domingo, 15 de março de 2015

Luz - Nilo, em Assuão, no Egipto

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A bordo de uma feluca (ou faluca). Imagino que toda a gente tenha “a viagem da sua vida”. Ou “as viagens…”. É lugar comum. Mas deve ser verdade. Quase não conheço pessoa que não tenha ambicionado, durante anos, fazer uma ou várias viagens que, pelas mais variadas razões, se tenham gravado antecipadamente na memória e nos desejos. Por vezes, concretizam-se. Outras vezes, ficam-se pelos sonhos. Eu tive muitas dessa viagens, mas sobretudo, de que haja vestígios, cerca de 12, desde os meus 16 anos. Fiz a lista num pedaço de papel que ainda guardo. A que acrescentei, ao longo dos anos, mais uma dúzia e meia. Fui realizando quase tudo, ainda me faltam quatro ou cinco, num total de trinta e poucas. A origem destas sugestões é a mais diversa. Livros, histórias aos quadradinhos, desenhos animados, conversa de casa ou de amigos, filmes, revistas, fotografias… tudo o que nos vai ensinando o que é o mundo. O Tintim, O Diabrete, o Cavaleiro Andante, O Mosquito e O Mundo de Aventuras foram as primeiras informações sobre mundos estranhos e longínquos. “Não hei-de morrer sem lá ir”: eis a frase com que concluía certas leituras, antes de inscrever o sítio no tal pedaço de papel. O porto e a cidade de Assuão, a barragem do Nilo e o templo de Abu Simbel foram dos primeiros a entrar. Sobretudo desde 1956, quando Nasser decidiu construir aquela enorme barragem e o mundo, por intermédio da UNESCO, se empenhou em ajudar, com dinheiro, projectos, empresas e cientistas, a encontrar soluções para alguns monumentos que ficariam submersos com a albufeira. Em frente da cidade, o Nilo continua imponente. Uns quilómetros acima, a barragem. Mais longe ainda, os templos de Abu Simbel deslocados, pedra a pedra, muitas dezenas de metros acima. Nas falucas, ao fim da tarde, com mais de trinta graus de calor e uma brisa morna, vê-se de perto a paz. (2006)

5 comentários:

bea disse...

Espero bem ver a paz de perto com menos lonjura. Não tenho falucas aqui à mão, o Nilo não me fica em caminho e para dizer a verdade não estou a pensar fazer lista nenhuma. Sou de ir ao deus dará. No deus dará não encontro nem um restinho de paz e se ela lá está não dou por ela. Porém, encontro por lá muito inesperado.

A foto é um espectáculo.

Bartolomeu disse...

Provávelmente, o nome dado às antigas embarcações à vela que transportavam mercadorias no Tejo, as Faluas, deriva destas falucas do Nilo. Creio que um tipo de antigas embarcações de Istambul, tem a mesma designação. Provávelmente terão a mesma origem.

António Barreto disse...

Digo-lhe que pensei nisso, na proximidade entre falucas ou felucas e faluas. Assim como nas formas das velas de ambas. Mas como sou ignorante nestes temas, preferi não adiantar nada. Obrigado pelo comentário.
AB

Bartolomeu disse...

Pesquisei em enciclopédia e alfarrábios e com base também na definição do pintor e arqueologo naval, Jaime Martins Barata, a "nossa" falua, descende das falucas ou felucas originárias de várias zonas do mediterrâneo, desde a Sicilia a Marrocos, passando pelo Nilo. Assim, acho que a descendência se confirma. ;)

António Barreto disse...

Obrigado pela informação e pela lição! AB