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O rio corre da esquerda para a direita da fotografia. Ao fundo, aquele monte, na minha juventude, estava quase desabitado. Em baixo, ficavam Godim, os Quatro Caminhos e o Salgueiral. A estrada continuava para a Rede, Mesão Frio, Amarante e o Porto. Lá em cima, ficavam Fontelas, Loureiro e uma mão cheia de lugares. Hoje, já se pode ver a urbanização a subir pela montanha fora. A beleza da paisagem não é a primeira realidade a ser preservada! Na imagem, percebe-se como o rio dá uma curva enorme para a esquerda, em direcção a Resende, Caldas de Aregos, Entre-os-Rios, Castelo de Paiva e até ao Porto. Esta curva e esta paisagem foram festejadas por Ramalho Ortigão, num seu escrito incluído nas “Farpas”. Dormiu lá em cima, numa quinta de gente amiga. De manhã, ao acordar, deparou-se com esta mesma paisagem (vista ao contrário) e ficou extasiado! Talvez hoje, com as construções, o casario, as torres e os prédios, não tivesse o mesmo espanto. Mas o vale do Douro e a curva do rio ainda lá estão para nos fazer reter a respiração! (2014)
4 comentários:
E os lugares de que fala no texto? Emigraram? Ou ainda estão...O rio, está. E eu, que o não conheci quando Ramalho Ortigão, encontro-o bem bonito. Mas não é o mar. Nada é o mar senão ele mesmo.
Os lugares ainda lá estão. Os sítios é que já não são os mesmos, número de casas, ruas, carros e comércios, tudo mudou. Para melhor e pior. A fealdade dos subúrbios é de pasmar. Há pelo menos 50 anos (ou talvez cem ou duzentos...) que nenhuma autoridade esclarecida soube ordenar um pouco o crescimento urbano. Onde quer que seja, Régua ou alhures.
O lugar, mesmo depois de tão mudado desde Ramalho, continua bonito, visto com uma certa distância, com meias luzes, cedo de manhã, ao fim da tarde... O pior é o pormenor... É aí que vive o Diabo, como se sabe.
A vista parece ser fantástica.
Numa Campanha Alegre, o pior são os presidentes das juntas!
Tem razão. Tudo é mais bonito visto à noite ou de longe. Não se nota a desarmonia:) Mas também não se enxergam pormenores quase ternos, a penugem de alguns caules, a estreita beleza de certas plantas, o pontiagudo das ervas que despontam, a linha de cálice de algumas flores, etc. E creio que isto, sem suplantar, compensa o mau gosto e o impensado do que o homem constrói.
É uma falta de senso não sabermos rimar com o mundo natural a que pertencemos e de que necessitamos.
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