Sanguíneo fio riscando carne polpa de pêra. Ígneas tumbas por infames catacumbas. Clamei não abraçarmos a terra da paz; não entregarmos a inteira vida; não matar-nos fome e sede de justiça. Estrelinha num longe céu, frágil barquinha no forte mar, fruste borboleta p’la vastidão adejando, assim eras tu, por esse nosso mundo, meu amor. ‘Disse-to pelas nuvens, pelas árvores do mar, pela noite bebida, pela janela aberta, toda a carícia, toda a confiança sobrevivem.’ Dar-me para trautear, pétala a pétala, sonetos que decorei. Porque desde há milénios Natal: Cultive-se, cante-se, ressoe, com o coro dos levíssimos alados entes, da felicíssima meia-noite de Bethlehem a imorredoura alegria. Tabor: Sonambulissimamente divagávamos, absortos discorríamos deslumbrando-nos o repleto da Luz um dia aclarada sobre a Terra, mal acomodadas as próprias tendas. Até tangermos O Inominável. Tarde sentada, folheiam-se lentos in-fólios amarelentos. Lembrar-te a rua, percorridas pedras, borboletas ziguezagueantes. A pastorinha veio às flores, e encontrou elefantes, malmequeres, papoilas, borboletas, a pastorinha da cara preta. A casa vazia, o quarto nu, o tijolo argamassado, a janela afundando-se num céu desconhecido, que desde um claro vão se divisava. Variegadas palavras por estantes debatendo-se, medicamentos certos da forçada sonolência. Frescas, simples, tais quais coisas, aí mesmo à mente, a estudar sempre, a desvelar de outras inesperadas palavras. De cerdeiros a rama a baloiçar. ‘Aujourd’hui je suis loin, mais je reviendrai un jour.’ Raparigas dançando num terreiro, noivos a um comboio programado. À sombra de árvore alguém descansa, bambinos sumindo-se por dentro da folhagem. Alegria profunda, eis a verdade, um menino inclinado contra a parede. Por abraçar-te última em meus braços: Estavas desde início comigo, não te esqueci, enviada, força estabelecida sob ângulo da nossa casa com uvas. Assim fomos nascendo do grande nada, lágrimas, sorrisos, perdas redimidas, na alegria feroz das horas, companheira. Páscoa a morrer flores, ecoando vãos por grandes casas. Acontece-me ficar sentado a tarde toda, a refazer os gestos gastos. Ah, teu devastado olhar fixa o demorado mar, revolto um vento. Estremecimentos, meiguice, o todo morre-se-nos. Só somos divinos quando admiramos O Corpo Total dO Cristo, afiadíssima adaga até alma. Abelha por flores sardinheiras, pródiga manutenção. O espeleólogo afunda-se a si. Henrique: A cruz templária, no pano-cru das velas, às barcaças soltas mãos esboçam. Terras, céus, sopros, marés com rigor se analisam, especulam, estudam. A ousada variação, rumos definindo, vãs conjecturas vai desvanecendo. Do Infante obrigados, uns lusos nautas, com areais atinando, inauguram padrão. Seixo rolado, vezes sem conta batido das vagas, isto. Os versos leve insuspeita água até onde lhes respondam; colham a peixes mínimas mexidas; regressem com o escriba à mesa do tempo. Contigo, pombinha bailarina, os melhores arrebatamentos. Mistério de Luz: Sobre jumenta paz sobes a celeste Jerusalém e ouves A Aclamação: ‘Hossana ao Rei.’ O escriba do olhar abrangente resolvera acabar letrinhas e abismar-se. Queridas graças, tudo de bom pra vocês, que quero dum amor tamanho quanto o ar. Após imprevista chuva, gorjeios, luz nua, cheiro a algas, maresia. ‘Vêm da dor directamente.’ Trazem no olhar a mais firme certeza. Sagrados da verdade, feridos do ver, magoados heróis. Seu fito é o vago além: Desde a mais tenra madrugada se arrebatam. Madalena, Maria. P’lo sussurro da voz O conheceste: Não era o hortelão. Rabboni, ’xclamaste. Ele pediu-te que não O detivesses. Domingo único, açucenas, calmas. Missão cada hora. Régua, vinhedos coloram maravilha única. Relógio fixo a pulso e desalento, pronto esqueça teu mostrador de inexoráveis traços, cale teu ponteado cromático, mas levante mãos.
Não se trata de um comentário, mas da única oportunidade que vislumbrei para solicitar uma breve opinião a propósito do livro que enviei no passado recente, se é que alguém anónimo (porque não tem importância), merece alguma palavra. Obrigada. Cecília Campos
776º ou 778º vídeo 17iii2011 praceta minha em setúbal título surpreendemos cabriolando. angeloochoa poema Surpreendemos cabriolando a cambalhotas a esperança. Por corridos versos, encetas sussurrar fantasmagorias da manhã, num registo retinido. informe in pdf um ultimo doc in http://angeloochoa.net/ochoa/ pg. 111 tags Ângelo ochoa sonhadas palavras lidos clássicos canção nova virtude teologal da esperança segundo Camões e peguy registo retinido quase fim praceta plat link in blog http://angelo-ochoa.blogspot.com/2011/03/surpreendemos-cabriolando.html vídeo conta 25xiinatal youtube .) http://www.youtube.com/user/25xiinatal http://www.youtube.com/watch?v=3t4sRyUgp6A
8 comentários:
ÂNGELO OCHÔA DIZ 37 POEMAS SEUS
Sanguíneo fio
riscando carne polpa de pêra.
Ígneas tumbas por infames catacumbas.
Clamei não abraçarmos a terra da paz;
não entregarmos a inteira vida;
não matar-nos
fome e sede de justiça.
