Senhor Presidente da República,
Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça,
Senhor Presidente do Tribunal Constitucional,
Senhores Ministros,
Senhores Deputados,
Senhores Embaixadores,
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Faro,
Senhoras e Senhores,
O DIA DOS PORTUGUESES ou, oficialmente, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, comemorado em 2010, tem um significado especial. Na verdade, assistimos esta manhã a um desfile das nossas Forças Armadas precedido de uma extensa delegação de Veteranos, de Antigos Combatentes, mais singelamente de combatentes dos exércitos em todas as guerras e conflitos em que Portugal esteve envolvido desde meados do século XX.
Ao ver desfilar umas dezenas de antigos combatentes, de todos os teatros de acção militar em que Portugal participou, não sentimos vontade nem necessidade de lhes perguntar pela guerra, pela crença ou pela época. Sentimos apenas obrigação de, pelo reconhecimento, pagar uma dívida. Sentimos orgulho por saber que é a primeira vez na história que tal acontece e que está aberta a via para a eliminação de uma divisão absurda entre Portugueses. Com efeito, é a primeira vez que, sem distinções políticas, se realiza esta homenagem de Portugal aos seus veteranos.
Centenas de milhares de soldados portugueses combateram em nome do seu país, do nosso país, desde os inícios do século XX até à actualidade. Já não há sobreviventes do Corpo Expedicionário Português enviado para Flandres, na 1ª Grande Guerra Mundial, nem das forças que, no mesmo conflito, lutaram em África. O último veterano dessa guerra, José Maria Baptista, morreu a 14 de Dezembro de 2002. Depois daquele conflito, as guerras foram, durante décadas, poupadas aos Portugueses. Só a partir de finais dos anos 1950 os soldados e outras forças militarizadas voltaram a encontrar-se em situações de combate aberto, primeiro no então Ultramar português, depois em múltiplos teatros de guerra, em associação com forças armadas dos nossos aliados da NATO e da União Europeia e em missões organizadas sob a égide das Nações Unidas. Independentemente das opiniões de cada um, para o Estado português todos estes soldados foram Combatentes, são hoje Antigos Combatentes ou Veteranos, mas, sobretudo, são iguais. Não há, entre eles, diferenças de género, de missão ou de função. São Veteranos e foram soldados de Portugal. É assim que deve ser.
Em Portugal ou no estrangeiro, no Continente ou no Ultramar, na Metrópole ou nas Colónias, as Forças Armadas portuguesas marcaram presença em vários teatros de guerra e em diversas circunstâncias. Militares portugueses lutaram em terra, no mar ou no ar, cumpriram os seus deveres e executaram as suas missões. Em Goa, em Angola, em Moçambique, na Guiné, no Kosovo, em Timor ou no Iraque. Todos fizeram o seu esforço e ofereceram o seu sacrifício, seguindo determinações políticas superiores. As decisões foram, como deve ser, as do Estado português e do poder político do dia. Mas há sempre algo que ultrapassa esse poder. O sacrifício da vida implica algo mais que essa circunstância: é, para além das vicissitudes históricas e dos ciclos de vida política, a permanência do Estado.
Os soldados cumprem as suas missões por diversos motivos. Por dever. Por convicção. Por obrigação inescapável. Por desempenho profissional. Por sentido patriótico, político ou moral. Só cada um, em sua consciência, conhece as razões verdadeiras. Mas há sempre um vínculo, invisível seja ele, que o liga aos outros, à comunidade local ou nacional, ao Estado. É sempre em nome dessa comunidade que o soldado combate.
Na verdade, em todos os episódios de guerra referidos e noutros mais, há fenómenos de natureza diversa. Houve decisões políticas de carácter exclusivamente nacional, mas também houve actos de colaboração em missões multinacionais, como houve decisões estratégicas colectivas das alianças de que Portugal é membro. Também conhecemos decisões políticas tomadas em vários quadros: com e sem legitimidade democráticas, com e sem referenda parlamentar. E até, finalmente, situações em que o Parlamento fica aquém daquela que deveria ser a sua função. Com efeito, a Constituição e as leis não obrigam, infelizmente, a que as missões no estrangeiro sejam aprovadas pelo Parlamento. Apenas admitem o “acompanhamento do envolvimento” militar no estrangeiro, o que nem sempre é rigorosamente cumprido.
A análise destas diferenças pode ser importante do ponto de vista político, histórico e intelectual. Mas, no plano do reconhecimento de um povo, do respeito devido e do esforço do soldado, essas distinções são secundárias ou inúteis. Foram, simplesmente, militares portugueses que tudo deram ou tudo arriscaram. É esse o reconhecimento devido.
Um antigo combatente não pode nem deve ser tratado de colonialista, fascista, democrata ou revolucionário de acordo com conveniências ou interesses menores. A sua origem, a sua classe social, a sua etnia, as suas crenças ou a sua forma de vínculo às Forças Armadas são, a este propósito, indiferentes: foram, simplesmente, soldados portugueses.
Pelo sacrifício, pela duração e pelas implicações políticas, as guerras do Ultramar foram evidentemente as que mais marcaram as gerações das últimas décadas. Mas, ao longo dos trinta anos de democracia e de compromissos internacionais, muitas centenas ou milhares de cidadãos portugueses estiveram presentes em teatros de guerra e em missões de protecção da paz ou de mediação. Novos sacrifícios foram feitos, vidas foram interrompidas, carreiras e famílias suspensas.
