sábado, 16 de janeiro de 2016

Sem Emenda - A orgia de Colónia

Durante uns dias, pouco se soube. Houve autocensura. Depois, gradualmente, fez-se um pouco de luz e começaram as revelações. Ainda hoje não há certezas, mas há fortes indícios. Ministros alemães, a Chanceler e jornais de prestígio ingleses e americanos confirmaram os acontecimentos. Já há processos em tribunal. O chefe da polícia de Colónia foi demitido. Já se percebeu que foi caso sério. Por isso é preciso saber tudo. Mesmo que a verdade e os pormenores sejam preocupantes.
Na noite de passagem do ano, em Colónia, na Alemanha, mas também em Frankfurt, Dusseldorf, Berlim, Bielefeld, Hamburgo e Stuttgart, assim como em Zurique da Suíça e Viena de Áustria, por entre cervejas e fogo-de-artifício, música e dança, centenas de meliantes atacaram as mulheres que tomavam parte nos festejos públicos. Agrediram, assediaram, roubaram e, em pelo menos dois casos, violaram. Faziam rodas à volta de mulheres isoladas para as poder insultar e abusar. A polícia, ao que parece, esteve particularmente passiva. A maior parte dos atacantes machistas “tinha aspecto árabe e norte-africano”. Entre os primeiros arguidos, contam-se dois alemães, um americano e 25 árabes. Uma semana depois, começa a saber-se um pouco mais. A própria Angela Merkel já veio a público condenar o que se passou e prometer averiguações. Só em Colónia, houve 130 denúncias. Foram abertos trinta processos, a partir de outras tantas queixas, contra outros tantos energúmenos devidamente identificados. Desses, dezanove eram recém-chegados candidatos ao refúgio humanitário.
Só agora os jornais e as televisões, portugueses e internacionais, se começaram a inquietar. Mais se virá a saber nos próximos tempos. Quaisquer que sejam as revelações, serão sempre más notícias. Muitos tiveram receio de falar do assunto, com medo de serem tratados de racistas. Uma boa parte da opinião pública europeia, um grande número de jornalistas, académicos e políticos, todos amigos das minorias, recusam ver os factos e tentaram esconder ou apagar. O racismo, a xenofobia, a violência, o sexismo e o machismo não são o exclusivo dos brancos, europeus e cristãos. Os refugiados, incluindo árabes e norte-africanos, também são racistas, violentos e machistas. Os candidatos a refugiados também podem ser selvagens. Racistas europeus, de direita e de esquerda, já se pronunciaram: “É preciso mandá-los todos embora!”. Alguns europeus persistem em garantir que a Europa tem de os receber todos. As boas almas afirmam que as causas são as condições sociais e as culpas são dos brancos. Algumas polícias europeias, diante de desacatos deste género, ficam passivas e têm medo de serem acusadas de racistas. Já se receia que os tribunais alemães, politicamente correctos, encontrem atenuantes e venha a ser impossível deportar quem assim se comporta. A liberdade europeia, o regime democrático e o valor da tolerância estão em cheque. Não só porque houve manifestações racistas e machistas de rara violência, mas também porque a Justiça europeia tem dificuldade em reagir adequadamente. Quando a democracia e a justiça não conseguem resolver estes problemas com determinação, não faltarão os fanáticos que o queiram fazer à maneira deles.
Se tudo isto foi mentira, se não houve ataques nem violações, se não havia sequer norte-africanos ou árabes na praça pública, se foram os brancos machistas os autores destes desacatos ou se estamos perante mais um arrastão de Carcavelos, então as notícias são igualmente medonhas. Quando se inventa um rumor destes e há condições para a criação de uma histeria destas, se há medos e preconceitos como estes, é porque o ambiente das relações sociais, étnicas e interculturais na Europa está à beira do desastre.
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DN, 10 de Janeiro de 2016

1 comentário:

bea disse...

Se foi mentira?!...mas haverá assim tanta notícia falsa. Que se investigue e se condene depois.