Estrelinha num longe céu,
frágil barquinha no forte mar,
fruste borboleta p’la vastidão adejando,
assim eras tu,
por esse nosso mundo, meu amor.
‘Disse-to pelas nuvens,
pelas árvores do mar,
pela noite bebida,
pela janela aberta,
toda a carícia,
toda a confiança sobrevivem.’
Dar-me para trautear,
pétala a pétala,
sonetos que decorei.
Porque desde há milénios Natal:
Cultive-se, cante-se, ressoe,
com o coro dos levíssimos alados entes,
da felicíssima meia-noite de Bethlehem
a imorredoura alegria.
Tabor: Sonambulissimamente divagávamos,
absortos discorríamos deslumbrando-nos
o repleto da Luz um dia aclarada sobre a Terra,
mal acomodadas as próprias tendas.
Até tangermos O Inominável.
Tarde sentada,
folheiam-se lentos
in-fólios amarelentos.
Lembrar-te a rua,
percorridas pedras,
borboletas ziguezagueantes.
A pastorinha veio às flores,
e encontrou elefantes, malmequeres,
papoilas, borboletas,
a pastorinha da cara preta.
A casa vazia, o quarto nu, o tijolo argamassado,
a janela afundando-se num céu desconhecido,
que desde um claro vão se divisava.
Variegadas palavras
por estantes debatendo-se,
medicamentos certos
da forçada sonolência.
Frescas, simples,
tais quais coisas,
aí mesmo à mente,
a estudar sempre,
a desvelar de outras
inesperadas palavras.
De cerdeiros
a rama
a baloiçar.
‘Aujourd’hui je suis loin, mais je reviendrai un jour.’
Raparigas dançando num terreiro, noivos a um comboio
programado.
À sombra de árvore
alguém descansa,
bambinos sumindo-se
por dentro da folhagem.
Alegria profunda,
eis a verdade,
um menino inclinado
contra a parede.
Por abraçar-te última em meus braços:
Estavas desde início comigo, não te esqueci, enviada,
força estabelecida sob ângulo da nossa casa com uvas.
Assim fomos nascendo do grande nada,
lágrimas, sorrisos, perdas redimidas,
na alegria feroz das horas, companheira.
Páscoa
a morrer flores,
ecoando vãos por grandes casas.
Acontece-me ficar sentado a tarde toda,
a refazer os gestos gastos.
Ah,
teu devastado olhar
fixa o demorado mar,
revolto um vento.
Estremecimentos,
meiguice,
o todo morre-se-nos.
Só somos divinos
quando admiramos
O Corpo Total
dO Cristo,
afiadíssima adaga
até alma.
Abelha
por flores sardinheiras,
pródiga manutenção.
O espeleólogo
afunda-se
a si.
Henrique:
A cruz templária, no pano-cru das velas,
às barcaças soltas mãos esboçam.
Terras, céus, sopros, marés com rigor
se analisam, especulam, estudam.
A ousada variação, rumos definindo,
vãs conjecturas vai desvanecendo.
Do Infante obrigados, uns lusos nautas,
com areais atinando, inauguram padrão.
Seixo rolado,
vezes sem conta batido das vagas,
isto.
Os versos leve insuspeita água
até onde lhes respondam;
colham a peixes mínimas mexidas;
regressem com o escriba à mesa do tempo.
Contigo,
pombinha bailarina,
os melhores arrebatamentos.
Mistério de Luz:
Sobre jumenta paz
sobes a celeste Jerusalém
e ouves A Aclamação:
‘Hossana ao Rei.’
O escriba do olhar abrangente
resolvera acabar letrinhas
e abismar-se.
Queridas graças,
tudo de bom pra vocês,
que quero dum amor
tamanho quanto o ar.
Após imprevista chuva,
gorjeios, luz nua, cheiro a algas, maresia.
‘Vêm da dor directamente.’
Trazem no olhar a mais firme certeza.
Sagrados da verdade, feridos do ver,
magoados heróis.
Seu fito é o vago além:
Desde a mais tenra madrugada
se arrebatam.
Madalena, Maria.
P’lo sussurro da voz O conheceste:
Não era o hortelão.
Rabboni, ’xclamaste.
Ele pediu-te que não O detivesses.
Domingo único,
açucenas, calmas.
Missão
cada hora.
Régua,
vinhedos coloram maravilha única.
Relógio fixo a pulso e desalento,
pronto esqueça teu mostrador
de inexoráveis traços,
cale teu ponteado cromático,
mas levante mãos.
Não se trata de um comentário, mas da única oportunidade que vislumbrei para solicitar uma breve opinião a propósito do livro que enviei no passado recente, se é que alguém anónimo (porque não tem importância), merece alguma palavra.
Obrigada.
Cecília Campos
776º ou 778º vídeo 17iii2011
praceta minha em setúbal
título
surpreendemos cabriolando. angeloochoa
poema
Surpreendemos cabriolando
a cambalhotas a esperança.
Por corridos versos,
encetas sussurrar fantasmagorias
da manhã, num registo retinido.
informe
in pdf um ultimo doc in http://angeloochoa.net/ochoa/ pg. 111
tags
Ângelo ochoa sonhadas palavras lidos clássicos canção nova virtude teologal da esperança segundo Camões e peguy registo retinido quase fim praceta plat
link in blog
http://angelo-ochoa.blogspot.com/2011/03/surpreendemos-cabriolando.html
vídeo conta 25xiinatal youtube
.)
http://www.youtube.com/user/25xiinatal
http://www.youtube.com/watch?v=3t4sRyUgp6A
gracias!
De acordo.
A data está seguramente errada... não será 1971?
Com certeza que é 1971!
Obrigado.
AB
OK, corrigido.
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