Todos esses militares, os de Luanda ou do Líbano, os da Guiné ou da Bósnia, merecem o nosso respeito. São antigos combatentes. São Veteranos. São soldados que cumpriram os seus deveres e que, com excepção dos que tenham moralmente abusado das suas funções, merecem a nossa homenagem. Não há lugar, não deve haver lugar para diferenças entre esses Veteranos. Não há Veteranos melhores ou piores do que outros. Não há Veteranos que mereçam aplauso e Veteranos a quem se reserve o esquecimento. Não há Veteranos ou Antigos Combatentes fascistas ou democráticos, socialistas ou comunistas, reaccionários ou revolucionários. Não há Veteranos de antes ou de depois do 25 de Abril. Não há Antigos Combatentes milicianos ou de carreira ou contratados. Há Veteranos e Antigos Combatentes, ponto final! É o que nós lhes devemos. Nós, todos, os que fizeram ou não, os que concordaram ou não com as guerras, sem distinção de época, de governo ou de cor política.
Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos. É certo que há, aqui e ali, expressão de gratidão ou respeito, numa unidade, numa autarquia, numa instituição, numa lei ou numa localidade. Mas, em termos gerais e permanentes, o esquecimento ou a indiferença são superiores. Sobretudo por omissão do Estado. Dos aspectos materiais aos familiares, passando pelos espirituais e políticos, o Estado cumpre mal o seu dever de respeito perante aqueles a quem tudo se exigiu.
Em cada momento, em cada conflito, houve quem tivesse ideias diferentes e se opusesse à intervenção militar. Uns, mesmo nessas condições, cumpriram as ordens oficiais, outros recusaram-se. Por oportunidade, por convicção política, por uma interpretação diferente do interesse nacional, houve refracção e objecção. Em certos casos, pensava-se que as operações militares não tinham sido referendadas pelo povo soberano ou eram contrárias à ética e ao interesse nacional. Noutros casos, faltava o assentimento parlamentar. Aliás, o acompanhamento parlamentar do envolvimento militar é deficiente, apesar de estatuído pela Constituição.
Houve soldados que combateram sob um regime autoritário, outros em regime democrático. Houve soldados que combateram integrados em forças nacionais, outros em forças aliadas ou internacionais. Como houve soldados que, de outras origens étnicas então e tendo hoje nacionalidade diferente, serviram nas Forças Armadas portuguesas.
Em 1974, jovens militares decidiram derrubar o regime autoritário e dar uma oportunidade à democracia. Outros tentaram estabelecer um novo regime político que eventualmente limitaria as liberdades. Outros ainda ficaram independentes e equidistantes. Enquanto outros, finalmente, teriam preferido continuar sob o regime anterior. Prefiro os primeiros, os que ajudaram a fundar o Estado democrático. Mas, pelo sacrifício das suas vidas e pelo cumprimento dos seus deveres, respeito-os todos.
Qualquer guerra ou envolvimento militar é controverso e suscita opiniões diversas e contraditórias. É assim no Afeganistão ou no Iraque. Foi assim no Ultramar. Como também na Flandres, nas Linhas de Torres ou em Aljubarrota. Essas divergências podem ser legítimas e compreensíveis. Traduzem ideias, interesses, convicções e doutrinas diferentes. Assim como versões diversas do interesse nacional. Mas isso não justifica a ausência de respeito por aqueles que combateram, que correram riscos, que ficaram feridos ou deram a sua vida.
As diferenças de opinião e de crença não devem impedir de respeitar todos os que fizeram a guerra, com convicção ou por obediência ao poder político, desde que, evidentemente, o tenham feito sem abuso. Merecem as pensões que lhes são devidas. Merecem atenção e cuidado. Merecem um Dia do Combatente oficialmente estabelecido. Merecem que as suas associações sejam consideradas de utilidade pública. Merecem estar presentes nas cerimónias públicas e oficiais. Mas sobretudo merecem respeito.
Os Portugueses são parcos em respeito pelos seus mortos e até o Estado não é muito explícito no cumprimento desse dever. Pois bem: está chegada a altura de eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre Veteranos de nome e Veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos. Pela Pátria ou pelo seu País, pelo Estado ou pela sua profissão, foi pela sua comunidade nacional que todos eles combateram e se sacrificaram.
É possível que o comportamento do Estado, a atitude de políticos e os sentimentos de cidadãos para com os militares sejam determinados, em parte, pela avaliação que se faz do modo como deram ou retiraram apoio a certos dirigentes e a certas formas de regime. Não se nega o facto. Mas, perante o antigo combatente, recusa-se o juízo de valor.
Aos Veteranos e antigos Combatentes que hoje estiveram connosco pela primeira vez, nada se lhes pede. Nada devem aos seus contemporâneos. Nós é que estamos em dívida para com eles. São o Estado e a sociedade que lhes devem algo. O que lhes pedimos hoje foi muito simples: aceitem a homenagem que o Estado e os Portugueses vos prestaram! Não estamos aqui a festejar a guerra, mas sim os soldados! E não há melhor dia, do que o Dia de Portugal, para o fazer.
