Almoço na escadaria
da Grande Arche de l’Étoile, em Paris – Nesta nova urbanização de Paris,
que tem quase trinta anos, eleva-se a Grande Arche, monumento tipicamente do
género “grand oeuvre”, de iniciativa politica. Neste caso, da autoria do
presidente Mitterrand que se interessou muito especialmente pelas grandes obras
que “ficariam para a história”. Entre elas, a Étoile, a Biblioteca nacional, a Ópera
da Bastilha, o Ministério das finanças, o Parque de La Villette, a Pirâmide do
Louvre… Qualquer destes sítios é polémico e não deixa ninguém indiferente.
Inúteis… Agressivos… Desconfortáveis… Sem escala humana… Frios… Sem história… Inovadores…
De vanguarda… Arrojados… Inspiradores… Como sempre, na arquitectura e no urbanismo
modernos, feitos em estúdio e atelier,
há um desconforto de habituação. O ambiente parece pouco acolhedor. Em certo
sentido, pouco urbano… Verdade é que, com o tempo, tudo fica familiar. Todos se
adaptam. Em poucos anos se constrói a urbanidade do quotidiano. Em pouco anos
se almoça nas escadas…
DN, 11 de Dezembro de 2016
2 comentários:
É a vida.
As obras ditas “faraónicas” provocaram sempre irritação aos pagadores de impostos, desconforto nos candidatos invisíveis ao cargo de ministro da cultura do seu país e azia nos “velhos do Restelo” , os quais sendo do “contra”, estão sempre contra. Mas também receberam a admiração de muitos, sobretudo daqueles que beneficiam com elas, tanto em termos materiais como estéticos.
Na verdade, na opinião de alguns, trata-se de um colossal endividamento que pode pôr em causa as finanças públicas do seu país, na opinião de muitos, trata-se de um investimento na modernização e inovação, na perspetiva de se vir a ganhar gordas mais-valias no futuro, como é o caso de Paris.
De qualquer modo, como não há “almoços grátis”, excepto na Misericórdia, o povo será sempre chamado a pagar a fatura.
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