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Por aqui passei, há vinte ou trinta anos! A estes
maravilhosos carros, não sei o que lhes aconteceu. Recordo-me de ter pensado,
na altura, que cada carro destes, à espera de destruição e vandalismo, poderia
ser recuperado e vendido a cidades e museus que não desprezam os seus carros
eléctricos. Naqueles tempos, Lisboa parecia apostada em destruir os carris e as
viaturas o mais depressa possível. Era a modernização! Nesses mesmos anos, pela
Europa fora, faziam-se esforços loucos para recuperar as linhas similares, em
França, na Alemanha, na Suíça… Depois disso, alguma sensatez se desenvolveu nas
cabeças dos nossos vereadores, secretários de Estado e Ministros: nem todas as
linhas foram destruídas! E já se fala mesmo, hoje, em relançar alguns
percursos. Ainda recentemente fiz várias vezes as linhas do 28 e do 25, do
princípio ao fim, de ida e volta… Experiência a não perder. Nos percursos onde
existem, são estes carros que vou utilizando.
6 comentários:
Que pena! Que pena não haver essa memória de amar o que já foi e fez parte da nossa vida. Que pena a vontade de deitar fora o que existe e nos moldou. E assim nos atiramos junto com as coisas que nos fizeram a alma. A bem da modernidade.
Talvez a sensatez retorne.
Neste nosso país, este nosso povo parece ter vergonha do antigo. Aos que defendem a sua recuperação e preservação, apressam-se a cataloga-los saudosistas, aparentados com o antigo regime político. Somos um povo apostado em apagar a memória das coisas e dos tempos. Deve ter sido essa ânsia de alcançar o que se desconhece que terá impulsionado os primeiros navegantes à descoberta de "um mundo novo".
Em Outubro de 1991, Agostinho da Silva, escreveu o seguinte:« Portugal, vindo de além do mundo, revela-se ao mundo até ao século XIV, formulando a sua cultura própria, a do Espírito Santo, e na plenitude de suas caracterísiticas fundamentais, no que incluo o que se chame de qualidades e defeitos, de seu inteiro povo, ou do conjunto de seus povos regionais, dos grupos vários que se formem e de colaborantes classes.
Do século XV ao século XX revela Portugal o mundo ao mundo, na força máxima da sua variedade, e com bastante compreensão da sua unidade humana e de sua aspiração ao maiselevado e mais íntimo. Do século XXI por diante revelará Portugal ao mundo, sobretudo pelo ser de cada um, o que se vai atingir para além do mundo, com toda a física uma metafísica; todas as coisas várias e a mesma; todos os povos um só e diferentes; todas as características uma e diferentes; todos os ideais diferentes, e um só.
Considerando que o professor faleceu ainda no século XX (viragem para o séc. XXXI) Torna-se o último parágrafo numa profecia. Uma profecia que aponta para uma dimensão humana, diferente da actual; digamos que, uma quarta dimensão. Será que, quando Agostinho da Silva termina o último paragrafo dizendo:«... todos os ideais diferentes, e um só.» profetiazava também uma quarta República? Uma República integrante e igualitária? Uma República em que todos os valores caibam no mesmo espaço e tempo... até os carros eléctricos?! A ver vamos...
António Barreto porque não sugerir junto das Câmaras Municipais, a utilização destes elétricos para ajudar os sem abrigo espalhados pelo país. Reciclam-se tantas coisas, porque não reciclar estes elétricos, criando as mínimas condições básicas e humanas, para abrigar os mesmos, limpando as ruas de tanta tristeza e miséria. Seria uma atitude de louvar dar um teto a cada sem abrigo e vez de formarem um amontoado de lixo.
Será que ainda ninguém pensou em dar utilidade ao que querem chamar de lixo? Vivemos num país rico para nos darmos ao luxo de deitar elétricos fora porque entraram em desuso? Acho que os mesmos podem ser transformados em caravanas e não se gastaria muito, dando inclusive uma boa imagem deste país. Acho que não é pedir muito, só um pouco de humanidade.
Será possível divulgar a localização deste depósito de eléctricos?!
a foto parece recente... gostaria de ver o local pessoalmente.
Muito obrigado!
A idade e a memória podem pregar-nos partidas... O que recordo, sem receio de errar, é que esta fotografia foi feita nos final dos anos 1970, talvez princípio dos anos 1980. Com mais precisão, entre 1979 e 1982. É na margem esquerda, depois da ponte sobre o Tejo, a caminho de Almada e Barreiro. Tanto quanto sei, já nada disto existe. A melhor maneira de verificar os factos, se lhe interessa, será mesmo recorrer à Carris, a empresa tem de ter registos dos seus depósitos ou cemitérios de carros...
AB
Agora que, ao que parece, a Carris diz preparar para adquirir, por concurso, dez eléctricos "históricos" para reforçar a frota e garantir a reactivação do 24E, que tal uma visita ao "ferro-velho" e, se ainda lá houver algo, recuperar e restaurar o que for possível? Se houvesse vontade, claro...
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