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Faro, 10 de Junho de 2010
O DIA DOS PORTUGUESES ou, oficialmente, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, comemorado em 2010, tem um significado especial. Na verdade, assistimos esta manhã a um desfile das nossas Forças Armadas precedido de uma extensa delegação de Veteranos, de Antigos Combatentes, mais singelamente de combatentes dos exércitos em todas as guerras e conflitos em que Portugal esteve envolvido desde meados do século XX.
Ao ver desfilar umas dezenas de antigos combatentes, de todos os teatros de acção militar em que Portugal participou, não sentimos vontade nem necessidade de lhes perguntar pela guerra, pela crença ou pela época. Sentimos apenas obrigação de, pelo reconhecimento, pagar uma dívida. Sentimos orgulho por saber que é a primeira vez na história que tal acontece e que está aberta a via para a eliminação de uma divisão absurda entre Portugueses. Com efeito, é a primeira vez que, sem distinções políticas, se realiza esta homenagem de Portugal aos seus veteranos.
Centenas de milhares de soldados portugueses combateram em nome do seu país, do nosso país, desde os inícios do século XX até à actualidade. Já não há sobreviventes do Corpo Expedicionário Português enviado para Flandres, na 1ª Grande Guerra Mundial, nem das forças que, no mesmo conflito, lutaram em África. O último veterano dessa guerra, José Maria Baptista, morreu a 14 de Dezembro de 2002. Depois daquele conflito, as guerras foram, durante décadas, poupadas aos Portugueses. Só a partir de finais dos anos 1950 os soldados e outras forças militarizadas voltaram a encontrar-se em situações de combate aberto, primeiro no então Ultramar português, depois em múltiplos teatros de guerra, em associação com forças armadas dos nossos aliados da NATO e da União Europeia e em missões organizadas sob a égide das Nações Unidas. Independentemente das opiniões de cada um, para o Estado português todos estes soldados foram Combatentes, são hoje Antigos Combatentes ou Veteranos, mas, sobretudo, são iguais. Não há, entre eles, diferenças de género, de missão ou de função. São Veteranos e foram soldados de Portugal. É assim que deve ser.
Em Portugal ou no estrangeiro, no Continente ou no Ultramar, na Metrópole ou nas Colónias, as Forças Armadas portuguesas marcaram presença em vários teatros de guerra e em diversas circunstâncias. Militares portugueses lutaram em terra, no mar ou no ar, cumpriram os seus deveres e executaram as suas missões. Em Goa, em Angola, em Moçambique, na Guiné, no Kosovo, em Timor ou no Iraque. Todos fizeram o seu esforço e ofereceram o seu sacrifício, seguindo determinações políticas superiores. As decisões foram, como deve ser, as do Estado português e do poder político do dia. Mas há sempre algo que ultrapassa esse poder. O sacrifício da vida implica algo mais que essa circunstância: é, para além das vicissitudes históricas e dos ciclos de vida política, a permanência do Estado.
Os soldados cumprem as suas missões por diversos motivos. Por dever. Por convicção. Por obrigação inescapável. Por desempenho profissional. Por sentido patriótico, político ou moral. Só cada um, em sua consciência, conhece as razões verdadeiras. Mas há sempre um vínculo, invisível seja ele, que o liga aos outros, à comunidade local ou nacional, ao Estado. É sempre em nome dessa comunidade que o soldado combate.
Na verdade, em todos os episódios de guerra referidos e noutros mais, há fenómenos de natureza diversa. Houve decisões políticas de carácter exclusivamente nacional, mas também houve actos de colaboração em missões multinacionais, como houve decisões estratégicas colectivas das alianças de que Portugal é membro. Também conhecemos decisões políticas tomadas em vários quadros: com e sem legitimidade democráticas, com e sem referenda parlamentar. E até, finalmente, situações em que o Parlamento fica aquém daquela que deveria ser a sua função. Com efeito, a Constituição e as leis não obrigam, infelizmente, a que as missões no estrangeiro sejam aprovadas pelo Parlamento. Apenas admitem o “acompanhamento do envolvimento” militar no estrangeiro, o que nem sempre é rigorosamente cumprido.
A análise destas diferenças pode ser importante do ponto de vista político, histórico e intelectual. Mas, no plano do reconhecimento de um povo, do respeito devido e do esforço do soldado, essas distinções são secundárias ou inúteis. Foram, simplesmente, militares portugueses que tudo deram ou tudo arriscaram. É esse o reconhecimento devido.
Um antigo combatente não pode nem deve ser tratado de colonialista, fascista, democrata ou revolucionário de acordo com conveniências ou interesses menores. A sua origem, a sua classe social, a sua etnia, as suas crenças ou a sua forma de vínculo às Forças Armadas são, a este propósito, indiferentes: foram, simplesmente, soldados portugueses.
Pelo sacrifício, pela duração e pelas implicações políticas, as guerras do Ultramar foram evidentemente as que mais marcaram as gerações das últimas décadas. Mas, ao longo dos trinta anos de democracia e de compromissos internacionais, muitas centenas ou milhares de cidadãos portugueses estiveram presentes em teatros de guerra e em missões de protecção da paz ou de mediação. Novos sacrifícios foram feitos, vidas foram interrompidas, carreiras e famílias suspensas.
