrigir os malefícios da actual estrada. Pode-se pensar que a ideia é boa - já vinha de anteriores governos, este só a concretizou- o problema é o desperdício. Para actual estrada os recursos foram sempre escassos: deixa-se degradar o piso até os acidentes, e as mortes, começarem a ser insuportáveis. Correcções, ou medidas que pudessem atenuar eficazmente alguns dos erros do actual traçado, nunca foram tomadas. Penso que seria fácil fazer melhor. Com o túnel tudo será diferente, procuram convencer-nos. O que eu vejo é desperdício: uma estrada catalogada na inauguração, pelo então ministro das obras públicas, como a obra de engenharia mais importante a seguir à ponte 25 de Abril, perdeu a validade nem duas décadas depois. Muito pouco, se pensamos que a sua construção, foi esperada por muito mais tempo.
O túnel iniciou-se, vai ser concluído muito rapidamente, porque as empresas envolvidas vão querer começar a cobrar pela sua utilização. No fim o que vão ganhar os transmontanos e o país? Alguma segurança na viagem, é certo, uma viagem significativamente mais rápida e cara, também é esperada. Motivos suficientes para se aplaudir a obra? Não! Na minha opinião o túnel representa o típico da nossa administração: lidam mal com os pequenos problemas. A tendência é para a grande obra, mesmo que com isso se hipoteque a capacidade de atender a outras necessidades primárias. Vamos ter, em Trás-os-Montes, o maior e mais caro túnel do país. Uma via para a população sair mais rapidamente de uma região que, pese a melhoria nas principais vias de acesso, continua a ver a sua ancestral debilidade económica agravar-se. Para esta e outras regiões do país, onde a paisagem anteriormente ocupada pela produção agrícola, está agora ao abandono, existe alguma solução? Não sei! Penso é que só com auto-estradas e quinquilharia electrónica, não conseguimos um futuro melhor e, sobretudo, mais sustentável.

joshua disse...

Mas não era um insulto, Sílvia. Era uma humilde ironia.

eubemdizia disse...

Claro, claro...

Sebastião disse...

Como leitor assíduo deste blogue e por ser a minha primeira intervenção, apraz-me felicitar o Dr. António Barreto.
Gosto não só de ler os seus artigos, como também os respectivos comentários.E,há meses,que venho acompanhando o comportamento de Prof.Silvia, não compreendendo os seus intentos. Solidarizo-me com o comentador Joshua que por vezes ataca os comentários agressivos da Professorinha. Se concorda, mete a violinha no saco. Se discorda, atira a doer. Hoje, constatei que Silvia conhece AB pessoalmente. Assim,se conclui que nas suas palavras existe talvez algo de vingança ou de rancor ou qualquer dor,sei lá, escondidos ou recalcados no seu íntimo.
Será que deve consultar um Cardiologista? Ou um Psi? Há qualquer coisa nela, mal resolvida.
E como se atreve a achar estranho que AB fique indiferente aos "insultos" que lhe dirigem, quando a Prof.Silvia o ataca de forma tão desagradável e arrogante. AB deixou de a cumprimentar? Só agora? AB deve ser muito educado, paciente e tolerante.
Comigo, já a tinha posto, há muito, na prateleira dos "livros" esquecidos.
Prof.Silvia, desista, vá chatear outros blogues....da sua laia.

Anónimo disse...

Ó Sebastião, isto aqui não é um blogue, isto aqui é um pequeno santuário de aldeia,onde o santo de pedra e cal contabiliza a prebenda e recebe pequenas oferendas de uma direita ranhosa e solitária. Mas, vê lá tu, deu-me para ser de esquerda, chata, ateia e detestar o kitsch. Ninguém é perfeito.

Mas numa coisa tens razão,Sebastião,tou mesmo doente, precisada de psi e tudo.Na verdade, a maldade sistémica de AB para com José Sócrates desequilibrou-me por completo. Se a maldade fosse contigo, eu reagiria da mesma forma. Acredita.

Pois é, Sebastião, ver a injustiça e a maldade à solta por conta da liberdade de expressão é coisa que não me deixa indiferente. Também sei que poderás dizer a mesma coisa. É a vida.
Bem, vou de férias.Fica bem.

RAMIRO LOPES ANDRADE disse...

