quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Luz

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Uma bela mancha de terrenos preparados para uma nova vinha. À volta, vêem-se os mortórios. (2007).

10 comentários:

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Como já tinha constatado num texto anterior, desconhecia a existência destes "mortórios" ou, dito por outras palavras, que os efeitos da filoxera tinham sido tão profundos (e prolongados) na paisagem duriense.

O sucesso e o reconhecimento actual dos vinhos do Douro conseguirá melhorar o nível de vida da generalidade dos durienses ligados à cultura da vinha (e apagar progressivamente estas marcas da paisagem)?! Ou será que, pelo contrário, tudo se resume ao "glamour" dos "Douro boys", que as revistas da especialidade reproduzem?

P.S. - Não sei se o António me saberá tirar a seguinte dúvida...Um leitor do meu blogue questionava-me há tempos acerca do facto de, ao contrário do que acontece no Alentejo e no Algarve, não serem conhecidas oliveiras multisseculares ou milenárias na região do Douro. Eu, limitado nos meus conhecimentos, respondi que o único motivo que me ocorria seria o da diferença de antiguidade quanto à cultura do olival.

Mas será mesmo assim , ou seja, será que a cultura da oliveira só ganhou dimensão no Douro com o aparecimento da filoxera na vinha?

Agradecido pela atenção. Cumprimentos

Carlos Medina Ribeiro disse...

Ainda acerca da palavra "mortório":

Em "A Casa Grande de Romarigães" Aquilino usa, por duas vezes, essa palavra com um significado que parece ter a ver com "morto".

Numa delas, a certa altura, batem à porta do vendedor de artigos religiosos, e é dito (cito de memória):
«É alguém que quer velas para um mortório» - a palavra que parece vir de MORTO + VELÓRIO.

Anónimo disse...

E eu vejo mais uma boa fotografia neste blogue, mas também um eventual bom desenho a grafite, onde as linhas, a textura e o claro-escuro são os elementos visuais da composição.
Cá para mim, por detrás deste sociólogo, há um artista escondido.

António Barreto disse...

Prezado P. N. T Santos,
Obrigado pelo comentário.
A resposta à sua primeira pergunta fica, a meu ver, a meio dos seus termos. Há muita gente, mesmo muita (e não só os “Douro boys”) que beneficiam e contribuem para a nova riqueza do Douro, os vinhos de mesa DOC. Há já países e “clientes” que conhecem melhor estes vinhos do que o vinho do Porto! Após séculos de preços miseráveis, há muitos vinhos de mesa que ultrapassam os preços dos vinhos do Porto. O problema é que há ainda milhares de lavradores, ou simplesmente pequenos proprietários, ou ainda “produtores de fruta”, ou finalmente pessoas que têm umas vagas vinhas junto às hortas, que não conseguem (nunca conseguirão...) ascender aos patamares de elevada qualidade de vinhos DOC ou do Porto. Porque não têm dimensão; porque não têm conhecimentos; por que não têm capacidade; porque têm outras profissões; porque não vivem no Douro; porque não têm idade... Talvez um terço ou metade dos lavradores e proprietários do Douro (cerca de 40.000, no total) estão nestes grupos.

Quanto à oliveira. Esta desapareceu do Douro (Baixo Corgo e Cima Corgo) nos séculos XVI a XVIII, graças à expansão desenfreada da vinha. Em princípio, a oliveira precedeu a vinha, mas depois perdeu. Só voltou, com força, depois da filoxera. Mas olhe que ainda hoje se podem ver, aqui e ali, oliveiras centenárias em vários sítios destas duas sub-regiões. Conheço uma, perto o Pinhão, com pelo menos 300 anos... A medir pela largura do tronco velhíssimo e carcomido (apesar de enxertado...). No Douro Superior, tudo é diferente. A oliveira reinou (assim como a amêndoa, o figo e a cortiça) muito antes da vinha. Como esta chegou tarde, a oliveira manteve-se. Ainda lá está hoje. Em enormes e belíssimos olivais. As centenárias, aí, são muito frequentes.

patologista disse...

Sempre que vou ao Douro venho de lá com a alma renovada. Costumo dizer (baixinho para ninguém ouvir) que mesmo que não me pagassem para lá ir, eu lá estaria sempre a fotografar aquele vale encantado e rude. Aliás apesar de estar sempre lá enfiado a trabalhar, passo por lá parte das férias e tempo livre. É um local que me traz felicidade e uma sensação de liberdade.

António Barreto disse...

Caro “Patologista” (???),
As suas duas palavras, “encantado” e “rude”, resumem tudo...

patologista disse...

Patologista é só o nome para o blog. O meu é Egidio Santos. Sou fotógrafo, muito habituado a subir as encostas do Douro.

António Barreto disse...

Caro Egídio Santos,
Conheço perfeitamente o seu nome, assim como muitas das suas fotografias. Há poucas semanas, por exemplo, servi-me das suas imagens publicadas em livros do Museu e do Gaspar, para correr “atrás” dos marcos da Feitoria e de algumas quintas! Felicito-o pela qualidade do seu trabalho. E pela utilidade!
Um abraço
AB
PS: Já agora: é alguma coisa a um tal Dr. Egídio (que creio era também Egídio Santos), médico na Régua, há 50 anos, que, em colaboração com o Dr. João Araújo Correia, me salvou a vida por causa de uma febre tifóide que só passou com uns remédios que tiveram de vir da Suíça em 24 horas?

patologista disse...

Caro Barreto, sou descendente de vários Egidio Santos. O meu avô, era médico, mas no Porto.
O meu pai, também Egidio, creio que se cruzou consigo várias vezes nas lutas estudantis.
É bom saber que conhece o meu trabalho, uma vez que admiro muito os seus textos sobre o Douro. Reconheço o "meu Douro", neles.
No meu blog vou publicando com frequência imagens do Douro. Apareça por lá quando lhe apetecer.

patologista disse...

Bem, prometo não encher mais esta caixa de comentários... Só volto porque soube esta tarde, na sequência da nossa conversa, que durante algum tempo o meu avô ía à Régua operar, juntamente com um Dr João Almeida. Por isso é provavel que seja o mesmo.