Todos esses militares, os de Luanda ou do Líbano, os da Guiné ou da Bósnia, merecem o nosso respeito. São antigos combatentes. São Veteranos. São soldados que cumpriram os seus deveres e que, com excepção dos que tenham moralmente abusado das suas funções, merecem a nossa homenagem. Não há lugar, não deve haver lugar para diferenças entre esses Veteranos. Não há Veteranos melhores ou piores do que outros. Não há Veteranos que mereçam aplauso e Veteranos a quem se reserve o esquecimento. Não há Veteranos ou Antigos Combatentes fascistas ou democráticos, socialistas ou comunistas, reaccionários ou revolucionários. Não há Veteranos de antes ou de depois do 25 de Abril. Não há Antigos Combatentes milicianos ou de carreira ou contratados. Há Veteranos e Antigos Combatentes, ponto final! É o que nós lhes devemos. Nós, todos, os que fizeram ou não, os que concordaram ou não com as guerras, sem distinção de época, de governo ou de cor política.
Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos. É certo que há, aqui e ali, expressão de gratidão ou respeito, numa unidade, numa autarquia, numa instituição, numa lei ou numa localidade. Mas, em termos gerais e permanentes, o esquecimento ou a indiferença são superiores. Sobretudo por omissão do Estado. Dos aspectos materiais aos familiares, passando pelos espirituais e políticos, o Estado cumpre mal o seu dever de respeito perante aqueles a quem tudo se exigiu.
Em cada momento, em cada conflito, houve quem tivesse ideias diferentes e se opusesse à intervenção militar. Uns, mesmo nessas condições, cumpriram as ordens oficiais, outros recusaram-se. Por oportunidade, por convicção política, por uma interpretação diferente do interesse nacional, houve refracção e objecção. Em certos casos, pensava-se que as operações militares não tinham sido referendadas pelo povo soberano ou eram contrárias à ética e ao interesse nacional. Noutros casos, faltava o assentimento parlamentar. Aliás, o acompanhamento parlamentar do envolvimento militar é deficiente, apesar de estatuído pela Constituição.
Houve soldados que combateram sob um regime autoritário, outros em regime democrático. Houve soldados que combateram integrados em forças nacionais, outros em forças aliadas ou internacionais. Como houve soldados que, de outras origens étnicas então e tendo hoje nacionalidade diferente, serviram nas Forças Armadas portuguesas.
Em 1974, jovens militares decidiram derrubar o regime autoritário e dar uma oportunidade à democracia. Outros tentaram estabelecer um novo regime político que eventualmente limitaria as liberdades. Outros ainda ficaram independentes e equidistantes. Enquanto outros, finalmente, teriam preferido continuar sob o regime anterior. Prefiro os primeiros, os que ajudaram a fundar o Estado democrático. Mas, pelo sacrifício das suas vidas e pelo cumprimento dos seus deveres, respeito-os todos.
Qualquer guerra ou envolvimento militar é controverso e suscita opiniões diversas e contraditórias. É assim no Afeganistão ou no Iraque. Foi assim no Ultramar. Como também na Flandres, nas Linhas de Torres ou em Aljubarrota. Essas divergências podem ser legítimas e compreensíveis. Traduzem ideias, interesses, convicções e doutrinas diferentes. Assim como versões diversas do interesse nacional. Mas isso não justifica a ausência de respeito por aqueles que combateram, que correram riscos, que ficaram feridos ou deram a sua vida.
As diferenças de opinião e de crença não devem impedir de respeitar todos os que fizeram a guerra, com convicção ou por obediência ao poder político, desde que, evidentemente, o tenham feito sem abuso. Merecem as pensões que lhes são devidas. Merecem atenção e cuidado. Merecem um Dia do Combatente oficialmente estabelecido. Merecem que as suas associações sejam consideradas de utilidade pública. Merecem estar presentes nas cerimónias públicas e oficiais. Mas sobretudo merecem respeito.
Os Portugueses são parcos em respeito pelos seus mortos e até o Estado não é muito explícito no cumprimento desse dever. Pois bem: está chegada a altura de eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre Veteranos de nome e Veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos. Pela Pátria ou pelo seu País, pelo Estado ou pela sua profissão, foi pela sua comunidade nacional que todos eles combateram e se sacrificaram.
É possível que o comportamento do Estado, a atitude de políticos e os sentimentos de cidadãos para com os militares sejam determinados, em parte, pela avaliação que se faz do modo como deram ou retiraram apoio a certos dirigentes e a certas formas de regime. Não se nega o facto. Mas, perante o antigo combatente, recusa-se o juízo de valor.
Aos Veteranos e antigos Combatentes que hoje estiveram connosco pela primeira vez, nada se lhes pede. Nada devem aos seus contemporâneos. Nós é que estamos em dívida para com eles. São o Estado e a sociedade que lhes devem algo. O que lhes pedimos hoje foi muito simples: aceitem a homenagem que o Estado e os Portugueses vos prestaram! Não estamos aqui a festejar a guerra, mas sim os soldados! E não há melhor dia, do que o Dia de Portugal, para o fazer.
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Faro, 10 de Junho de 2010
22 comentários:
Caro Professor Doutor António Barreto,
Tomei a ousadia de lhe «roubar» este texto para os blogs Do Miradouro e Do Mirante.
A espera pela sua publicação foi compensada!
