segunda-feira, 30 de março de 2015

Luz . Paris, Cemitério do Père Lachaise


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Só quando fui visitar o cemitério, há muitos anos, soube que o Padre François La Chaise tinha sido o confessor do rei Luís XIV. As suas propriedades ficavam no local onde hoje se situa este cemitério que, com quase 50 Hectares, é o maior de Paris. Fundado em 1804, transformou-se num local de peregrinação. Muita gente se passeia por ali a fim de visitar os seus ídolos. São mais de dois milhões de turistas por ano! E os que querem ir para este sítio depois de mortos, suprema honra para tantos, têm que se inscrever e ficar em lista de espera! Desde Oscar Wilde ao Jim Morrison (ao que dizem, os túmulos mais visitados de todos…), passando por marechais de Napoleão, combatentes das guerras mundiais, heróis e mortos da Resistência, da Comuna de Paris e do Holocausto! Não deve haver no mundo cemitério com tanta gente famosa e ilustre! Quando por lá passeei, notei, no meu caderno: Molière, Balzac, Marcel Proust, Paul Éluard, Collette, Benjamin Constant, Auguste Comte, Fernand Braudel, Modigliani, Delacroix, Ingres, Rossini, Chopin, Yves Montand, Gilbert Bécaud, Edith Piaf, Sarah Bernhardt, Maria Callas e Nadar, além de memoriais em homenagem a Judeus, Muçulmanos, Cristãos, Protestantes, Anarquistas e Comunistas, sem esquecer os famosos “Fédérés” (combatentes da Comuna de Paris fuzilados em 1871), nem a filha de Karl Marx.

2 comentários:

Bartolomeu disse...

«Não deve haver no mundo cemitério com tanta gente famosa e ilustre!» ;) ;) O caro António Barreto, refere-se certamente aos turistas, porque dos restantes...só os nomes gravados nas lápides perduram.
A propósito, ou talvez não, tenho matutado bastante qual será o tema escolhido pelo atual presidente da comissão das comemorações do 10 de Junho (para abreviar) para o discurso de abertura da Sessão Solene. Recordo-me do seu primeiro discurso e de quanto oportuno foi o tema que escolheu. Pena foi que os ouvidos presentes estivessem em "modo de stand-by". Os ouvidos, os sentidos e a capacidade de entender e decidir.
Mas na atual conjuntura económica, social e política, não imagino o que possa o orador dizer, que se enquadre no espírito das comemorações e simultâneamente seja estimulante, coerente, não utópico e... politicamente correto tendo em conta a próximidade das eleições. A menos que dos céus caia um raio capaz de iluminar e converter os espíritos das ilustres personagens, garantindo-lhes entrada direta com pompa e circunstância, não ao Panteão Nacional, mas a um quarteirão de relevo no "Père Lachaise".

bea disse...

Nada interessa se foram famosos. O que deles está é outra coisa e em tudo semelhante a outro morto qualquer: podridão, mau cheiro, vermes a alimentarem-se e fazerem casa. E não há coisa mais triste que um cemitério com essa configuração.