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Ao fim da manhã, era assim: praça quase deserta, nenhum sinal de desordem ou de multidão. Um pai atravessa a rua com a filha, ordeiramente, pela passagem de peões. Quatro polícias zelam pela tranquilidade dos locais e defendem a integridade do Parlamento, a casa da democracia. Não é que se veja ou sinta, mas há qualquer coisa nesta imagem que revela tensão. O “silêncio” e a falta de ruído iconográfico (poucas pessoas, pouco movimento, pouca confusão…) sugerem uma ansiedade. A presença dos agentes da polícia diante de nada ou de ninguém obriga-nos a pensar no que virá a seguir, nas possíveis tempestades. Algo se prepara e a polícia parece preparada. Horas depois, assistiríamos a uma das manifestações mais estranhas e mais difíceis na história da democracia portuguesa. Uns milhares de polícias e guardas manifestavam-se ruidosamente contra o governo e alertavam o Parlamento. A um momento dado, os polícias manifestantes quiseram dizer aos poderes que, se quisessem, podiam invadir o Parlamento e ir até onde lhes apetecesse. Os polícias de serviço ainda tentaram resistir, mas foram submersos e empurrados. Em poucos segundos, os manifestantes galgaram barreiras e subiram as escadas. Só pararam onde quiseram, à beira dos últimos degraus do Parlamento. O recado foi dado. Os poderes estabelecidos tremeram. Até a oposição engoliu em seco. Um dia saberemos se esta foi a primeira de uma série maior… (2014)
1 comentário:
Sem dúvida que esta foto retrata um falso silêncio.
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