As palavras de um cidadão transmontano íntegro e com elevada capacidade intelectual e imagem de seriedade, honestidade e frontalidade, muito acima de alguns seus conterrâneos, merecem ser divulgadas.
Enquanto os próprios juízes que se intitulam de órgão de soberania, têm sindicatos que os defendem, tal como qualquer outra profissão, os militares, pelo contrário, não podem usufruir desse direito, pelo que têm sido sacrificados, prejudicados, pelo Poder Político de qualquer cor. Por isso, devem estar muito gratos ao autor destas brilhantes palavras. E certamente estão intimamente muito satisfeitos e esperançados que as entidades políticas as tenham na devida consideração.
Os meus sinceros parabéns e expressão do maior respeito
A. João Soares
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Muitos parabéns pelo seu texto, pleno de significado e respeito pelos militares portugueses. Sou filha de militar e sei que, no geral, não lhes somos suficientemente gratos.
Obrigada.
Cumprimento-o com simpatia,
Cristina Loureiro dos Santos
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Senhor Professor Doutor António Barreto:
Os meus mais sinceros parabéns pelo conteúdo do seu Discurso na Cerimónia do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
Pela 1ª vez vi e ouvi Alguém Responsável abordar, em local próprio, o tema sobre os ex-Combatentes com tanta clarividência, objectividade e frontalidade.
Será que o Sr.Primeiro Ministro e o Sr. Ministro da Defesa tomarão em devida conta as palavras de V. Exª?
Tenho uma vaga esperança de que sim.
Que tomem o exemplo de como Países como os USA ou a França, entre outros, Homenageiam e Dignificam aqueles seus Cidadãos que defenderam, em Armas, as suas Pátrias.
Grato pela sua Lucidez e Coragem
Fernando Rezende
Coronel DFA por ferimento em combate em Angola.
11 de Junho de 2010 11:28
Como não tenho, julgo eu, outro modo de o fazer, gostava de lhe dar os parabéns e agradecer pelo discurso que hoje fez nas celebrações do 10 de Junho.
Sou antigo combatente da Guiné, e foi a primeira vez que ouvi alguém defender corajosamente que não há bons nem maus combatentes de/por Portugal, e afirmar a realidade de que o estado trata mal os antigos combatentes.
Recentemente respondi num processo para atribuir uma miserável pensão a um soldado da Guiné, num processo que se arrasta há longuíssimos anos!
Com os meus sinceros cumprimentos
Joaquim Mexia Alves
Ex- Alferes Miliciano de Operações Especiais - Guiné 72/73
Permita-me meu caro senhor que me proste perante tão sábias palavras.
Finalmente alguém, de uma forma firme e aberta, fala dos antigos combatentes sem tibiezas. Alguém finalmente faz jus aos combatentes de Portugal. Sem distinções. Sim, sem distinções, ao contrário do actual governo que com a lei 3/2009dividiu todos os ex.combatentes.E porquê? è que, com a nova lei, todos aqueles que estiveram na Guiné e que normalmente estavam inseridos em Batalhões, e que por razões de logistica militar ( a guerra na guiné e o clima era muito mais duro, perigoso)o serviço militar era somente de 18 meses, não obstante toda a gente "dar" sempre 22 ou 23 meses, foram prejudicados, uma vez que a lei diz que só a partir de 24 meses é que dá direiro à pensão de 150€ (?!?!?!) anuais, logo quem andou na guiné, só tem direito a 100 €
Gostei muito do discurso; ajudou me pensar sobre os militares e Portugal, e inspirou me escrever o meu blogue sobre esta questão.
Alex Ellis
http://aeiou.expresso.pt/um-bife-mal-passado=s24971
Parabéns pela sua objectividade e frontalidade com que defendeu a injustiça que continua a pairar sobre os ex-combatentes e o ignorar das chefias governamentais, daqueles que um dia palmilharam as matas em solos africanos em defesa da Pátria, obrigados a abandonar as suas famílias,perdendo a sua mocidade.É com alguma comoção que escrevo este breve texto, agradecendo este seu óptimo e oportuno comentário.
Cumpri o serviço militar na Guiné 1973/1974.
Fernando Araújo
Ex-Furriel Miliciano de Operações Especiais
Senhor Professor
Muito obrigado pelas suas palavras. Tomo a ousadia de as colocar no FB no grupo da Associação das Operações Especiais e no da Irmandade Militar de Nossa Senhora da Conceição.
Com respeitosos cumprimentos.
António Feijó (antigo combatente)
Caro Senhor António Barreto,
Venho cumprimentá-lo e agradecer-lhe as estimáveis e sábias palavras ditas em homenagem aos veteranos de todas as guerras, em dia tão memorável como é o 10 de Junho.
Muito Obrigado!
Elmiro Ferreira
veterano
O Editorial de hoje do «DN» é dedicado a este discurso de A. Barreto - ver [aqui].
Que me desculpe o Senhor António Barreto mas não caio mais na armadilha das homenagens. É uma forma reptícia que o Estado encontra para nada fazer em relação a uma enorme quantidade de lesados, física e mentalmente, que merecem um tratamento diferenciado de qualquer outro cidadão vulgar. O Estado lavou daí as mãos com um mísero subsídio anual, que devia encher de vergonha a quem o promoveu e atribuiu.
