domingo, 22 de fevereiro de 2015

Luz - Azenhas do Mar

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Era o fim de Janeiro de 2014. Foram uns dias de mau tempo como raramente se tinha visto em Lisboa e em Portugal. Chuva interminável. O mar com uma raiva pouco frequente. Praias que se perderam para sempre, ou quase. Cafés e casas à beira mar que desapareceram. Fui um dia almoçar às Azenhas, a um restaurante em cima do mar. Era um dia de sol de inverno. Mas o mar não acalmava. No fim do almoço, as ondas batiam nas vidraças das janelas. Tentei registar o melhor possível a espuma, as ondas e as gotas… (2014)

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Luz - Porto e aldeia da Carrasqueira, Comporta, Portugal

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Eis um muito interessante local perto da tão conhecida e famosa (pelas boas e más razões) Quinta da Comporta, entre o Sado e o Atlântico. Trata-se de um “porto palafítico”, solução adequada à construção de instalações de apoio à pesca. Nas marés baixas, seria quase impossível aceder aos barcos, por entre terras lamacentas e pantanosas. Estas construções feitas sobre estacas de madeira desenvolvem-se ao longo de corredores com centenas de metros, incluindo também pequenas “casotas” destinadas a guardar equipamentos, artes e apetrechos de pesca. Ao que parece, este é o maior porto palafítico da Europa. Há muitas décadas, quando estas estacas foram colocadas e as construções instaladas, tratava-se também de encontrar uma solução para outro problema, que não era apenas o das marés baixas e dos terrenos lamacentos. Com efeito, os proprietários dos terrenos não autorizavam nenhuma construção com carácter definitivo, o que era impeditivo do desenvolvimento de uma actividade piscatória permanente. Esta mesma proibição de construir com carácter permanente está também na origem, na região e na aldeia, das casas típicas de madeira, terra batida e colmo. (2014)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Morreu um homem livre: Manuel de Lucena



Manuel Lucena, por volta do ano 2000, à janela do seu escritório no Instituto de Ciências Sociais, na Rua Miguel Lúpi
fotografado por António Barreto”
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VI-O EM 1962, em Lisboa e em Coimbra, na agitação do movimento estudantil. Conheci-o em 1968, no exílio. Encontrámo-nos depois em Paris, Genebra, Roma, Argel e Lisboa. Fundámos a “Polémica” com o Medeiros Ferreira, o Carlos Almeida e o Eurico Figueiredo. Trabalhámos no mesmo Instituto durante mais de trinta anos. Colaborámos intimamente em diversos projectos. Afastámo-nos e aproximámo-nos várias vezes. Sempre com a certeza da amizade.
A sua monumental obra sobre a evolução do sistema corporativo português (“O Salazarismo” e “O Marcelismo”) é um dos expoentes maiores das ciências sociais portuguesas. O mesmo se pode dizer das suas reflexões sobre o sistema político do Estado Novo, que, singularmente, classificava de “fascismo sem movimento”.
Mais do que a inteligência, luminosa e meticulosa, mais do que a cultura, fenomenal e sem fronteiras, tanto quanto o carácter, íntegro e inconformista, o que mais apreciei nele foi a sua liberdade. Foi o homem mais livre que conheci. Porque começava por ser livre no pensamento. Nunca recusou, por preconceito ou fé, olhar para um facto ou analisar uma ideia. Nunca classificou antes de compreender.
Era conservador e revolucionário. Tinha, da família, da religião, dos costumes e da moral crenças e convicções muito próprias que as tribos habituais tinham dificuldade em reconhecer como suas. Gostava de Portugal e de Angola, custava-lhe ver um sem outra, mas desertou do exército colonial e recusou fazer a guerra, porque nenhum, Portugal e Angola, merecia tal.
Era o terror dos editores, dos directores de jornais e dos chefes de redacção: nunca respeitou prazos nem dimensões. Mas o que escrevia acabava sempre por o reabilitar e fazer esquecer a indisciplina.
Foi um verdadeiro marginal. Podia ter ganhado dinheiro, nunca o fez. Podia ter exercido cargos políticos, nunca aceitou. Podia ter acedido a posições importantes, nunca o quis.
Conseguia fazer o mais difícil: poder e saber dizer não e sim.
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Texto também publicado no Observador.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Luz - Palácio de Carlos V, Alhambra, Andaluzia, Espanha

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Pátio interior do palácio. Carlos V (que também é conhecido pelo nome de Carlos I) queria estar perto ou na colina do Alhambra e mandou construir este palácio. Antes dele, já os Reis católicos tinham mandado arranjar alguns aposentos reais a seu gosto no Alhambra. Mas a ideia ou a solução não agradaram a Carlos V, que não se contentou com nada menos do que um palácio novo. Aqui viveu um tempo, logo depois de seu casamento com Isabel de Portugal, no século XVI. Desde os anos 1950, é a sede do Museu de Belas Artes de Granada. Este pátio interior, de forma circular, parece ser um raro exemplo da arquitectura renascentista. Diz quem sabe que esta forma anuncia mesmo o início da arquitectura maneirista. Nota: Há cerca de mês e meio, publiquei aqui uma imagem de uma fachada exterior de um palácio no Alhambra, sem no entanto o ter identificado. Sei agora, após breve investigação, que é a fachada lateral deste mesmo Palácio de carlos V. (2008)

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Luz - Terreiro do Paço, Lisboa

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Esta imagem foi feita a partir do alto do arco da Rua Augusta que agora está acessível e cuja visita recomendo. O Terreiro do Paço só era visível de uma certa altura (com alguma proximidade, sem o excesso do, por exemplo, do castelo de São Jorge) se fôssemos aos gabinetes do segundo andar dos ministérios, o que, naturalmente, não está ao alcance de toda a gente. Talvez dentro de algum tempo, com as novas utilizações de que se ouve falar (antiquários, galerias, alfarrabistas, etc.), seja possível ver esta bela praça de uma certa distância. Para já, fiquemo-nos, e muito bem, com o arco da Rua Augusta. O Terreiro do Paço (que também se chama Praça do Comércio e a que os ingleses chamaram, durante muito tempo a “Praça do Cavalo Preto”) é seguramente uma das mais belas praças do mundo. Desprezada e mal utilizada durante décadas, com carros e estacionamentos, está hoje arranjada. Em muitos aspectos, ficou melhor. As esplanadas tornam a coisa viva. A ausência de estacionamento e a proibição parcial de circulação foram melhoramentos indiscutíveis. Noutros, não. O solo não me parece ter sido o mais bem escolhido, dado que a clareza excessiva, em tempos de Verão e de Sol intenso, ferem a vista. Ainda sobra, num canto perto do torreão poente, uma dúzia de estacionamentos inadmissíveis para os senhores ministros e os senhores secretários de Estado. Faltam evidentemente árvores, o que o Terreiro já teve a toda a volta e de que há testemunhos fotográficos. E as arcadas foram poluídas com cartazes publicitários e logótipos de anúncios referentes aos restaurantes e comércios que ali se encontram agora. De qualquer modo, o balanço global é bom. Até a limpeza da estátua de D José foi bem, apesar dos que dizem que estas coisas com “patine” deveriam ficar sempre… com patine… (2014)