Durante uns dias, pouco se soube.
Houve autocensura. Depois, gradualmente, fez-se um pouco de luz e começaram as
revelações. Ainda hoje não há certezas, mas há fortes indícios. Ministros
alemães, a Chanceler e jornais de prestígio ingleses e americanos confirmaram
os acontecimentos. Já há processos em tribunal. O chefe da polícia de Colónia
foi demitido. Já se percebeu que foi caso sério. Por isso é preciso saber tudo.
Mesmo que a verdade e os pormenores sejam preocupantes.
Na noite de
passagem do ano, em Colónia, na Alemanha, mas também em Frankfurt, Dusseldorf, Berlim,
Bielefeld, Hamburgo e Stuttgart, assim como em Zurique da Suíça e Viena de
Áustria, por entre cervejas e fogo-de-artifício, música e dança, centenas de
meliantes atacaram as mulheres que tomavam parte nos festejos públicos. Agrediram,
assediaram, roubaram e, em pelo menos dois casos, violaram. Faziam rodas à
volta de mulheres isoladas para as poder insultar e abusar. A polícia, ao que
parece, esteve particularmente passiva. A maior parte dos atacantes machistas
“tinha aspecto árabe e norte-africano”. Entre os primeiros arguidos, contam-se
dois alemães, um americano e 25 árabes. Uma semana depois, começa a saber-se um
pouco mais. A própria Angela Merkel já veio a público condenar o que se passou
e prometer averiguações. Só em Colónia, houve 130 denúncias. Foram abertos trinta
processos, a partir de outras tantas queixas, contra outros tantos energúmenos
devidamente identificados. Desses, dezanove eram recém-chegados candidatos ao refúgio
humanitário.
Só agora os
jornais e as televisões, portugueses e internacionais, se começaram a inquietar.
Mais se virá a saber nos próximos tempos. Quaisquer que sejam as revelações,
serão sempre más notícias. Muitos tiveram receio de falar do assunto, com medo
de serem tratados de racistas. Uma boa parte da opinião pública europeia, um
grande número de jornalistas, académicos e políticos, todos amigos das
minorias, recusam ver os factos e tentaram esconder ou apagar. O racismo, a
xenofobia, a violência, o sexismo e o machismo não são o exclusivo dos brancos,
europeus e cristãos. Os refugiados, incluindo árabes e norte-africanos, também
são racistas, violentos e machistas. Os candidatos a refugiados também podem
ser selvagens. Racistas europeus, de direita e de esquerda, já se pronunciaram:
“É preciso mandá-los todos embora!”. Alguns europeus persistem em garantir que a
Europa tem de os receber todos. As boas almas afirmam que as causas são as
condições sociais e as culpas são dos brancos. Algumas polícias europeias,
diante de desacatos deste género, ficam passivas e têm medo de serem acusadas
de racistas. Já se receia que os tribunais alemães, politicamente correctos,
encontrem atenuantes e venha a ser impossível deportar quem assim se comporta. A
liberdade europeia, o regime democrático e o valor da tolerância estão em
cheque. Não só porque houve manifestações racistas e machistas de rara
violência, mas também porque a Justiça europeia tem dificuldade em reagir
adequadamente. Quando a democracia e a justiça não conseguem resolver estes
problemas com determinação, não faltarão os fanáticos que o queiram fazer à
maneira deles.
Se tudo isto
foi mentira, se não houve ataques nem violações, se não havia sequer
norte-africanos ou árabes na praça pública, se foram os brancos machistas os
autores destes desacatos ou se estamos perante mais um arrastão de Carcavelos,
então as notícias são igualmente medonhas. Quando se inventa um rumor destes e
há condições para a criação de uma histeria destas, se há medos e preconceitos
como estes, é porque o ambiente das relações sociais, étnicas e interculturais
na Europa está à beira do desastre.
.
DN, 10 de Janeiro de 2016
1 comentário:
Se foi mentira?!...mas haverá assim tanta notícia falsa. Que se investigue e se condene depois.
Enviar um comentário