Mas o que mais me surpreendeu, foi o Senhor António Barreto «alinhar» numa parada, um tudo nada semelhante, às que se faziam antes do 25 de Abril de 1974. A diferença é que os agraciados são outros.
Mas o que mais me irrita, profundamente, é que, em mais um ano, a segunda com a sua participação, o nome de Camões foi mandado às malvas. O dia 10 de Junho devia ser, por homenagem ao grande cânone da nossa cultura, um dia, inteiramente, dedicado à Cultura que, curiosamente, havendo dias para isto e para tudo, não o há para a dita. Que melhor homenagem se poderia prestar ao grande vate, senão retirar-lhe a triste e dolorosa ligação ao antigo regime, recuperando-o como um dos grandes vultos da nossa Cultura, criando no dia 10 de Junho de cada ano o Dia da Cultura? Seria ou não seria justo? Seria ou não seria mais racional?
Quanto ao Dia Das Comunidades Portuguesas passaria muito bem para os 25 de Abril, pois foi com o primeiro deles que se libertaram todos as algemas que separavam as comunidades portuguesas.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito e postado na Biblioteca Nacional, em 12/06/2010 às 12H01
etpluribusepitaphius.blogspot.com
Caro Professor
Como filho de um antigo militar e combatente, já falecido, gostaria de lhe agradecer em nome do meu Pai, que estou certo se iria emocinar, a coragem com que abordou o dificil tema da guerra. Sabemos que ele necessita de tempo para ser absorvido, mas os actuais e antigos combatentes precisam de algum conforto para que lhes seja mais facil encarar as familias, que muitas vezes desconhecem quando regressam. Gostaria igualmente de lhe agradecer, em meu nome e no dos meus irmãos, porque as suas palavras nos ajudaram também a compreender as ausências forçadas pela guerra.AJS
Caro Professor, grato pelo desassombro e, arrisco, até alguma coragem nesta tentativa de limpar as teias de aranha (intocáveis) de parte da nossa Sociedade.
Vou "levar" o seu discurso.
Obrigado, pela sua frontalidade....descomplexada.
Enquanto se homenageiam os antigos combatentes permite-se que um desertor do exército português se candidate a Presidente da República. A perspectiva de num próximo 10 de Junho os antigos combatentes desfilarem perante um homem que fugiu para o lado do inimigo é aterradora, e marca o princípio do fim de um país!
Caro Professor Doutor António Barreto.
Bem haja pela sua dissertação. Porque na verdade...Em todo o Mundo civilizado, e não só, em Países Ricos, cidadãos protagonistas dos grandes conflitos e catástrofes com eles relacionados, vencedores ou vencidos, recebem apoio, sobretudo nos capítulos socais da assistência, na doença, na educação, na velhice e na morte como preito de homenagem da Nação àqueles que lutaram pela Pátria, com exposição da própria vida.
Todos os que vestiram a farda da Grã-Bretanha, França, Rússia, Alemanha, Itália e Japão têm tratamento diferenciado. Idem para a Polónia e Europa de Leste, bem como para os Brasileiros que constituíram o Corpo Expedicionário destacado na Europa.
Idem para os Malaios, Australianos, Filipinos, Neo-zelandeses e soldados profissionais indianos.
Nos EUA a sua poderosíssima "Veterans War " não depende de nenhum secretário de Estado, nem do Congresso, depende directamente do Presidente dos EUA, com quem despacha quinzenalmente. Esta prerrogativa referendada por toda uma Nação permite que todos aqueles que deram a vida pela Pátria repousem em cemitérios espalhados por todo o Mundo, duma grandiosidade, beleza impares, ou todos aqueles que a serviram , tenham assistência médica e medicamentosa para eles e família, condições especiais de acesso às Universidades, bolsas de estudo, e outros benefícios sociais durante toda a vida. Esta excepção que o povo americano concedeu a este tipo de cidadãos é motivo de orgulho de todos os americanos.
O tratamento privilegiado que todo o Mundo concedeu aos cidadãos que serviram a Pátria em combates onde a mesma esteve representada, é sufragado por leis normalmente votadas por unanimidade.
Também os civis que ficaram sujeitos aos bombardeamentos, quer em Inglaterra, quer em Dresden,quer em Hiroshima e Nagasaki, têm tratamento diferenciado. Até o Irão dá tratamento autónomo e especifico aos cidadãos que combateram na recente guerra Irão-Iraque, onde morreram 1 milhão de iranianos.
Até países da Africa terceiro mundista e subdesenvolvida, como o Quénia, atribuiu aos ex-maus-maus,esquemas de protecção social diferentes dos outros cidadãos.
Em todo o Mundo, menos em Portugal.
No meu país os talhões de Combatentes dos vários cemitérios, estão abandonados, as centenas de cemitérios espalhados pela Guiné, Angola, Moçambique, India e Timor, abandonados estão, quando não, profanados.
No meu Pais, a pouco e pouco, foi-se retirando a dignidade devida aos que combateram pela Pátria, abandonando os seus mortos e retirando as poucas “migalhas” que ainda tinham diferentes do comum dos cidadãos, a assistência médica e medicamentosa.
Deste modo Professor as suas palavras clarividentes e com elevado sentido de justiça, por virem de um académico ilustre, muito honram quem combateu.
