O CAIS já não é assim. E não sabemos como será, nem sobretudo quando será. Depois de décadas de caos, uma das mais belas praças da Europa está em obras há anos. (1980)
PRIMEIRO ÚNICO SONETO DO JARDIM DO LUXEMBURGO: Pombos e pombas, que, por todo o mundo, ronronais, ante meus pés quase descalços, a quietude, a mansidão, por tudo haverdes por nada. Vós, sem voz, eloquentemente dizeis que não oscile milímetros ao íntimo ânimo, ante a completude haurida, plena graça. Que não vagueie vãos afãs, antes sossegue num pulsar divino, sintonia com o coração do mundo. E viagem termine antes da inicial partida, viagem quieta, voo estancado pela melhor altura, qual, desde cá em baixo, absoluta reside. Poeta, deixeis os comuns mortais erguerem-se, abalarem. Não os tereis mais, como outrora, suspensos do olhar, esses que amaríeis rever, convosco, no coração da cor.
- ‘Projecto de sucessão…’ Continuar de pé até que pombas de meus olhos voem. Continuar dormindo até se regelarem dedos. Continuar rezando até que tempo finde. Continuar esperando que café feche. Continuar despido até que colchão navegue. Continuar escrevendo até que papel acabe. Continuar apaixonado até que mundo acorde. Continuar sonhando até que morto durma. Continuar delirando até se incendiarem órbitas. Continuar ladainhas até que cérebro estale. Continuar a acompanhar o derrube dos tiranos. Continuar iluminado até que a maluqueira passe. Continuar chorando por miosótis encarnado. Continuar a teimar no trevo das quatro folhas. Continuar a seguir rota de estrela cadente. Continuar a guardar no coração cintilações natalícias. Continuar a procurar piolho estrelinha na cabeça rachada do Menino Jesus. Continuar a arriscar vermelho branco. Continuar sangrando até se esgotar água. Continuar boiando até que sangue estanque. Continuar a coçar jubilosa ferida. Continuar a prolongar gélido chuveiro. Continuar a adorar mulher artimanha. Continuar a andar sobre escombros lua. Continuar sentado até os pés da cadeira enraizarem. Continuar a dar corda a relógios que ninguém olha. Continuar escutando especial música. Continuar a elucubrar variáveis linguagens. Continuar a cantarolar milagre da vida. Isto e muito mais até que paizinho evapore. Isto e muito mais até que paz floresça.
O super-criativo dramaturgo dos entremezes misturou dinheiro com borboletas, entenda-se actores falhados, recém-formados no Conservatório, alimentando milhentas ilusões, Cristo, Benigni, Buda, Fellini, Kafka, Saramago e Dario Fo. Ilusionista, minimalista, sensacionalista fez personagens comer montes de erva, sacando-as à insídia tabagista. Enfim reconhecido por Hollywood e Academia, que tais momos símios reabilitou. Outrora por foro médico declarado somente esquizofrénico-paranóide de discurso alucinatório ilógico, ao lhe perguntarem insistentemente se ouvia vozes respondia: Não, não, infelizmente não ouço! Montou, explicamos, super espectáculo exótico: Arranjou carrinha com articulações bizarras, foi conquistando mundo, Leste dentro, enquanto Sua Santidade peregrino conseguia avanços diplomáticos, que contribuíam para sucessivos degelos entre fundamentalistas ortodoxos para não mencionar dinossauros marxistas. Estrondoso êxito para barbárie, autêntica festa, sonho e loucuras delirantes: Estrelas decadentes luzeiros e fogo soprado, sobremaneira convincentes prò bom Deus pasmado. Achou um jeito seu, animista, de tratar luzinhas, odores, super atletas, marcações, actores desdobrando-se em contorcionismos, improvisos, arranques, imprevistos malabarismos. Não que fosse circo ou ópera bailada, mas inédito festival. Conseguiria obter universal aplauso, pois movia quanto mais primitivo há no fenómeno humano. Autêntico iluminista místico malabar, suposto autor realizador filósofo encenador, alongou devaneios após devaneios, decénios após decénios, num comummente designado intermédio pós modernidade. Acabou por colher louros possíveis, áureas estatuetas, Pulitzer, Nobel. Criança que mais não desejava senão ouvir pássaros na manhã a louvar sem fim.
ANÁFORA DA VIDA PROBLEMÁTICA: Se só uma vez estás vivo, se só uma vez dizes Amor, se só uma vez salvas Amigo, se só uma vez acenas Adeus, se só uma vez vês a Cor, se só uma vez vives a vida, se só uma vez morres da morte, se só uma vez o grão do trigo sepultas para dares lugar ao pão para a mesa… Porque disse então o Cristo Jesus dos paradoxos ser preciso nasceres de novo?
