Não é de agora. Há anos que a
praga da música em locais públicos se foi desenvolvendo com mau gosto e
crueldade! É insuportável! Há música por todo o lado: aos berros, com bateria e
tambores, com ritmos doentios e batida neurótica. Chamam a isto “música de
fundo” ou “música de supermercado”, pois os especialistas dizem que, com música
adequada, fica-se mais tempo nas instalações e consome-se mais.
Ao sair à rua, pode tomar-se nota
dos locais infestados pela música parasitária. Nas garagens, há. Nos
elevadores, não falha. Nos supermercados e nos centros comerciais, é o reino
dela: em geral e em cada loja. Nos cafés e nos restaurantes é obrigatória: e
quando não é o canal de muzzak, é a televisão, com um programa de futebol. Nas
esplanadas e agora até em jardins públicos, lá estão os safados altifalantes nos
cantos dos tectos ou nas árvores. Nos ginásios, nos barbeiros e nas salas de
massagem, é imperativa! Até num dentista já vi e ouvi! Em certos hospitais,
começa a aparecer sorrateiramente, dizem que suaviza o clima e ajuda a curar os
doentes! Nos autocarros, comboios e estações de caminho-de-ferro, os incómodos altifalantes
são presenças fiéis.
Nalguns países chamam-lhe Muzzak,
nome de uma empresa especializada em cocktails de música estúpida. Pode ver-se
na NET, há dezenas de empresas que produzem cocktails, pots-pourris, saladas,
medleys e rapsódias, já concebidos para os diferentes usos, dos bancos ao
engate, das esplanadas às igrejas. Felizmente, já existem guias de hotéis,
restaurantes e bares sem música nas suas instalações.
Agora é científico. Os últimos
estudos sobre o tema garantem que Portugal é um dos países com mais ruído nos
espaços públicos. Mas sobretudo com mais barulho de “música ambiente”, termo
inventado para justificar o atentado à tranquilidade. Dizem também os estudos
que esta moda deixa sequelas irreversíveis. Mentais…
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Livro de Reclamações - DN, 3
de Janeiro de 2016
1 comentário:
Subscrevo inteiramente. Detesto ruídos mesmo que sejam musicais. Não gosto que me escolham a música e muita vez não me apetece ouvi-la nem que seja de boa qualidade. Além disso, nos espaços públicos, a prioridade devia ser deixar as pessoas em paz e sossego. Se agora cada um até pode andar com a sua música atrás, para quê a música ambiente?!
No entanto podem existir surpresas musicais muito bem vindas. Surpresa é diferente de hábito.
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