HF
Comentário publicado nos blogues: http://guerracolonial.blogs.sapo.pt e /http://cart2732.blogspot.com
António Barreto dá uma chicotada psicológica aos mais Altos Representantes de Portugal
ANTÓNIO BARRETO, intelectual e cientista social, autor dos documentários para a RTP, “Um retrato social”, realizados em 2006, encarna, publicamente, em frente dos mais altos responsáveis do país, o sentimento e a mágoa dos ex-combatentes.
Confesso que não sabia que António Barreto era o responsável pela Comissão das Comemorações do 10 de Junho de 2010, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, mas foi com uma agradável surpresa que ouvi o seu discurso, quase todo virado para os ex-combatentes, preocupado em salientar o facto de não haver vários tipos de combatentes, como alguns pretendem. Existe, apenas, um tipo de combatente: aquele que em nome do seu país, serviu ou serve, em território português, ou no estrangeiro, por mandato do Estado Português. Entenda-se que as ex-colónias, hoje países estrangeiros, eram, na altura da guerra colonial, consideradas terras sob administração portuguesa...
António Barreto proferiu, no meu ponto de vista, o discurso que os ex-combatentes esperavam ouvir, há mais de 40 anos, e que nenhum político ousou dizer, talvez com o receio de ser conotado com uma ou outra força política, por concordância ou discordância da manutenção das guerras do ultramar. O desassombro e a inspiração de António Barreto merece a nossa vénia e o nosso obrigado. Ele soube definir, com tamanha clareza de espírito e evidência o que levou tantos milhares de jovens a deixar as suas terras e as suas famílias, os seus amigos, os seus empregos, para serem levados, sem vontade própria, para terras que desconheciam, sem um “bilhete de passagem” que lhes garantisse o regresso.
A tal dívida de gratidão, tantas vezes proferida por milhares de ex-combatentes e que ventos hostis nunca permitiram que chegasse aos nossos governantes, foi – graças ao António Barreto - insuflada, à força, um a um, nos ouvidos dos governantes ali presentes. A partir de hoje, nenhum deles poderá dizer que desconhece existir uma dívida de gratidão e que ela terá que ser paga, com ou sem existência de crise.
É certo que o País já possui legislação sobre algumas questões que afectavam e afectam os ex-combatentes, relacionadas, justamente, com as situações mais gritantes de injustiça social, tais como, o apoio aos deficientes e aos afectados pelo stress pós traumático, mas no que respeita à questão das reformas muito há, ainda, que fazer.
António Barreto afirmou que "Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos”, reforçando que o “esquecimento e a indiferença são superiores”, sobretudo "por omissão do Estado".
Barreto acusa o Estado de ser pouco "explícito no cumprimento desse dever", avisando que está na altura de "eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre veteranos de nome e veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos".
Um antigo combatente não pode ser tratado de "colonialista", "fascista" ou "revolucionário", mas simplesmente "soldado português",.
O dia 10 de Junho de 2010 fica marcado, também, por ter sido a primeira vez que os antigos combatentes desfilaram na cerimónia militar oficial do Dia de Portugal.
Como ex-combatente, sinto-me profundamente grato pelas palavras de António Barreto, que me tocaram o coração. Um bem-haja.
Inácio Silva
Em minha opinião, o comentário deixado por jorge manuel brasil mesquita, toca aspectos merecedores de reflexão.
Foi sem dúvida um discurso arrojado que o Sociólogo António Barreto, apresentou na manhã do dia 10 de Junho de 2010, ao povo português. Talvez mais fácil de entender por todos aqueles que sofrem e carregam os males físicos, psicológicos e morais a que um estado os votou, e que O estado actual, teima em manter.
Aqueles homens que desfilaram, representam gerações de homens que combateram por Portugal... bom, não terá sido bem assim, talvez o mais correcto seja dizer que combateram para defender interesses portugueses... sobretudo de alguns portugueses.
Foram tempos em que reinava um outro espírito, em que o conceito de nação, de estado e de povo, se encontrava condicionado e adstricto a outros menos amplos, menos claros, menos democráticos que os actuais. Mas o conceito de democracia e de defesa de direitos humanos, continua a estar sujeito à vontade daqueles que detêm o poder neste país.
Se bem se lembra, Dr. António Barreto, no mesmo hotel onde se hóspedou, ficaram tambem, uma "carrada" de altas patentes do exército, marinha, força aérea, alguns, acompanhados pelas esposas, todos se fizeram deslocar em carros de alta cilindrada, com motorista, tomáram excelentes refeições, empretigados nas suas fardas luzidias, distribuindo salamaleques, e abraços apertados pelos seus pares. Como imagina o caro António Barreto que estes generais, brigadeiros, tenente-generais, comandantes, etc, etc, etc. terão entendido as palavras que o Sociólogo proferiu?, O que imagina que terão sentido, quando viram estes ex-combatentes desfilar, alguns empurrando cadeiras de rodas que transportávam os colegas, revivendo provávelmente cenas de heroísmo e solideriedade humana, quando trans portaram em ombros o camarada ferido em combate?
Haverá consciencia neste nosso Portugal, capaz de entender o sentido daquilo que o Dr. António Barreto disse?
A ver vamos...
É sintomático que os comentários publicados tenham sido APENAS OS QUE ELOGIAM O TEXTO.
