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Retornados e seus
caixotes à chegada a Lisboa – Durante uns meses de 1974, chegavam os
últimos vapores das colónias. Uns traziam soldados, outros repatriados,
refugiados ou retornados que abandonavam definitivamente África. Com eles, ou
em cargueiros, vinham caixotes e contentores. Muitos dos que regressavam não
eram retornados, isto é, não tinham nascido em Portugal. Eram Angolanos e
Moçambicanos. Não foi assim que os quiseram cá, queriam-nos retornados. Não era
assim que os queriam lá, eram colonos. Parecia que ninguém os queria. Mas foi
um dos acontecimentos mais importantes dos últimos séculos: num só ano,
chegaram perto de 700.000 pessoas, naquela que foi uma das maiores deslocações humanas
da história da Europa em condições de paz. Mal ou bem, integraram-se e
recomeçaram tudo. E muito fizeram pela recuperação económica dos anos oitenta. Sem
nada ou com pouco, traziam uma energia infinita, não perderam tempo com
lamúrias nem acreditaram em revoluções idiotas: fizeram-se à vida!
DN, 22 de Maio de
2016
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