quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Luz - Ainda Alcobaça

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No seguimento à minha fotografia de Alcobaça e ao comentário que acrescentei, relativo a uma maravilhosa estátua de Nossa Senhora, um correspondente, Jorge Pereira Sampaio, dispôs-se amavelmente a dar alguns esclarecimentos. São estes que seguem. De notar a decoração dos anos 1930, com excesso de elementos barrocos, que foi depois, e muito bem, creio eu, retirada! A fotografia de Domingos Alvão foi cedida também por J. P. Sampaio.

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Fui ver o que tinha à mão da minha casa de Lisboa onde estou, neste momento e encontrei n´«A escultura de Alcobaça» de Barata Feyo (Ed. Ática, 1945):

«Por volta de 1696, o inglês Guilherme Elsdon foi encarregado de fazer uma das várias enxertias que sofreu a capela-mor. E, então, aparece um retábulo desta capela, que documentou a fase mais opulenta do barroco em Portugal, um globo monumental, cingido de raios brilhantes, coroado por uma Virgem com o Menino, que as obras de restauro do templo fizeram apear» (p. 23).

Isto é apenas o que Barata Feyo refere acerca desta escultura. Envio-lhe uma fotografia anterior às obras de reintegração que tiveram lugar na década de 1930, levadas a cabo pela Direcção dos Edifícios e Monumentos Nacionais que pretenderam trazer o Mosteiro à traça medieval e, nesse sentido, foi retirada a presença barroca de boa parte da área nobre do edifício. Na fotografia, se ampliar, irá ver a mesma imagem em cima do referido globo, no alto da capela-mor.
Tudo indica que esta estátua seja obra dos monges barristas de Alcobaça e, a sse respeito, Paulo Pereira diz, na «História de Arte Portuguesa» (Círculo de Leitores, 1995, Vol. 3, pp. 28-29):

«Os escultores alcobacenses, cujos nomes desconhecemos, são os monges do convento, continuando deste modo uma vivência que tinha as suas raízes profundas na vida monástica medieval. (...) No triénio 1675-1678 decorre a transformação da capela-mor da igreja, sob os auspícios de frei Sebastião de Sottomayor. É neste contexto que surge um outro programa de escultura, entretanto desmantelada e que pode ser vista agora junto ao claustro. Através de fotografias podemos perceber que a composição grandiosa era dominada pelas figuras da Virgem (com cerca de 2m de altura) e anjo Gabriel, acompanhadas pelo papa Eugénio III e por santos da Ordem: S. Bento, S. Bernardo, S. Gregório Magno, S. Tomás de Cantuária, S. Malaquias, S. Roberto e Santo Estêvão. (...)».


Desde há uns anos, tornou-se hábito designar esta imagem como Sta. Maria de Alcobaça mas não creio que haja nenhum fundamento a não ser o facto de ela ter estado a dominar a igreja do Mosteiro.

Jorge Pereira Sampaio

2 comentários:

Maria Josefa Paias disse...

Dr. António Barreto,
Como aprecio tanto o seu blogue, e é um dos poucos de que tenho feeds por causa dos textos mais longos, e regularmente faço referência aos seus textos para onde remeto os meus leitores, atribuí-lhe ontem o prémio-selo "Vale a pena ficar de olho nesse blog!" através do meu blogue Restolhando, como forma de mostrar esse apreço e a atenção para o mesmo.
Cumprimentos.

António Barreto disse...

Prezada Maria Josefa,
Grato pela sua mensagem e pela referência. Como não conhecia antes, vou ver o seu Blogue.
AB