Duas excepções confirmam a regra. Significa que o autor (mesmo tendo em conta que não permite comentários anónimos) ignorou ou não gostou dos restantes?. Ou será que nenhum português teve coragem de o afrontar?
Caro JC,
Como 'webmaster' deste blogue, esclareço-o que os comentários não estão sujeitos ao que se chama "moderação" (aprovação).
Assim, e desde que o "Blogger" esteja a funcionar normalmente, os comentários ficam visíveis de imediato (como poderá facilmente constatar) - seja qual for o seu conteúdo, evidentemente.
A única condição que é exigida aos comentários é que não sejam anónimos.
SR. DOUTOR ANTÓNIO BARRETO
SOU SEU FIEL LEITOR DESDE HÁ MUITO... e COMO "GOSTO" DO CHEIRO DO PAPEL ,AINDA TENHO-recortadas e guardadas- EM CAIXAS DAS CAMISAS TRIPLE-MARFEL (passe a publicidade...) MUITAS DAS SUAS "SABOROSAS" E SOBRETUDO - DESCOMPROMETIDAS CRÓNICAS... HÁ UMA ENTÃO, QUE... ADORO: "SÓCRATES,O DITADOR"- TALVEZ PORQUE ,MESMO LENDO-SE PASSADOS MESES A ACTUALIDADE SE MANTEM SEMPRE( O QUE NOS DISPENSA A COMPRA DE "pasquins" E NOS LEVA A POUPAR P'RÓS CERTIFICADOS DE AFORRO). O PEQUENO INTRÓITO É SÓ PARA (ME) SITUAR,DIGAMOS ASSIM, PORQUE NO FUNDO,NO FUNDO, EU SOU SÓ E" SIMPLESMENTE UM (ex) SOLDADO PORTUGUÊS" QUE CORROBORA E SUBSCREVE NA GLOBALIDADE O QUE -JÚLIO CÉSAR FERREIRA -(11.06 -21H39) e JORGE MANUEL BRASIL MESQUITA - (12.06 - 12H02)"postaram", AQUI NESTE BLOG ACERCA DOS MALEFÍCIOS (não do tabaco...não!)QUE SUCESSIVOS GOVERNOS TÊM SUBSCRITO E PATROCINADO CONTRA OS TAIS... "SIMPLESMENTE SOLDADOS" ,PRIMEIRO ,DESPREZANDO-OS COMO "CARNE -P'RA- CANHÃO " E DEPOIS CRIANDO LEIS(???)(VERDADEIRAS "MONSTROUSIDADES" "napalmistas") COMO A FAMIGERADA LEI 9/2002 DE 11 DE FEVEREIRO. ESTA ..."COISA" HEDIONDA E QUE EM CERTA ALTURA -DEZ DE 2004- DEU ORIGEM A UMA CARTA AOS "CARO ANTIGO COMBATENTE... ... "ESTE É O PRIMEIRO GRANDE ESFORÇO DO ESTADO PARA RECONHECER OS MAIS DE 400.000 ANTIGOS COMBATENTES QUE SERVIRAM A PÁTRIA EM CONDIÇÕES ESPECIAIS DE DIFICULDADE OU PERIGO." (sic) e blá -blá-blá- blá -blá -blá... ATÉ AO REMATE FINAL, SUBSCRITO E ASSINADO PELOS (então) MINISTROS DO ESTADO E DA DEFESA E (pasme-se!) MINISTRO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...
PERGUNTO-ME E PERGUNTAR-LHE-IA A SI, SE ... ESTAS FIGURAS QUE O OUVIRAM DISCURSAR ,AS EXCELÊNCIAS QUE LUZIDIAMENTE O ACOMPANHARAM, FAZEM ALGUMA IDEIA -p'ra lá do discurso de ocasião...- das MUITAS E MUITAS SITUAÇÕES DE EXCOMBATENTES CARENCIADOS E SOFREDORES (ainda)DOS TRAUMAS DA GUERRA COLONIAL?!...JÁ AGORA E PARA FIM DE "post"PERGUNTE POR AÍ, O QUE FIZERAM DESSA LEI(?) 9/2002 OS ACTUAIS "COMANDANTES " DO ..."QUARTEL" ?...
ASSUMIDAMENTE,SEU LEITOR
JOÃO CARREIRA
(EX-ALFERES MILICIANO/ANGOLA 1967/71)
Só agora soube, ou tive a seguinte informação.
Era vontade dos antigos combatentes que desfilaram no 10 de Junho transportarem consigo os guiões das unidades militares em que serviram.
Dizem que tal não lhes foi permitido. Porquê?
A quem incomoda ainda que os guiões de unidades militares que estiveram em África desfilem numa homenagem aos combatentes?
É que esses guiões, reproduzidos em crachás, andaram no peito dos muitos militares que passaram por África e eram uma razão de união e camaradagem!
Por isso, António Barreto, eu dizia em algo que escrevi sobre o seu discurso, elogiando-o, mas não deixando de dizer que continuava descrente de que alguma coisa mudasse no Estado Português em relação aos combatentes, muito especialmente os da guerra de África.
Pobre nação que não honra os seus filhos!
Um abraço
Joaquim Mexia Alves
Ex- Alferes Miliciano de Operações Especiais - Guiné 72/73
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