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Estas
muralhas são maravilhosas. Infelizmente, representam apenas uma muito pequena parte do original mandado construir nos séculos XIV e XV para defender a capital do Império Inca. Quando os espanhóis chegaram e conquistaram, retiraram a maior parte da pedra a fim de construir edifícios e desenvolver a cidade. O que fizeram. Na verdade, um número importante das construções, a começar pelos edifícios públicos, monumentos e Igrejas ainda hoje a uso, é feito com pedra saída daqui para as fundações e os muros até ao primeiro andar. Ainda hoje não se conhece tudo destas muralhas. Eram militares, mas também de armazenamento de alimentos e outros bens. As pedras gigantescas foram cortadas e juntas com uma absoluta precisão: em muitos sítios não cabe uma faca ou uma folha de papel entre dois pedregulhos. Não se sabe como foram talhadas as pedras, nem como foram transportadas até aqui. Estas muralhas ficam a um ou dois quilómetros a Norte de Cuzco. Apesar da subida, chega-se lá facilmente a pé. Foi o que fiz, mal aterrei na cidade. Estava de tal maneira eufórico com a minha primeira estadia em Cuzco (antes, Iquitos e Lima, uns dias depois, Machu Pichu e o lago Titicaca, lugares que me encantavam desde a adolescência…), que nem tomei as precauções indispensáveis. Dada a altitude, era necessário começar a andar devagar, prever um dia para me habituar, não beber cerveja, tomar uns comprimidos de Coramina glicose, comer pouco, dormir… Ora, mal desci do avião, fui ver as muralhas, passei lá quase um dia, andei a correr atrás dos lamas, bebi o que encontrei, incluindo uma aguardente inca horrorosa… Nessa noite, fui para a cama com uma dor horrenda em todo o corpo, um estouro na cabeça e as articulações a gemer… O médico das urgências sorriu, disse entre dentes qualquer coisa como “estes parvos destes turistas…”, deu-me os medicamentos habituais e mandou-me descansar um dia. Foi o que fiz e não voltei a repetir a graça. (1971)
1 comentário:
Esta construção da imagem ainda existe?
Gistaria de conhecer essas construções milenares.
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