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Já aqui trouxe, à “Luz” do Sorumbático e do Jacarandá, várias fotografias feitas em Hay-on-Wye. Nunca será demais recordar esta maravilhosa aldeia situada na fronteira entre o Norte de Inglaterra e o País de Gales. Fica de tal maneira a cavalo entre os dois países, que os habitantes se arrogam com facilidade a ideia de não pertencerem a nenhum dos dois ou mesmo de serem independentes. Há três ou quatro décadas que o senhor Booth (o mesmo que deu o nome a esta livraria, ou antiquário ou alfarrabista) deu início a uma espécie de movimento. Comprou casas, um castelo e o cinema, acabou por os transformar em alfarrabistas. A seguir a ele, dezenas de comerciantes, residentes, forasteiros, alfarrabistas das redondezas e toda a variedade de gente fizeram o mesmo: criaram livrarias, abriram as portas ao público e começaram a negociar em livros antigos. Depois dos livros vieram as gravuras, os mapas, as fotografias e uma infindável “memorabilia” relacionada com a edição, o livro e a gravura. Naquela aldeia, com escassas centenas de edifícios, há literalmente milhões de livros. Quase tudo que se procura pode encontrar-se lá. Ali adquiri livros raríssimos sobre a história de Portugal. Os seus livreiros compram em qualquer parte do mundo, para onde enviam encomendas com cuidado e prontidão. Colocaram a Internet do seu lado, fornecem a Amazon e outros vendedores “modernos” virtuais. A aldeia organiza o mais importante festival anual de literatura da Grã-Bretanha, assim como um dos mais importantes festivais de jazz. Nos “pubs” locais come-se e bebe-se deliciosamente. Quem lá for, nunca mais esquece. E volta. (1988)
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