Anabela, hoje, mal saí à rua vi, na praça do Vitória Futebol Clube, com estes olhos que terra comerá, um mega cartaz de Os Verdes. E que mostrava (as palavras já quase as esqueço...) uma foto com uma linha reduzida da c.p.... Seria a Linha do Sabor? Seria a Linha do Tua? Seria a do Tâmega? Linhas desenhadas no nosso imaginário de infância, das aulas da 4ª classe. Sabíamos de cor linhas e ramais! Rios e afluentes...Pois essa linha, essa linha vinha ali fotografada, trazendo-me a Sul de Desterro meu Norte de Amores! E que se dizia lá? Mais ou menos isto : Acabem com o monstruoso plano nacional de barragens! Salvem património! Vamos dizer NÃO!!! E meu Domingo desanuviado se nublou da colossal mentira embuste desse TAL PLANO SOCRÁTICO! mATARAM-ME DESDE AÍ TODAS AS VIAGENS de infância PELAS VERTENTES DO SONHO ACORDADO! Repito, agora, o comment que deixei em teu post de ontem «TUA E TÂMEGA, A MESMA LUTA!»
«Amiga, porque será que só BE e Verdes pegam nestas causas? Reconhecidamente partidos minoritários, ecoam, é certo, o descontentamento e a revolta gerais dos sem voz. Olo, Sabor, Tua, Tâmega, Barragens, vómitos poluição, e o mais que por aí vai.
Por aqui Vale da Rosa e desbastes de sobreiros e arrasar de um Estádio, incineração, e a Secil cimenteira a avacalhar de desventrar maravilha Arrábida, Belmiro de Azevedo a tomar conta de Tróia, que, há pouco, era (era…) dos setubalenses. Confrange que todos mas todos se acovardem e digam améns a inclassificáveis atrocidades. Não era de fazerem algo pelas linhas do Tua, Tâmega, e Sabor? Não têm (os que nos desgovernam) olhos para o belo, só barriga para o cifrão com o aplauso dos «capachos» que os aclamam.»
Disseste então tu em jeito de amarga ironia que estão a fazer-nos num 8! IN http://anabelapmatias.blogspot.com/2010/01/accao-salvem-o-tamega.html
Mesmo sendo uma fotografia a preto e branco vê-se claramente a luz típica da Lisboa ribeirinha. Aqui no interior do Alentejo é uma das coisas de que tenho saudades.
7 comentários:
PRIMEIRO ÚNICO SONETO DO JARDIM DO LUXEMBURGO:
Pombos e pombas, que, por todo o mundo,
ronronais, ante meus pés quase descalços,
a quietude, a mansidão, por tudo haverdes por nada.
Vós, sem voz, eloquentemente dizeis
que não oscile milímetros ao íntimo ânimo,
ante a completude haurida, plena graça.
Que não vagueie vãos afãs, antes sossegue
num pulsar divino, sintonia com o coração do mundo.
E viagem termine antes da inicial partida,
viagem quieta, voo estancado pela melhor altura,
qual, desde cá em baixo, absoluta reside.
Poeta, deixeis os comuns mortais erguerem-se, abalarem.
Não os tereis mais, como outrora, suspensos do olhar,
esses que amaríeis rever, convosco, no coração da cor.
-
‘Projecto de sucessão…’
Continuar de pé até que pombas de meus olhos voem.
Continuar dormindo até se regelarem dedos.
Continuar rezando até que tempo finde.
Continuar esperando que café feche.
Continuar despido até que colchão navegue.
Continuar escrevendo até que papel acabe.
Continuar apaixonado até que mundo acorde.
Continuar sonhando até que morto durma.
Continuar delirando até se incendiarem órbitas.
Continuar ladainhas até que cérebro estale.
Continuar a acompanhar o derrube dos tiranos.
Continuar iluminado até que a maluqueira passe.
Continuar chorando por miosótis encarnado.
Continuar a teimar no trevo das quatro folhas.
Continuar a seguir rota de estrela cadente.
Continuar a guardar no coração cintilações natalícias.
Continuar a procurar piolho estrelinha
na cabeça rachada do Menino Jesus.
Continuar a arriscar vermelho branco.
Continuar sangrando até se esgotar água.
Continuar boiando até que sangue estanque.
Continuar a coçar jubilosa ferida.
Continuar a prolongar gélido chuveiro.
Continuar a adorar mulher artimanha.
Continuar a andar sobre escombros lua.
Continuar sentado até os pés da cadeira enraizarem.
Continuar a dar corda a relógios que ninguém olha.
Continuar escutando especial música.
Continuar a elucubrar variáveis linguagens.
Continuar a cantarolar milagre da vida.
Isto e muito mais até que paizinho evapore.
Isto e muito mais até que paz floresça.
