É tão estranho! Que terá dado aos
deputados e ministros para terem mandado instalar computadores diante dos seus
lugares, no hemiciclo do Parlamento e na sala de reuniões do Conselho de
Ministros? À primeira vista, parecem salas de um call center ou de corretores de bolsa: umas cabeçorras espreitam
por cima de um computador.
Tentei perceber por que fazem
isto. Facebook? Wikipedia? Jogos? Pordata? Youtube? Pornografia? À distância, só
se percebe que os ecrãs não têm as mesmas imagens. Tentei ver se algum deputado
estava a ver coisas estranhas. Não tive sorte. Devem estar prevenidos para os
visitantes nas galerias, donde se vê tudo.
No princípio, eram só deputados.
Eis senão quando, também os governantes se colocam com ar inteligente diante
dos monitores! Ninguém terá pensado que podiam baixar os tops das máquinas,
para que se lhes veja a cara. Ou então, para que se não veja a publicidade que
vem nas costas dos tops (chama-se a isso “product
placement” e é proibido…). Serão os nossos deputados e governantes saloios?
Novos-ricos? Adolescentes do género “boys
love toys”? Serão os vendedores de informática especialmente convincentes?
Fui ver fotografias de
parlamentos do mundo. Duas ou três dúzias. Ninguém usa tal parolice! Alemanha,
Angola, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Polónia,
Rússia, Nações Unidas e Conselho da Europa… Ninguém! Nenhum!
Se alguém julgou que, com estes
brinquedos, os deputados trabalhariam mais, estudariam mais ou teriam ar mais
inteligente, fez simplesmente troça deles.
Engraçado é o facto de, nas
últimas semanas, a maquinaria de informática do Parlamento ter sido posta duas
vezes à prova, na contagem dos votos das moções de rejeição. Das duas vezes deu
asneira. Foi preciso pedir aos senhores deputados para se levantarem e sentarem
diante dos seus maravilhosos e inúteis computadores e coloridos comandos!
Livro de reclamações - DN, 6
de Dezembro de 2015
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