Senhora algarvia
sentada no passeio, Loulé – Era em 1975. Impressionava a maneira como
muitas portuguesas ainda se vestiam e se apresentavam na rua. Vestida de preto,
de cabeça tapada e sentada no chão, encostada à parede: nada ficava a dever às
iranianas, romenas e árabes que vemos todos os dias na televisão. Não sabemos
se esta senhora portuguesa era uma “lusitana” de gema ou uma “cigana”, mas
podia perfeitamente ser uma ou outra. Assim arranjadas, ainda há pouco se viam
muitas na Nazaré, em Trás-os-Montes, no Alto Minho e em aldeias alentejanas ou
beirãs. Na parede, estão restos de um cartaz anunciando um comício com a
presença de António Dias Lourenço, um dos mais destacados dirigentes comunistas,
que morreu em 2010, com mais de 90 anos, depois de ter tido importantes funções
naquele partido, incluindo a de director do jornal oficial Avante. Passou longos anos nas cadeias. Fugiu das prisões por duas
vezes. Mesmo fora da prisão, foi ele o principal organizador da famosa “fuga de
Peniche”, em 1960.
DN, 14 de Agosto de 2016
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