O super-criativo dramaturgo dos entremezes
misturou dinheiro com borboletas, entenda-se
actores falhados, recém-formados no Conservatório,
alimentando milhentas ilusões,
Cristo, Benigni, Buda, Fellini, Kafka, Saramago e Dario Fo.
Ilusionista, minimalista, sensacionalista
fez personagens comer montes de erva,
sacando-as à insídia tabagista.
Enfim reconhecido por Hollywood e Academia,
que tais momos símios reabilitou.
Outrora por foro médico declarado somente
esquizofrénico-paranóide de discurso alucinatório ilógico,
ao lhe perguntarem insistentemente se ouvia vozes
respondia: Não, não, infelizmente não ouço!
Montou, explicamos, super espectáculo exótico:
Arranjou carrinha com articulações bizarras,
foi conquistando mundo, Leste dentro,
enquanto Sua Santidade peregrino
conseguia avanços diplomáticos,
que contribuíam para sucessivos degelos
entre fundamentalistas ortodoxos
para não mencionar dinossauros marxistas.
Estrondoso êxito para barbárie,
autêntica festa, sonho e loucuras delirantes:
Estrelas decadentes luzeiros e fogo soprado,
sobremaneira convincentes prò bom Deus pasmado.
Achou um jeito seu, animista, de tratar luzinhas,
odores, super atletas, marcações, actores
desdobrando-se em contorcionismos,
improvisos, arranques, imprevistos malabarismos.
Não que fosse circo ou ópera bailada,
mas inédito festival.
Conseguiria obter universal aplauso,
pois movia quanto mais primitivo há no fenómeno humano.
Autêntico iluminista místico malabar, suposto autor realizador filósofo
encenador, alongou devaneios após devaneios, decénios após decénios,
num comummente designado intermédio pós modernidade.
Acabou por colher louros possíveis,
áureas estatuetas, Pulitzer, Nobel.
Criança que mais não desejava senão ouvir pássaros
na manhã a louvar sem fim.
ANÁFORA DA VIDA PROBLEMÁTICA:
Se só uma vez estás vivo,
se só uma vez dizes Amor,
se só uma vez salvas Amigo,
se só uma vez acenas Adeus,
se só uma vez vês a Cor,
se só uma vez vives a vida,
se só uma vez morres da morte,
se só uma vez o grão do trigo sepultas
para dares lugar ao pão para a mesa…
Porque disse então
o Cristo Jesus dos paradoxos
ser preciso nasceres de novo?
Anabela, hoje, mal saí à rua vi, na praça do Vitória Futebol Clube, com estes olhos que terra comerá, um mega cartaz de Os Verdes.
E que mostrava (as palavras já quase as esqueço...) uma foto com uma linha reduzida da c.p.... Seria a Linha do Sabor? Seria a Linha do Tua? Seria a do Tâmega? Linhas desenhadas no nosso imaginário de infância, das aulas da 4ª classe. Sabíamos de cor linhas e ramais! Rios e afluentes...Pois essa linha, essa linha vinha ali fotografada, trazendo-me a Sul de Desterro meu Norte de Amores! E que se dizia lá? Mais ou menos isto : Acabem com o monstruoso plano nacional de barragens! Salvem património! Vamos dizer NÃO!!!
E meu Domingo desanuviado se nublou da colossal mentira embuste desse TAL PLANO SOCRÁTICO!
mATARAM-ME DESDE AÍ TODAS AS VIAGENS de infância PELAS VERTENTES DO SONHO ACORDADO!
Repito, agora, o comment que deixei em teu post de ontem «TUA E TÂMEGA, A MESMA LUTA!»
«Amiga, porque será que só BE e Verdes pegam nestas causas? Reconhecidamente partidos minoritários, ecoam, é certo, o descontentamento e a revolta gerais dos sem voz. Olo, Sabor, Tua, Tâmega, Barragens, vómitos poluição, e o mais que por aí vai.
Por aqui Vale da Rosa e desbastes de sobreiros e arrasar de um Estádio, incineração, e a Secil cimenteira a avacalhar de desventrar maravilha Arrábida, Belmiro de Azevedo a tomar conta de Tróia, que, há pouco, era (era…) dos setubalenses. Confrange que todos mas todos se acovardem e digam améns a inclassificáveis atrocidades. Não era de fazerem algo pelas linhas do Tua, Tâmega, e Sabor? Não têm (os que nos desgovernam) olhos para o belo, só barriga para o cifrão com o aplauso dos «capachos» que os aclamam.»
Disseste então tu em jeito de amarga ironia que estão a fazer-nos num 8!
IN
http://anabelapmatias.blogspot.com/2010/01/accao-salvem-o-tamega.html
Mesmo sendo uma fotografia a preto e branco vê-se claramente a luz típica da Lisboa ribeirinha. Aqui no interior do Alentejo é uma das coisas de que tenho saudades.
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