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Aldeia perto da fronteira entre Portugal e Espanha. Fronteira, aliás, praticamente inexistente hoje. Não longe de Montalegre e do Gerez. Por ali andei, há quase quarenta anos. Esta formidável debulhadora deveria ser o símbolo de maior modernidade e de mais avançada tecnologia existente na aldeia. O cereal que se debulha aqui é centeio, típico de solos pobres, de climas frios e de cultivo em sequeiro. Ao fundo da eira, quase imperceptíveis, podem-se identificar um ou dois espigueiros, aqueles “armazéns” de granito e madeira que protegiam o cereal, o grão, às vezes uns utensílios ou produtos da horta. Protegiam-se das chuvas, dos fungos e dos ratos. Ainda há gente a viver em Tourém. Mas cada vez menos. E jovens, poucos.(1980)
1 comentário:
Lá tornaremos, caro Dr. António Barreto; ao cultivo e à subsistência artezanais, numa completa cumplicidade com a terra, os elementos meteorológicos e astrais. Embora sem o saber precioso da ancestralidade.
Muitos pensarão que este retorno, a verificar-se, assinalará o desaparecimento, a extinção da prosperidade; significará uma reentrada na idade média, na idade das trevas.
Outros estão convictos que possa ser a forma de a sociedade se reequilibrar, de abandonar o rumu que a irá conduzir à extinção.
O Papa Francisco, na recente visita ao Parlamento Europeu, mostrou-se preocupado com a imnência de uma 3ª guerra mundial e pediu aos chefes dos governos que fizessem todos os possíveis para derrubar as barreiras da desigualdade e das diferenças que fomentam a ira entre os povos. O Papa referia-se concretamente às desigualdades sociais e à gula capitalista, aquela que tem corrompido as sociedades ao longo dos milénios e que dá aso a que os conflitos surjam. Naturalmente, as sociedades a agregar-se e a recorrer à produção artesanal, como forma de suprir as suas necessidades básicas. Começa a notar-se um retorno à terra e aos processos de produção artesanal. No nosso país, muitas das produções que já quase tinham desaparecido, estão a ser recuperadas; num processo... "refinado" ou "gourmet" mas, tentando aplicar as técnicas, os saberes e os sabores antigos. Não bastará a vontade, penso; contudo, é com quase toda a certeza, a demonstração que uma tomada de consciência está em curso e que um apreciável número de pessoas está a compreender a necessidade e a vantagem de voltar as costas às intenções de lucros megalómanos que, de uma forma indireta influenciam negativamente as sociedades, dando espaço a que se criem antipatias em lugar de sinergias, verdadeiros motores para a evolução social.
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