UM REINO DE FAZ DE CONTA CHAMADO - PORTUCALE

ERA UMA VEZ UM REINO CHAMADO PORTUCALE. TODOS VIVIAM FELIZES COMO SE O AMANHA NAO EXITISSE.

OS GOVERNANTES GASTAVAM O DINHEIRO DOS CONTRIBUINTES SEM CRITERIO E SEM LIMITES. COMO OS IMPOSTOS QUE ARRECADAVAM NAO ERAM SUFICIENTES, IAM BUSCAR A BANCA INTERNACIONAL O QUE SE GASTAVA A MAIS.( ARRECADAVA-SE 100 EUROS E GASTAVA-SE 120 EUROS ).

DESDE 1995, O DEFICIT DE GASTOS EM RELACAO A ARRECADACAO DE IMPOSTOS ACRESCENTAVA ENTRE 5 A 7 % A DIVIDA EXTERNA DE PORTUCALE, ATE ATINGIR EM DEZEMBRO DE 2008 -- 348 MIL MILHOES DE EUROS.

UM CERTO DIA …… A BANCA INTERNACIONAL FEZ UM MANGUITO , E LHES DISSERAM: ( CARO REINO DE PORTUCALE, A PARTIR DE HOJE, SE ACABARAM OS EMPRESTIMOS, E TERAO QUE PAGAR AS AMORTIZACOES E JUROS ).

FOI O AI JESUS …………… ENTAO O GOVERNO DESTE REINO DE FAZ DE CONTA CAIU NA REALIDADE, E BATEU DE FRENTE EM UM MURO DE BETAO BEM FORTE.

QUAL O CAMINHO DA SOLUCAO ? E SIMPLES:

- VENDER TODOS OS BENS DO ESTADO
- PRIVATIZAR A SAUDE, TENDO TODOS QUE PAGAR FORTE E FEIO TODOS OS
TRATAMENTOS E CONSULTAS
- CORTAR NOS GASTOS DE EDUCACAO
- CORTAR NOS GASTOS DAS FORCAS ARMADAS QUE ESTAO NO ESTRANGEIRO( TIMOR / AFEGANISTAO / BOSNIA / ETC ………… )
- VENDER OS DOIS SUBMARINOS QUE CUSTARAM 1,2 MIL MILHOES DE EUROS
- PAGAR OS JUROS E AMORTIZACOES DA DIVIDA EXTERNA DURANTE DECADAS
- ACABAR COM O SUSTENTO DOS CHULOS DA SOCIEDADE ( OS COITADINHOS DOS CIGANOS E TODAS AS ETNIAS QUE VIVEM AS CUSTAS DOS CONTRIBUINTES )
- IMPOR LIMITES A TODAS AS REFORMAS DE NO MAXIMO 4.000,00 EUROS / MES ( MAIS QUE SUFICIENTE PARA VIVER DIGNAMENTE )
- PAGAR APENAS UMA REFORMA PARA CADA PENSIONISTA ( ACABAR COM A MAMA DO PAGAMENTO DE DUAS, TRES E QUATRO REFORMAS AO MESMO TEMPO )
- CACAR SEM DO NEM PIEDADE QUEM FOGE AOS IMPOSTOS

DEPOIS DE APLICADOS ESTES REMEDIOS AMARGUISSIMOS DURANTE PERTO DE 10 ANOS, SEM FUGIR UM MILIMETRO. AI TERA O REINO DE PORTUCALE ATINGIDO O EQUILIBRIO.

E CLARO QUE O ZE POVINHO NESTA ALTURA JA TERA MORRIDO, E OU EMIGRADO EM MASSA, POR NAO AGUENTAR MAIS VIVER SEM ESPERANCA.

ESTA REALIDADE NO REINO DE PORTUCALE, E QUALQUER SEMELHANCA COM PORTUGAL ( ESTE RETANGULO PLANTADO A BEIRA MAR ) NAO E MERA COINCIDENCIA ..................................

OS ANOS VINDOUROS SERAO DURISSIMOS, E COM ESTA CORJA QUE NOS GOVERNA, E NOS DESGOVERNARA NOSSAS VIDAS, NAO TEREMOS A MENOR HIPOTESE.

ABSTENCAO EM FORCA NAS PROXIMAS ELEICOES LEGISLATIVAS E AUTARQUICAS 2009.

UM ABRACO DEMOCRATICO.

RAMIRO LOPES ANDRADE
ramirolopesandrade.blogspot.com