domingo, 16 de abril de 2017

Sem Emenda - As Minhas Fotografias

Jovem Inca peruano numa aldeia perto de Puno, Peru – A pequena cidade de Puno fica à beira do lago Titicaca, o maior da América Latina. Situado a quase 4.000 metros de altitude, o lago faz a fronteira entre o Peru e a Bolívia. Quando me dirigia àquela cidade portuária, a fim de tomar o barco e fazer a travessia, parei numa pequena aldeia a caminho. Demorei-me a fotografar. Numa praça, uma magnífica árvore secular, de que nunca soube nome nem data, merecia tempo e fotografia. Assim fiz. Depois, fui-me aproximando. E fotografando. De repente, na minha objectiva, vejo alguma coisa movimentando-se a meio do tronco. Olho melhor. Avanço. Era um rapaz, sentado e imóvel. Fui fotografando e andando em frente. Fitava-me directamente sem desviar o olhar. Só no fim, quando o saudei, ele sorriu. Segundos antes, ainda fiz esta imagem. Foi há cinquenta anos.

DN, 16 de Abril de 2017

5 comentários:

Tiago Tavares disse...

Lembro-me bem de lhe ouvir, num almoço, o relato apaixonado da sua viagem pela América do Sul. Há 10 anos, encerrei a minha experiência britânica (para a qual o seu empurrão foi fundamental) com uma viagem de 2 meses, sozinho, pelo Peru, Bolívia e Chile, na senda dos seus relatos - não fui sequestrado nem apanhei revoluções, mas não faltaram emoções fortes. No ano passado, voltei a cruzar esse continente belíssimo com mulher e filhos pequenos, durante 5 meses (www.overboir.com).
Nunca lhe agradecerei o suficiente a inspiração e os mundos que me abriu!
Um abraço com saudades deste seu aluno de há 15 anos

bea disse...

A esta hora o jovem de então já envelheceu. Ou a morte o levou. Fica a foto onde rima com a árvore.

Anónimo disse...

Uma visão que pode ser explicada pela teoria de gestalt, ou, quiçá, pela existência de “cataratas” no cristalino do observador.

Unknown disse...

Para além da lucidez e acutilância da sua escrita,escrevo-lhe porque fiquei curioso pela árvore secular da foto. Pese embora disponha de poucos dados inscritos na sua descrição sobre a dita árvore, parece-me tratar-se de uma espécie ameaçada naquelas paragens cujo nome científico é Chloroleucon chacoense!

José Contente

Açores-Ponta Delgada

18 de abril de 2017 às 11:03

Angela Castelo-Branco disse...

Creio, que esta árvore de copa frondosa e tronco de diâmetro assinalável é um Pisonay, da família Erythrina edulis como é conhecida no ramo da botânica. Esta espécie, característica da região dos Andes, era venerada pelos Incas como símbolo da fertilidade.